Patrimônio dos donos do dinheiro supera PIB em mais de sete vezes
O patrimônio financeiro bruto dos brasileiros endinheirados atingiu qualquer coisa próxima a R$ 77,644 trilhões no final do ano passado, correspondendo a nada mais, nada menos do que 7,15 vezes mais do que toda a riqueza produzida ao longo do ano passado pelo lado real da economia. Para comparar, o Produto Interno Bruto (PIB) havia […]
O patrimônio financeiro bruto dos brasileiros endinheirados atingiu qualquer coisa próxima a R$ 77,644 trilhões no final do ano passado, correspondendo a nada mais, nada menos do que 7,15 vezes mais do que toda a riqueza produzida ao longo do ano passado pelo lado real da economia. Para comparar, o Produto Interno Bruto (PIB) havia alcançado em torno de R$ 10,856 trilhões em 2023, a valores nominais. Os dados estão no relatório do Banco Central (BC) sobre a chamada “matriz do patrimônio financeiro” do País e mostram um crescimento de 59,57% nos ativos financeiros brutos na comparação com 2018, quando o estoque somava, incluindo recursos aportados aqui dentro por pessoas não residentes no País, ao redor de R$ 48,658 trilhões – algo como 6,95 vezes mais do que o PIB.
Pode parecer inacreditável que menos de 14% de toda essa montanha de dinheiro tenha se transformado em bens e serviços reais, consumidos por toda a população. Mas tem sido assim no verdadeiro “paraíso fiscal” estabelecido no Brasil para favorecer os muito ricos, que pagam proporcionalmente menos impostos do que as famílias de renda mais reduzida, ganhando ainda de “presente” a oportunidade de lucrar alguns bilhões de reais no “cassino dos juros altos”. Diante de dados assim, soa um tanto despropositado, para dizer o mínimo, que o “batalhão do austericídio”, os “loucos por ajuste fiscal” insistam em cortes de gastos, “desvinculação” dos recursos reservados para educação e saúde, que favorecem exatamente os mais pobres, e desprezem solenemente as distorções que agravam a concentração da renda e de riquezas, tornando o Brasil cada vez mais desigual e injusto.
O que é
O patrimônio financeiro da economia é formado basicamente por ativos financeiros como títulos de dívida (papéis emitidos por empresas e pelo governo), ações e participações acionárias, sejam elas cotadas em Bolsa ou não, cotas em fundos de investimento, empréstimos, depósitos em dinheiro, além de seguros e previdência. Os valores considerados acima incluem ainda o que as contas nacionais consideram como “posições intersetoriais”, que correspondem a saldos de aplicações, empréstimos e demais instrumentos financeiros em que credores e devedores participam de um mesmo setor ou segmento da economia. Conforme o BC, o conceito inclui “ativos do governo geral contra o próprio governo geral (por exemplo, empréstimos do governo federal aos Estados e municípios), cotas de fundos de investimento em outros fundos de investimento, investimentos em ações de sociedades não financeiras em outras instituições do mesmo tipo, operações entre o setor financeiro envolvendo empréstimos, depósitos, títulos e ações, e aplicações de seguradoras em outras seguradoras” (o chamado resseguro). Em média, registra ainda o BC, os saldos intrasetoriais representam ao redor de 18% do patrimônio financeiro bruto.
Balanço