O ecossistema de inovação em Goiás vive um dos seus momentos mais consistentes da última década. Em 2025, o número de startups ativas no estado cresceu 29%, saltando de 212 para 273 empresas, segundo a segunda edição do Mapeamento do Ecossistema Goiano de Inovação, realizado pelo Hub Goiás, iniciativa do governo estadual. O avanço consolida Goiás como um polo emergente de inovação aplicada, especialmente em áreas estratégicas da economia digital.

O levantamento mostra que as startups goianas estão distribuídas em 24 municípios, atuando em 69 segmentos distintos, com destaque para AgroTech, SoftTech, HealthTech, Biotech, EdTech e ConstruTech. A diversidade de áreas reforça o papel do estado como ambiente fértil para soluções tecnológicas voltadas tanto ao agronegócio quanto aos setores urbano, industrial e de serviços.

Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás, José Frederico Lyra Netto, o crescimento reflete uma política pública estruturada. “Temos investido de forma contínua na construção de um ambiente favorável à ciência, à tecnologia e ao empreendedorismo inovador, transformando ideias em soluções que geram impacto real na vida dos goianos. O mapeamento mostra o resultado deste trabalho”, afirma.

Hub Goiás impulsiona startups e atrai investimentos públicos

Criado há dois anos, o Hub Goiás se tornou o principal articulador do ecossistema de inovação no estado. Nesse período, já apoiou mais de 170 startups, por meio de nove editais de programas de incentivo, com investimentos superiores a R$ 30 milhões do Tesouro Estadual. Apenas o programa Epicentro da Inteligência Artificial recebeu R$ 2 milhões, em parceria com o Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (AKCIT).

O Epicentro prevê a seleção de 150 startups de todo o Brasil, que passarão por quatro etapas: pré-incubação, incubação online, incubação presencial em Goiânia e demoday com investidores estratégicos. Além disso, o Hub Goiás já premiou cerca de R$ 2 milhões em iniciativas inovadoras, realizou mais de 650 eventos e recebeu mais de 30 mil visitantes em seu coworking público e gratuito.

Segundo o superintendente do Hub Goiás, Johnny Laranjeira, o avanço vai além dos números. “O mapeamento 2025 mostra que Goiás não apenas acompanha as tendências de inovação no Brasil — estamos ajudando a moldá-las. O crescimento das startups, a força das comunidades e a interiorização dos ambientes revelam um ecossistema que amadurece rápido, com base em dados, colaboração e políticas públicas consistentes”, avalia.

Interiorização da inovação fortalece novos polos

Um dos destaques do mapeamento é a interiorização do ecossistema de inovação. Em outubro, o Governo de Goiás inaugurou o Hub Goiás Rio Verde, em parceria com a prefeitura local, com investimento superior a R$ 1 milhão. A iniciativa busca descentralizar a inovação, atendendo cidades distantes da capital.

O estudo confirma o impacto dessa estratégia. Municípios como Rio Verde, Jataí, Anápolis e Aparecida de Goiânia aparecem como polos estratégicos em consolidação, impulsionados por investimentos em infraestrutura, qualificação profissional e governança.

Além disso, o levantamento identificou 65 comunidades de inovação, que reúnem mais de 19 mil pessoas, e registrou crescimento de 25% no número de instituições acadêmicas envolvidas, além da ampliação da atuação de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), Centros de Tecnologia e Inovação (CTIs) e redes colaborativas. O avanço é reforçado pelo Pacto Goiás pela Inovação, que já reúne mais de 90 instituições.

Startups crescem com foco em eficiência e receita própria

O crescimento do ecossistema goiano ocorre em sintonia com uma tendência nacional: o fortalecimento de startups que crescem sem depender de rodadas iniciais de investimento. Dados do Observatório Sebrae Startups mostram que empresas com maior potencial de longevidade operam majoritariamente no modelo B2B, com software como principal produto e receita recorrente por assinatura, como o SaaS.

Das mais de 18 mil startups mapeadas no Brasil, 50,9% atuam no modelo B2B, 37,6% têm software como produto central e 41,8% utilizam receita recorrente. “O modelo B2B combinado com software e receita recorrente permite que a startup valide seu produto com rapidez, gere receita desde cedo e mantenha o controle sobre a operação”, explica Cristina Mieko, head de startups do Sebrae.

Mais de 80% das startups atuam com equipes de até três pessoas, refletindo estruturas enxutas e foco em eficiência. Cerca de 30% têm mais de cinco anos de existência, um indicador relevante em um setor conhecido pela alta mortalidade.

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IA e automação ganham espaço no mercado

O avanço das startups também acompanha a expansão do mercado de inteligência artificial e automação corporativa, que pode ultrapassar R$ 13 bilhões em investimentos no Brasil até o fim deste ano. Para especialistas do setor, o mercado passa por um filtro natural, no qual permanecem os projetos que geram impacto real em produtividade e margem. “O futuro não é apenas digitalizar processos, mas fazer cada real investido trabalhar mais”, resume um dos executivos do setor.

Com políticas públicas consistentes, interiorização da inovação e alinhamento às tendências de mercado, Goiás consolida sua posição como território estratégico para negócios inovadores, combinando tecnologia, eficiência e desenvolvimento regional.