Brasil lidera estatística global de destruição de florestas

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 29 de abril de 2022

No ano passado, o governo federal conseguiu gastar apenas R$ 2,50 bilhões no setor de meio ambiente, cumprindo menos de 80% das despesas autorizadas pela lei orçamentária e impondo um corte de quase 27% no orçamento definido para esta mesma área em dois anos, como demonstrou recentemente o Institutode Estudos Socioeconômicos (Inesc). Diante do desmonte perpetrado na área ambiental, não surpreende que o Brasil tenha liderado as estatísticas mundiais de desmatamento em 2021, mais uma vez contrariando a retórica que o desgoverno tem se esforçado por disseminar internacionalmente para esconder do mundo a devastação das florestas patrocinada pelo mesmo desgoverno aqui dentro.

Divulgados ontem pelo instituto de pesquisas WRI Brasil, braço brasileiro do World ResourcesInstitute (WRI), os dados da plataforma Global Forest Watch (GFW), que monitora florestas em todo o mundo, mostram que o Brasil botou abaixo o equivalente a 1,549 milhão de hectares de matas, sobretudo na região amazônica e no Pantanal, mais de três vezes o território desmatado pela República Democrática do Congo, que surge em segundo lugar no ranking global, com a destruição de 499,059 mil hectares de florestas. Em terceiro e quarto lugares surgem a Bolívia, com 291,379 mil hectares derrubados, e a Indonésia, que desmatou 202,905 mil hectares.

Ainda de acordo com o WRI Brasil, os dados aferidos pela plataforma mostram uma expansão dos desmatamentos para “regiões mais críticas, para além do Arco do Desmatamento”, registrando-se a presença de clareiras de grande escala em meio à floresta, provavelmente destinadas à implantação de pastagens, ao longo de rodovias já existentes, a exemplo da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Conforme o instituto, o País respondeu quase metade da perda de florestas primárias em todo o mundo no ano passado. Mais precisamente, o território desmatado no Brasil correspondeu a pouco mais de 40% da perda total de florestas tropicais primárias no planeta, embora o País detenha perto de um terço daquelas áreas, conforme dados do GFW. Ainda de acordo com a plataforma, o País tem mantido anualmente uma taxa de desmatamento equivalente superior a 1,0 milhão de hectares desde 2016. No mundo como um todo, a destruição atingiu 3,75 milhões de hectares de florestas tropicais primárias.

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Ponto de inflexão

As bases de dados da plataforma global, segundo o WRI Brasil, são alimentadas a partir de levantamentos e estudos geoespaciais desenvolvidos pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que monitora a cobertura florestal, incêndios e desmatamento em todo o planeta. No caso brasileiro, a GFW identificou alguma redução nos focos de incêndio, não raramente provocados por grileiros e invasores para abrir espaço para a entrada de bois e soja, mas mostrou elevação de 9% nas perdas florestais não relacionadas ao fogo na passagem de 2020 para 2021, quase sempre também relacionadas à expansão da fronteira agrícola. Em nota divulgada à imprensa, Fabíola Zerbini, diretora de Florestas, Agricultura e Uso do Solo do WRI Brasil, afirma que a “perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, pois novas evidências revelam que a floresta amazônica está perdendo resiliência, estando mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente”.

Balanço

  • Açoitado por uma inflação que se aproxima de 8,5% em 12 meses, taxa muito alta para uma economia já madura, pela alta do déficit comercial, causada pela queda das exportações e pelo aumento das importações, e ainda pela redução dos gastos governamentais, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apresentou queda de 0,36% entre o quarto trimestre de 2021 e o primeiro trimestre deste ano. Projetada para 12 meses, a queda trimestral correspondeu a uma redução próxima de 1,4% em um ano.
  • Esta é a forma “tradicional” adotada pelos EUA para contabilizar os números de seu PIB, considerando que a mesma taxa trimestral tenderia a se repetir ao longo de quatro trimestres consecutivos. O dado agitou os mercados e acirrou as preocupações em torno de uma possível (ainda não provável) recessão na economia norte-americana.
  • Alguns economistas e consultores sugerem que, olhando para dentro, a economia do país ainda teria força para apresentar números mais positivos no segundo trimestre deste ano, a despeito de uma esperada elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve (FED). A conferir.
  • Mais concretamente, os números do PIB no primeiro trimestre demonstram a influência do setor externo sobre a geração de riquezas e indicam dificuldades adiante, na medida em que se tornam ainda mais sombrias as perspectivas da guerra entre Rússia e Ucrânia, com intervenção quase direta dos países membros da Otan no conflito.
  • Os dados ajustados sazonalmente (quer dizer, com o desconto de fatores que se repetem em meses determinados do ano e que podem distorcer a comparação) a taxas anuais, conforme o U.S. Bureau ofEconomicAnalysis (algo como Escritório de Análises Estatísticas dos EUA), mostram que o PIB norte-americano perdeu US$ 70,4 bilhões entre o quarto e o primeiro trimestres, embora o consumo doméstico de bens e serviços – que responde por mais de 70% do PIB – tenha registrado elevação de US$ 93,1 bilhões (subindo 0,67% na taxa trimestral ou quase 2,7% na taxa anualizada).
  • Dois fatores puxaram o resultado para baixo e o principal deles foi o setor externo. O déficit comercial dos EUA (importações superiores às importações) saltou 14,2% no mesmo trimestre, retirando do PIB algo como US$ 191,6 bilhões. Além disso, com o corte do auxílio a empresas e às famílias distribuído a partir do começo da pandemia, gastos e investimentos do governo caíram US$ 23,2 bilhões, recuando 0,69%.
  • Obviamente, o “efeito externo” foi mais decisivo, refletindo queda de 1,5% nas exportações e incremento de 4,2% nas importações. Na taxa anualizada, as vendas externas de bens encolheram 9,6% no primeiro trimestre, com salto de 20,5% para as compras de produtos e insumos importados. O rombo na balança comercial tende a se agravar, não apenas por conta das importações, mas especialmente em função das previsões de um encolhimento mais importante do comércio global em função do conflito no leste europeu, agravando a transferência de renda para fora do país – o que inevitavelmente afetará o desempenho da atividade econômica como um todo, já que não há “vasos estanques” numa economia, qualquer que seja o estágio de desenvolvimento do país.