A divulgação mais recente do Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que Goiás continua a ampliar sua relevância na economia brasileira, impulsionada pelo desempenho de cidades estratégicas e pela força do agronegócio.  Com um PIB estimado em cerca de R$ 336,7 bilhões, o Estado figura entre as dez maiores economias do País e se consolida como a segunda maior do Centro-Oeste, mesmo diante de um cenário marcado por juros elevados, restrição de crédito, tensões comerciais e incertezas climáticas.

Em 2023,  Goiânia alcançou um PIB de R$ 75,8 bilhões, o que representa 22,5% de toda a economia goiana e 0,7% do PIB nacional. O resultado garantiu à capital goiana a 15ª posição entre os maiores PIBs municipais do Brasil, com avanço de três colocações em relação ao ano anterior. 

O desempenho reflete a concentração de serviços, comércio, administração pública e atividades de alto valor agregado, o que consolida Goiânia como o principal motor econômico do Estado.

Mas o crescimento do PIB de Goiás não se limita à Capital. O interior exerce papel decisivo na composição da riqueza estadual, especialmente municípios com forte base produtiva ligada ao agronegócio e à indústria. Rio Verde, no Sudoeste goiano, figura como o segundo maior PIB do Estado, com R$ 22,3 bilhões, ao se destacar como um dos principais polos agroindustriais do Centro-Oeste. A produção de grãos, a pecuária intensiva e a presença de agroindústrias colocam o município entre os maiores contribuintes do PIB goiano.

Na sequência aparecem Aparecida de Goiânia, com R$ 20,9 bilhões, e Anápolis, com R$ 20,4 bilhões, cidades que formam um eixo estratégico de desenvolvimento industrial, logístico e de serviços. A localização privilegiada, a infraestrutura de transporte e a diversificação econômica fazem desses municípios peças-chave na dinâmica produtiva de Goiás. Catalão, com forte presença da indústria e mineração, e Jataí, impulsionado pelo agronegócio, também figuram entre os maiores PIBs municipais do Estado.

Força do agro impulsiona o aumento do PIB goiano e brasileiro

O desempenho desses municípios está diretamente associado à força do setor agropecuário. Em 2025, Goiás registrou crescimento de 7,7% do PIB, acima da média nacional, com destaque para a agropecuária, que avançou 16,8%, segundo dados consolidados pelo setor. O Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu R$ 120,9 bilhões, o equivalente a 8,6% do VBP nacional, puxado principalmente por soja, bovinocultura, milho e cana-de-açúcar, culturas e cadeias produtivas fortemente concentradas no interior do Estado.

Municípios como Cristalina, referência nacional em agricultura irrigada e produção de grãos, também ganharam espaço no ranking estadual de PIB, o que reforça a interiorização do crescimento econômico. O avanço dessas cidades evidencia um modelo produtivo cada vez mais tecnificado, conectado ao mercado externo e dependente de infraestrutura logística e crédito rural.

O reflexo do crescimento econômico também aparece no mercado de trabalho. Entre janeiro e setembro de 2025, Goiás gerou cerca de 79,7 mil novos empregos formais, 10,7 mil apenas na agropecuária, o que demonstra a capacidade do setor de sustentar renda e ocupação mesmo em um ambiente econômico adverso.

Cenário de cautela

Apesar dos números positivos, o cenário é de cautela. O aumento expressivo do endividamento rural, a alta dos juros, a redução do acesso ao crédito e os impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que afetou exportações de carne bovina, açúcar e café, representam desafios relevantes para a economia goiana. Aliadas à incerteza climática prevista para 2026, que pode impactar diretamente a produção agrícola.

Ainda assim, os dados do IBGE mostram que o crescimento do PIB de Goiás está fortemente ancorado em municípios com base produtiva sólida, capazes de sustentar a economia estadual e ampliar sua participação no cenário nacional. 

O desafio agora é transformar esse crescimento em estabilidade de longo prazo, com políticas que garantam crédito, competitividade e segurança jurídica ao setor produtivo.

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