Quinta-feira, 28 de março de 2024

Lucro da Saneago registra salto de quase 60% no segundo trimestre

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 24 de agosto de 2021

O avanço da receita líquida em um ritmo mais acelerado do que a variação observada para custos e despesas ajudou a elevar vigorosamente o resultado líquido acumulado pela Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) no segundo trimestre deste ano, revertendo a trajetória de queda observada nos três primeiros meses deste ano. Comparada ao mesmo período do ano passado, a receita líquida total experimentou alta de 9,09% no segundo trimestre deste ano, avançando de R$ 551,50 milhões para R$ 601,61 milhões. O lucro líquido anotado na conta de resultados da companhia disparou de R$ 71,310 milhões para R$ 113,949 milhões, num salto de quase 60,0% no segundo trimestre.

De acordo com a companhia, a melhoria nas receitas derivou da expansão das ligações de água e esgoto no mesmo período, com aumentos respectivamente de 3,0% e 5,76%. A administração da Saneago destaca ainda a “retomada das atividades econômicas no Estado devido às gradativas reduções nas restrições impostas em razão da pandemia do coronavírus”, o que resultou em altas de 27,59% e de 20,0% do consumo nos setores comercial e industrial.

Os custos totais e as despesas, somados, saíram de R$ 427,111 milhões para R$ 459,021 milhões, numa elevação de 7,47%. Adicionalmente, o resultado financeiro líquido, que expressa a diferença entre receitas e despesas financeiras, saiu de um prejuízo de R$ 15,834 milhões no segundo trimestre do ano passado para um ganho de R$ 16,641 milhões em igual período deste ano.

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No acumulado do primeiro semestre, refletindo a forte retração observada no primeiro trimestre, o resultado líquido da estatal apresentou variação de apenas 3,53% frente à primeira metade do ano passado, com o lucro evoluindo de R$ 119,584 milhões para R$ 123,80 milhões. Enquanto a receita líquida cresceu 4,38% no semestre, de R$ 1,122 bilhão para R$ 1,171 bilhão, custos e despesas registraram elevação de 13,2%, subindo de R$ 891,296 milhões para quase R$ 1,009 bilhão. A conta financeira líquida anotou ganho próximo de R$ 11,698 milhões, diante de perdas em torno de R$ 50,649 milhões nos seis meses iniciais de 2020.

Menor inadimplência

A revisão de medidas adotadas durante a fase mais dura de restrições à movimentação de pessoas, que havia levado a companhia a definir um tratamento mais condescendente em relação a atrasos no pagamento de faturas, trouxe uma melhora igualmente na arrecadação, o que reduziu a taxa de inadimplência. Embora o faturamento tenha registrado variação de 6,27%, passando de R$ 1,260 bilhão para R$ 1,339 bilhão, a arrecadação de receitas apresentou variação quase duas vezes maior ao avançar de R$ 1,147 bilhão para R$ 1,288 bilhão entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período deste ano, em alta de 12,34%. A melhor relativa refletiu a retomada das cobranças de contas em atraso, trazendo uma redução da taxa de inadimplência de 9,01% para 3,82%. Além disso, o indicador de perdas de água no sistema foi reduzido de 28,32% nos primeiros seis meses do ano passado para 26,32% neste ano.

Balanço

  • A pandemia continuou influenciando de forma negativa o investimento da companhia, ao produzir altas relevantes nos custos de materiais de construção desde o ano passado. Esse fator, conforme a Saneago, foi a principal causa para o “insucesso de licitações no segundo semestre de 2020”, que deveriam ter resultado em novas aquisições de materiais e equipamentos e, portanto, em mais investimentos ao longo do exercício seguinte.
  • No segundo trimestre, a empesa investiu R$ 43,495 milhões, acumulando um total de R$ 81,240 milhões nos seis primeiros meses deste ano. Na comparação com 2020, houve queda de 37,05% no trimestre e de 28,15% no semestre, já que os investimentos, pela ordem, haviam alcançado R$ 69,099 milhões e R$ 113,062 milhões.
  • A retração foi mais intensa quando se consideram os investimentos em esgoto sanitário, com tombo de 42,2% no segundo trimestre, de R$ 26,864 milhões para R$ 15,533 milhões. Em seis meses, o setor recebeu investimentos de R$ 28,041 milhões neste ano, frente a R$ 49,499 milhões na primeira metade de 2020, o que correspondeu a um tombo de 43,35%.
  • Nos sistemas de água, o investimento caiu 39,8% no segundo trimestre, encolhendo de R$ 33,736 milhões para R$ 20,319 milhões, acumulando baixa de 23,4% entre o primeiro semestre deste ano e igual intervalo de 2020 (de R$ 51,795 milhões para R$ 39,676 milhões). Aquisições de veículos, computadores, construções de áreas administrativas, softwares e estoque de obras, entre outros, receberam investimento de R$ 13,423 milhões no primeiro semestre deste ano, crescendo 14,9% frente ao mesmo período de 2020 (R$ 11,768 milhões).
  • O resultado antes do pagamento de juros, tributos, depreciação e amortizações (conhecido como Ebitda, na sigla em inglês), descontados fatores contábeis sem efeito sobre o caixa da empresa, acumulou alta de 14,8% no semestre, atingindo R$ 336,110 milhões diante de R$ 329,355 milhões em igual período de 2020. A margem calculada em relação à receita corrente líquida recuou ligeiramente de 29,36% para 28,70%.
  • O desempenho foi suficiente, no entanto, para manter os níveis de alavancagem (quer dizer, de endividamento) muito abaixo da meta definida pela companhia. Em parte, porque a dívida líquida caiu entre dezembro do ano passado e junho deste ano. No ano passado, a relação entre a dívida e o Ebitda ajustado havia sido de 1,1 (o que significou que o saldo da dívida era quase 10% maior do que a geração de caixa). Nada preocupante, já que a intenção da empresa era mesmo segurar essa relação em no máximo 3,0.
  • Em junho, no entanto, o Ebitda passou a superar a dívida, atingindo R$ 719,988 milhões nos 12 meses terminados naquele mês diante de R$ 649,641 milhões registrados como dívida líquida. Desde dezembro, quando o saldo da dívida havia registrado R$ 797,350 milhões, houve queda de 18,52%.
  • A situação financeira experimentou sensível melhora no semestre. O Ebitda ajustado, na faixa de R$ 336,11 milhões como visto, foi 2,07 vezes maior do que as despesas geradas pelo pagamento do serviço da dívida (juros, correção e amortização de empréstimos e financiamentos), que somaram R$ 162,425 milhões.