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terça-feira, 30 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Mercado de máquinas agrícolas projeta avanço moderado para 2026

Goiás investiu R$ 1,4 milhão em tratores e implementos para municípios

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 30 de dezembro de 2025
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Divulgação/ Gov. Goiás

O mercado brasileiro de máquinas e implementos agrícolas registrou desempenho positivo em 2025, impulsionado pela demanda interna por tratores e colheitadeiras, segundo dados recentes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em julho, a venda interna de unidades alcançou 6.167 máquinas, um crescimento de 18% sobre o mesmo mês de 2024, com destaque para a forte procura por tratores por produtores rurais e prestadores de serviços.

No acumulado de janeiro a julho de 2025, as vendas internas cresceram 19,2%, chegando a 5.553 unidades, enquanto as exportações avançaram 7,5%, com 614 máquinas embarcadas para o exterior. Apesar da retração das exportações no período, o desempenho global do setor mostra sinais de recuperação e confiança na retomada dos investimentos no campo.

Tratores lideram crescimento e sustentam o setor

O segmento dos tratores foi o principal responsável pelos números positivos. Em julho, 5.271 tratores foram vendidos no mercado interno, alta de 17,1% em relação a julho de 2024, enquanto as exportações de tratores também registraram avanço, com 411 unidades embarcadas, crescimento de 16,4%. No total, o segmento somou 5.869 tratores comercializados no mês, consolidando o equipamento como o motor das vendas no varejo.

No acumulado do ano, o estoque de tratores vendidos alcançou 31.669 unidades, mantendo um crescimento de 16,4% apesar das dificuldades no comércio externo. Esse movimento reflete a necessidade dos produtores de renovar e ampliar a capacidade de maquinário para as atividades agrícolas, mesmo diante de incertezas econômicas.

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Divulgação/ Agrolink

Colheitadeiras apresentam resultados mistos

O desempenho das colheitadeiras foi mais oscilante. Em julho, o mercado interno absorveu 282 unidades, um salto de 83,1% em relação ao mesmo mês de 2024, mas com queda de 23,2% em comparação com junho de 2025. As exportações, por sua vez, registraram forte queda de 46,7%, com apenas 16 unidades embarcadas. No total, o segmento vendeu 298 colheitadeiras, crescimento de 62% na base anual.

No acumulado do ano, as vendas de colheitadeiras subiram 7,3%, impulsionadas quase que exclusivamente pela demanda doméstica. Especialistas do setor avaliam que a oscilação reflete tanto o ciclo de safra quanto a cautela dos produtores em investir em equipamentos de maior valor agregado diante das incertezas macroeconômicas.

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Goiás investe R$ 1,4 milhão em mecanização rural

No plano público, o Governo de Goiás deu um impulso adicional ao setor ao realizar, em dezembro, a última entrega de 2025 do Programa Mecaniza Campo, iniciativa que apoia os produtores rurais por meio da cessão de máquinas agrícolas a municípios. O programa entregou kits compostos por tratores e grades aradoras a oito municípios goianos, financiados com R$ 1,4 milhão em emendas parlamentares da deputada federal Marussa Boldrin.

Cada conjunto de máquinas foi avaliado em cerca de R$ 185,7 mil, destinados ao preparo de solo e manutenção de estradas rurais. Desde 2019, o Mecaniza Campo alcançou a marca de 1.272 equipamentos repassados a 243 municípios, com investimentos totais acima de R$ 252 milhões, reforçando a infraestrutura produtiva no interior do estado.

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Foto: Divulgação

Crédito, juros e projeções para 2026

Apesar dos indicadores positivos em 2025, a perspectiva para 2026 é mais moderada. A Abimaq projeta um crescimento de 3,4% nas vendas de máquinas agrícolas, condicionado a juros elevados e incertezas externas. Participantes do setor destacaram, durante a 25ª edição do Seminário de Planejamento Estratégico Empresarial, que instrumentos de crédito como CPR, CRA, LCA e Fiagro ganharam espaço, crescendo 315% entre 2022 e 2024, como alternativas ao crédito tradicional com juros equalizados.

Entretanto, apenas 36% das vendas financiadas na safra 2024/25 contaram com juros subsidiados, percentual inferior aos 60% observados em anos anteriores, sinalizando restrições no acesso ao crédito rural favorável. A combinação de custos elevados, juros contínuos e cautela dos produtores pode frear investimentos expressivos em maquinário no próximo ano.

Cenário macroeconômico e desafios externos

O setor também enfrenta desafios estruturais que podem impactar a competitividade em 2026. A dependência de fertilizantes importados, que responde por cerca de 90% do consumo nacional, gargalos logísticos e a concorrência de máquinas asiáticas em licitações públicas são apontados como fatores de pressão sobre fabricantes nacionais.

Economistas destacam que o agronegócio deverá continuar sendo um dos pilares da economia brasileira, com projeção de R$ 1,6 trilhão em renda gerada em 2026, apesar da expectativa de “andar de lado” nas vendas de máquinas. O desempenho futuro dependerá da evolução dos juros, da oferta de crédito e da estabilidade dos mercados internacionais, além da capacidade dos fabricantes de inovar e reduzir custos para enfrentar um cenário global competitivo.

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