Após flexibilização da CNH, mercado reage com pacotes a partir de R$ 240
Com regras mais flexíveis para tirar a CNH, empresas apostam em pacotes personalizados e suporte para sobreviver à queda de alunos
por Luana Avelar em 30 de dezembro de 2025
A retirada da obrigatoriedade de frequentar uma autoescola para obter a CNH provocou uma reconfiguração no mercado de formação de condutores no Brasil. Desde que o novo modelo entrou em vigor, no início de dezembro, empresas do setor passaram a reduzir preços, criar planos personalizados e oferecer serviços extras para tentar manter a relevância em um processo que agora pode ser feito, em grande parte, de forma autônoma pelo candidato.
Levantamento feito pela EXAME em anúncios de oito autoescolas no Instagram mostra que os pacotes passaram a variar entre R$ 240, no plano mais básico, e R$ 1,1 mil nos planos classificados como premium ou ouro. Antes da mudança, os valores para tirar a CNH chegavam a R$ 1,6 mil apenas com aulas teóricas e 20 práticas, sem considerar taxas obrigatórias, podendo alcançar até R$ 3 mil em alguns estados, segundo dados do governo federal.
CNH mais simples, mercado mais pressionado
O novo modelo extinguiu o curso teórico presencial e passou a oferecer o conteúdo online gratuitamente em uma plataforma oficial. Além disso, reduziu o número mínimo de aulas práticas de 20 para apenas duas, que podem ser feitas em autoescolas ou com instrutores autônomos credenciados ao Detran. Atualmente, 16 estados já operam com as novas regras, enquanto outros ainda realizam ajustes técnicos ou contestam a medida na Justiça.
A simplificação do processo da CNH teve impacto imediato no setor. Algumas empresas fecharam as portas por falta de candidatos para tirar a habilitação, afirmou Ygor Valença, presidente da Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto), em entrevista à EXAME. Segundo ele, a queda no número de alunos foi drástica entre o anúncio e a implementação das novas normas.
Para tentar reverter o cenário, as autoescolas passaram a estruturar planos com nomes padronizados, destacando a expressão “CNH do Brasil”, e variando principalmente pela quantidade de aulas práticas — de duas a dez. O principal diferencial, relatam atendentes ouvidas pela reportagem, é o acompanhamento do candidato em todas as etapas do processo.
Outro atrativo passou a ser o aluguel do veículo da empresa para a prova prática da CNH, alternativa prevista nas novas regras, que permitem o uso do carro próprio, da autoescola ou do instrutor autônomo. Apesar das resistências do setor, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região manteve recentemente a resolução do Contran que valida o novo modelo.
Mesmo com ações judiciais ainda em estudo por representantes das autoescolas, o cenário aponta para uma mudança estrutural. A CNH, antes sinônimo de um processo longo e caro, tornou-se mais acessível. Para o setor, o desafio agora é se adaptar a um mercado em que a intermediação deixou de ser obrigatória e passou a depender da capacidade de oferecer valor além da exigência legal.
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Confira o passo a passo para emitir a nova CNH:
O processo de obtenção da CNH ou da Autorização para Conduzir Ciclomotor constitui-se das seguintes etapas:
– requerimento para início do processo;
– realização do curso teórico;
– abertura do formulário Renach e coleta dos dados biométricos;
– realização da avaliação psicológica;
– realização dos exames de aptidão física e mental;
– realização do exame teórico;
– realização das aulas práticas de direção veicular;
– realização do exame de direção veicular;
– expedição da Permissão para Dirigir;
– expedição da CNH ou da Autorização para Conduzir Ciclomotor
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