Coluna

Exportações goianas caem 6,4% em 2019 e atingem nível mais baixo desde 2010

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 07 de janeiro de 2020

A
despeito do forte incremento nas vendas externas de milho em grão e carne
bovina, as exportações totais realizadas a partir de Goiás registraram queda de
6,39% no ano passado, caindo ao nível mais baixo desde 2010, puxadas para baixo
pelo mal desempenho da soja em grão e seus derivados, principalmente. O recuo
nas vendas explica integralmente a retração no saldo comercial do Estado ao
longo do ano passado, reduzido a seu menor valor em quatro anos, segundo dados
da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior
e Serviços (Secex/Mdic).

Os
números reafirmam a extrema dependência da balança comercial de Goiás em
relação à China e ainda a ampla participação dos produtos básicos na pauta de
exportações, evidenciando mais uma vez a reduzida sofisticação e diversificação
da economia estadual, a despeito de anos de concessão de generosos incentivos
fiscais. As empresas instaladas no Estado exportaram pouco menos de US$ 7,044
bilhões em 2019, o que se compara com US$ 7,524 bilhões em 2018, numa perda
equivalente US$ 480,849 milhões.

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As
importações somaram US$ 3,584 bilhões, no segundo pior resultado desde 2009,
num empate virtual em relação às compras realizadas em 2018, que haviam
atingido US$ 3,578 bilhões, numa variação de 0,16% entre os dois anos. O fraco
desempenho foi determinado basicamente pela queda de 9,9% nas compras goianas
de produtos farmacêuticos (de US$ 1,231 bilhão para US$ 1,109 bilhão),
principal item da pauta de importações (30,95% do total),
e pelo tombo de 94,7% nas compras de aeronaves (de US$ 66,892 milhões para US$
3,550 milhões). Como resultado, o superávit comercial sofreu baixa de 12,33% ao
sair de US$ 3,946 bilhões em 2018 para US$ 3,459 bilhões no ano passado (US$
486,671 milhões a menos). O desempenho comercial do Estado em relação à China
foi determinante para a retração observada no saldo comercial ao longo do ano,
ainda que o país tenha se tornado o principal destino da carne bovina exportada
pelo Estado e seja já há alguns anos o maior mercado consumidor da soja em grão
vendida pelas indústrias, cooperativas e tradings que operam em Goiás.

Dependência
chinesa

As
vendas externas para o mercado chinês desabaram 12,2% no ano passado,
encolhendo de US$ 2,922 bilhões (38,83% das exportações goianas totais) para
US$ 2,566 bilhões, passando a representar 36,43% do total. Mas a queda
observada, na faixa de US$ 355,790 milhões, contribuiu com praticamente 74%
para a queda nas vendas externas totais realizadas por Goiás em 2019. A
influência mais poderosa veio precisamente do saldo com o país oriental. Em
2018, em torno de dois terços do superávit do Estado com todos os países foram
assegurados pela China (mais precisamente, 66,36%). A diferença entre
exportações e importações para aquele mercado havia sido de US$ 2,618 bilhões e
caiu 19,6% em 2019, para US$ 2,105 bilhões, correspondendo a uma retração de
US$ 513,276 milhões. Dito de outra forma, o aumento do saldo comercial com
todas as demais regiões do globo não foi suficiente para compensar as perdas
geradas pela China.

Balanço

·  
Embora
a participação chinesa na ponta das importações seja reduzida, houve vigorosa
elevação na passagem de 2018 para o ano seguinte, já que as compras de produtos
chineses aumentaram 51,87%, saltando de US$ 303,615 milhões para US$ 461,101
milhões. A fatia chinesa na pauta de bens e mercadorias importadas por Goiás
variou de 8,48% para 12,86%.

·  
Mais
da metade desse aumento veio do salto de 749% nas importações de veículos,
tratores, suas partes e acessórios, que subiram de apenas US$ 11,091 milhões
para US$ 94,182 milhões.

·  
Além
da dependência chinesa, uma tendência relativamente mais recente, a balança
comercial goiana padece historicamente de outra forma de dependência, já que as
exportações mantêm concentração elevada no setor de commodities e mais
especificamente de commodities agrícolas.

·  
No
ano passado, as vendas externas do complexo soja (grão, farelo e óleo), das
carnes (bovina, suína e de aves, incluindo miudezas comestíveis) e do milho em
grão foram responsáveis por 66,45% de toda a exportação, apenas ligeiramente
inferior aos 67,03% registrados em 2018.

·  
As
exportações do complexo soja trouxeram uma perda de US$ 1,030 bilhão para a
balança comercial goiana, já que despencaram 29,4% frente a 2018, encolhendo de
US$ 3,503 bilhões para US$ 2,473 bilhões. Sua participação no total baixou de
46,55% para 35,11%.

·  
Quase
metade daquele tombo foi compensado pelo salto de 154,7% nas exportações de
milho em grão, que avançaram de US$ 325,937 milhões para US$ 830,188 milhões
(ou seja, US$ 504,251 milhões a mais), passando a ocupar o terceiro lugar na
pauta de exportações.

·  
As
vendas de carnes cresceram 13,4%, de US$ 1,215 bilhão para US$ 1,378 bilhão
(US$ 162,816 milhões a mais), compensando mais uma parcela das perdas impostas
pelo complexo soja.

A China ditou o ritmo da queda nas vendas de
soja em grão ao impor um corte de 37% no valor importado de Goiás, de US$ 2,152
bilhões (86,71% das exportações goianas do grão) para menos de US$ 1,355 bilhão
(83,05% do total). Mas contribuiu positivamente ao elevar as compras de carne
bovina congelada em 47,54% (de US$ 345,727 milhões para US$ 510,088 milhões,
representando 55,6% de toda a exportação goiana nesta área).