Entorno no centro do poder: integração regional vira eixo político do DF
Gestão do Secretário do Entorno, Cristian Viana articula políticas regionais e projeta o Podemos como força central para 2026
Com perfil técnico e forte inserção política, o advogado, servidor público e presidente do Podemos-DF, Cristian Viana acumula funções centrais na estrutura do governo e na organização partidária. Além de secretário do Entorno, ele preside o Diretório Regional do Podemos no Distrito Federal, onde consolidou-se como um dos principais articuladores do partido no cenário local. Sua atuação tem sido marcada pela interlocução direta com o Executivo e pela condução de um projeto de fortalecimento da legenda visando as eleições de 2026.
Paralelamente à gestão pública, Cristian Viana ampliou seu protagonismo na articulação política do centro-direita no Distrito Federal. À frente do Podemos-DF, ele coordena a montagem de nominatas competitivas para a Câmara Legislativa do DF e para a Câmara dos Deputados, apostando em nomes com histórico eleitoral e capilaridade regional. A estratégia é adequar o partido às regras eleitorais sem coligações proporcionais, exigindo candidaturas mais robustas para alcançar o quociente eleitoral.
A filiação de lideranças com forte vínculo ao governo local, como Renato Rocha, irmão do governador Ibaneis Rocha (MDB), e do deputado distrital Robério Negreiros, foi interpretada nos bastidores como um sinal de alinhamento formal do partido ao projeto político do Buriti. O movimento reforçou a percepção de que o Podemos se tornou uma base estratégica do governo no processo de construção da sucessão de 2026.
Esse reposicionamento ficou evidente no encontro partidário realizado em 11 de dezembro de 2025, em Brasília. O evento, que contou com a presença de autoridades do primeiro escalão, como Ibaneis Rocha, a vice-governadora Celina Leão (PP), a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, além de lideranças políticas e religiosas. O encontro de confraternização foi consolidado como um ato político de peso. Nos bastidores, a avaliação foi de que o partido ingressou definitivamente no núcleo das articulações eleitorais do próximo pleito.
Durante o encontro, o Podemos-DF confirmou apoio à candidatura de Ibaneis Rocha ao Senado e à postulação de Celina Leão ao Governo do Distrito Federal. Em discurso, Cristian Viana afirmou que o partido chega a 2026 “mais forte, organizado e competitivo”, destacando a unidade interna e a construção de um projeto político de longo prazo.

No comando da secretaria, Viana definiu como prioridade a construção de mecanismos permanentes de cooperação entre os entes federativos. Um dos principais eixos da gestão é a mobilidade urbana, especialmente o transporte intermunicipal, demanda histórica de moradores que diariamente cruzam as fronteiras administrativas entre o Entorno e o DF para trabalhar ou estudar. A secretaria passou a atuar como instância de coordenação política, buscando alinhar prefeituras, governos estaduais e o GDF em soluções conjuntas.
Entre os avanços destacados está a formulação do consórcio interfederativo de mobilidade. A proposta, discutida inicialmente com a União e o governo de Goiás, foi reformulada após a desistência formal do governo federal, no fim de julho de 2025. Atualmente, o modelo prevê a participação inicial do GDF e do governo goiano, com possibilidade de adesão futura de outros entes. A minuta do protocolo de intenções está sob análise do governo de Goiás e prevê a criação de um instrumento capaz de equilibrar tarifas, melhorar a frota e elevar a qualidade do transporte público na região.
Outra frente estruturante é o Fundo de Desenvolvimento do Entorno, cujo projeto foi encaminhado pelo governador Ibaneis Rocha. A iniciativa busca integrar recursos estaduais, federais e emendas parlamentares, permitindo a execução de projetos regionais de maior escala, como unidades hospitalares compartilhadas e obras de infraestrutura com impacto supramunicipal, sem retirar a autonomia dos parlamentares e das prefeituras.
Analistas políticos avaliam que Viana passou a ocupar um espaço estratégico na coordenação do campo de centro-direita no DF, atuando como elo entre o governo, a vice-governadoria e a direção nacional do partido. A leitura é de que o Podemos deixou de ser uma legenda acessória e passou a operar como um projeto político estruturado, com disciplina partidária, base eleitoral definida e alinhamento institucional.
Com cerca de 800 mil filiados em todo o país e mais de 14 mil no Distrito Federal, o partido aposta na combinação entre estrutura nacional, tempo de televisão e fundo eleitoral como diferencial para atrair candidatos com histórico de votos e compromisso de longo prazo. A expectativa interna é garantir, no mínimo, duas cadeiras na CLDF e uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026.
Leia a entrevista na íntegra:
A filiação de novos nomes ao Podemos, especialmente de quadros com ligação direta ao Palácio do Buriti, foi interpretada como um alinhamento formal ao governo. Esse movimento foi planejado para consolidar o partido como base estratégica do GDF?
A governadora Celina foi a responsável pela aproximação do podemos com o GDF além de nossa amiga ela é um política habilidosa e competente e tem sido fundamental na construção para 2026, sendo a sucessora do governador Ibaneis e o apoiando na candidatura ao Senado, então hoje há sim este alinhamento do partido com o GDF.
O senhor afirmou que o Podemos quer oferecer método, estrutura e disciplina aos seus pré-candidatos. O que muda, na prática, em relação ao modelo tradicional de montagem de nominatas no DF?
