Coluna

Centralismo político de Lula vai conseguir domar o Congresso?

Publicado por: Wilson Silvestre | Postado em: 01 de janeiro de 2024

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), construiu sua imagem política desde os anos 1970 assentada no tripé intelectuais, imprensa e fluência em verbalizar com a massa. Só que na volta do Lula 3, após ver quase todos os operadores do PT presos, incluindo ele, esse tripé não comove corações e mentes. Sem contar que a outra fórmula do “toma lá dá cá”, tão comum nos governos petistas, ainda não teve o efeito esperado. Primeiro porque não tem obras vultosas para gerar corrupção e o outro desafio são os “cookies bolsonaristas” que, mesmo Lula tentando o contraponto, não consegue o mesmo sucesso do passado. Mas o maior desafio de presidente, a partir de agora, é domar o Congresso. Mesmo com negociações diretas com os principais líderes, como os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não será fácil. Não porque Pacheco e Lira são inflexíveis, mas devido ao Congresso ser majoritariamente conservador e de direita. No passado recente, a população e os congressistas tinham vergonha em se declarar contrários à pedagogia de esquerda. Agora não. Assim, sem maioria no Congresso, com dificuldade de aparecer em público com medo de vaias e protestos, resta ao presidente falar para uma plateia domesticada em ambientes fechados. Diante de tantos desafios, é possível voltar ao passado do Lula 1 e ‘transpor’ para o Lula 3 sem o Congresso? Esta é a pergunta que vai definir o Lula 4.

Domínio nos tribunais superiores…

Para contrapor as desvantagens que o presidente Lula tem no Congresso e, por tabela, metade da população, ele conta com a indicação de desembargadores federais, maioria no STJ e no STF. A tendência é um judiciário mais político e defensor das pautas de Lula, só assim ele poderá vencer a resistência do Congresso e das ruas.

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… e o ciberespaço

No mundo contemporâneo, é difícil um governante ficar fora dos holofotes da comunicação social, principalmente dos clãs no ciberespaço. No entanto, Lula usa essa ferramenta muito mal: numa hora prega o dualismo político, noutra a divisão.  Essa ambiguidade estimula o wokismo imposto pelo politicamente correto, provocando um fosso ainda maior entre os brasileiros do lulopetismo e o bolsonarismo. Sem contar essa bobagem de linguagem neutra.

Gracinha social

Ultimamente a mídia não tem tocado no assunto, mas a primeira-dama de Goiás, Gracinha Caiado, continua firme no projeto para o Senado em 2026. Paralelamente, ela tem redobrado sua jornada de trabalho à frente dos programas sociais do governo. Ela será uma das mais influentes apoiadoras da base caiadista na eleição municipal.

Esfinge Policarpo

O entorno do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), até agora não conseguiu decifrar a esfinge Romário Policarpo (PRD). Quando se imagina tudo acordado com ele, surge uma nova crise e, como na mitologia, o “decifra-me ou te devoro” de Policarpo vai minando a gestão de Rogério.

Jogo duplo?

No serpentário político goianiense surge uma indagação: o presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), faz jogo duplo com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos)? Aliados de Rogério desconfiam que Policarpo quer ser vice de Bruno Peixoto (UB) e criam crises para deixar o prefeito “sangrando” politicamente. (Especial para O Hoje)