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sábado, 20 de dezembro de 2025
Mercosul

Acordo histórico com Mercosul–UE trava na hora decisiva

Negociado há mais de duas décadas, o tratado entre Mercosul e União Europeia foi retirado da agenda da cúpula em Foz do Iguaçu após pedido da Itália

Paula Costapor Paula Costa em 20 de dezembro de 2025
Mercosul
fotografia oficial dos Presidentes e Chefes de Delegação dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados. Crédito: Ricardo Stuckert.

Em meio a expectativas frustradas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conduz, neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), a 67ª Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O encontro reúne os presidentes Javier Milei (Argentina), Santiago Peña (Paraguai) e Yamandú Orsi (Uruguai), mas perdeu protagonismo político após o adiamento da assinatura do acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, prevista inicialmente para esta data. Lula diz ter recebido garantia de que o acordo será fechado na segunda quinzena de janeiro.

Negociado há 26 anos e dado como certo, o tratado foi postergado a pedido da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que enfrenta resistência do setor agropecuário em seu país. Com a Itália alinhada à oposição histórica da França, a UE ficou sem votos para avançar. O presidente Lula afirma que o compromisso foi mantido para janeiro, após conversa direta com Meloni. Sem o aval de Roma e diante da oposição histórica da França, a Comissão Europeia ficou impedida de avançar na assinatura do acordo, já que ambos os países exercem peso decisivo no Conselho Europeu.

Segundo Lula, a data de assinatura havia sido, inclusive, sugerida pela própria União Europeia, após meses de negociações finais que indicavam consenso iminente. O presidente relatou ainda que conversou por telefone com Meloni nesta semana, quando a premiê reafirmou o compromisso de estar pronta para assinar o tratado em janeiro, após dialogar com produtores rurais preocupados com a concorrência de produtos sul-americanos.

Nos últimos meses, diplomatas dos dois blocos trabalhavam com a expectativa de desfecho definitivo, o que motivou a montagem de uma cúpula focada no anúncio do pacto. A entrada da Itália no grupo de países reticentes, ao lado da França, alterou o equilíbrio político e inviabilizou a decisão neste momento.

Além dos chefes de Estado dos países fundadores do Mercosul, participam da reunião representantes da Bolívia, que se tornou Estado Parte em 2024, com a presença do chanceler Fernando Aramayo Carrasco e de cinco Estados Associados: Chile, Colômbia, Equador, Panamá e Peru. Guiana e Suriname não confirmaram participação.

Com o acordo novamente adiado, a cúpula expõe as limitações políticas externas que ainda cercam o maior tratado comercial já negociado pelo Mercosul e reforça o desafio diplomático do governo brasileiro para destravar o processo no início de 2026.

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