Nas eleições anteriores já tivemos coligações para as eleições proporcionais o que permitia, para câmara distrital por exemplo, 72 candidatos em uma coligação. Isso tornava a montagem trabalhosa, pelo volume de candidatos, porém reduzia a necessidade da candidatos fortes bastava que na média cada candidato obtivesse 1000 votos para um ser eleito. Agora com a ausência de coligações nas eleições proporcionais (deputados e vereadores) e com a redução do número de vagas que cada partido pode lançar 25 para câmara distrital e 9 para câmara federal, é necessário que haja candidatos bem votados para assegurar que partido alcance o quociente eleitoral. Assim vamos trazer a nomes já testados em urna e agregar a experiência que trazemos de outras eleições bem como as ferramentas e formações que nossa fundação.
A presença de autoridades do primeiro escalão do governo no evento reforçou a percepção de que o partido se tornou um “porto seguro” para a eleição de 2026. O Podemos já se sente preparado para disputar duas vagas na CLDF e uma na Câmara Federal?
Nas eleições anteriores alguns partidos menores conseguiram montar nominatas e alcançar a eleição de deputados para a CLDF mas pelo partido (nacionalmente) não ter alcançado a cláusula de barreira, os eleitos ficaram automaticamente liberados para desfiliarem, sendo o partido quase uma “barriga de aluguel” e os suplentes ficaram a desemparados. O podemos por ser um partido estruturado com tempo de televisão, recursos do fundo eleitoral se torna o ambiente mais favorável para candidatos testados que tenham objetivo de construir um projeto político de longo prazo, sem precisar mudar de partido a cada eleição e sabendo que os eleitos terão compromisso com seus suplentes cuja votação foi essencial para o alcance dos mandatos
Como o senhor avalia o impacto político da filiação de Renato Rocha para o projeto do Podemos e para a relação do partido com o governador Ibaneis Rocha?
A filiação do Renato, Roberio, Cricia, e outros que estamos dialogando como o ten Geraldo, Michello, Ana Paula Marra nos dão a segurança de no mínimo duas cadeiras na Câmara Legislativa e confirmam que nosso time é firme e leal nos compromissos estabelecidos com aqueles que caminham conosco. No caso daqueles que não tem histórico eleitoral vamos auxiliar no planejamento da campanha. Como dito anteriormente nosso alinhamento com o GDF deu essa segurança para verem no podemos este ambiente favorável para construírem um projeto político, tanto para a Celina quanto para o Ibaneis passaram a sugerir o podemos como uma alternativa partidária para vários candidatos que os procuram, então isso reforça a expectativa de sucesso nas eleições do próximo ano.
Ao assumir a Secretaria Extraordinária do Entorno, o senhor passou a lidar com uma agenda regional complexa. Quais foram os principais avanços concretos alcançados até agora e quais resultados a população já começa a perceber?
A secretaria tem essa missão de ser um órgão de articulação para contribuir para integrar os atores regionais respeitando a autonomia e competências de cada um. Os desafios da região demandam este tipo de articulação e integração pois um único ente, isoladamente não consegue apresentar as soluções necessárias. Temos avançado na constituição do consórcio interfederativo que será uma solução para a mobilidade da região e o governador Ibaneis encaminhou projeto para criação do Fundo de Desenvolvimento do Entorno que será um instrumento importante para integração e aplicação de recursos para região.
A mobilidade entre o DF e os municípios do Entorno é apontada como um dos maiores gargalos históricos da região. Em que estágio está o consórcio interfederativo e quais soluções efetivas ele pode trazer?
Desde a criação da secretaria iniciamos a discussão com a união e Goiás para estabelecermos o consórcio, somente no final de julho a união se manifestou oficialmente dizendo que não participaria do consórcio. Desde então GDF e o governo de Goiás reformularam a proposta para estabelecer o consórcio somente com os dois estados inicialmente e permitindo adesão futura de outros entes federativos (união e municípios). Atualmente a minuta do protocolo de intenções está sob avaliação do governo de Goiás. O consórcio será uma solução efetiva e perene pois permitirá que os consorciados aportem recursos para equilibrar e reduzir o valor das tarifas, melhor a frota e qualidade do transporte da região.
A criação do Fundo de Desenvolvimento do Entorno foi anunciada como uma ferramenta estruturante. Como esse fundo pode mudar a forma como os recursos federais e estaduais chegam à região?
Hoje os parlamentares do Goiás e do DF encaminham emendas para os municípios de acordo com pedidos e demandas de cada prefeitura. O Fundo permitirá a integração desses recursos sem tirar a prerrogativa dos parlamentares mas integrando os projetos de uma prefeitura com o de outra ou mesmo projetos que interesses a toda como exemplo construção, equipamento e gestão de unidade hospitalar regional. 2026 será um ano eleitoral, com prazos mais curtos para execução de políticas públicas.
Quais são as prioridades absolutas da Secretaria do Entorno até o fim do próximo ano? Avançar na consolidação do consórcio de mobilidade que será uma entrega importantíssima para a região. Como presidente do Podemos-DF, qual será o papel do partido na construção da aliança em torno da candidatura de Celina Leão ao GDF e qual o peso dessa articulação para o Entorno?
Mantida a atual configuração nós estaremos entre os cinco maiores partidos da coligação de apoio a Celina e com os nossos quadros reforçados iremos buscar o maior número de apoiadores no DF e Entorno para assegurar esta vitória. A Celina sempre repete uma frase do governador Roriz que é: impossível governar o DF e dar as costas para o Entorno então no governo dela a região será uma das prioridades pois é inevitável que o DF e os municípios se tornem uma grande metrópole e deixar isso ocorrer sem planejamento e a devida atenção.

impacta a qualidade de vida de todos nós.