PIB goiano recua 1,8% no segundo trimestre, com queda nos serviços

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 14 de outubro de 2023

As estimativas iniciais do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB) para o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no segundo trimestre deste ano mostram uma queda de 1,8% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série ajustada sazonalmente, ou seja, com o desconto de fatores que se repetem nos mesmos períodos do ano e poderiam distorcer a comparação. O resultado trimestral reflete principalmente a redução de 1,1% observada para o PIB do setor de serviços, que vinha em desaceleração num período mais recente, depois de ensaiar uma reação na sequência da suspensão das medidas de distanciamento social adotadas durante a pandemia.

Para os demais setores de atividade, a metodologia estabelecida pelo IMB para aferir o nível da atividade na economia estadual trimestralmente registra avanços de 0,8% para a agropecuária e de 0,9% para o PIB industrial. Os dados da produção industrial, na pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a indústria goiana apresentou queda de 1,4% em abril e números positivos em maio e junho, com avanços de 0,4% e 2,5% em relação aos meses imediatamente anteriores, sugerindo alguma aceleração ao longo do período. O nível de atividades no setor de serviços, novamente no acompanhamento do IBGE, havia crescido 5,2% em maio, na comparação com abril, mas teve a taxa de crescimento reduzida para 0,8% em junho.

Costumeiramente, em sua fase atual, o IMB tem dedicado maior destaque para números positivos, com a variação ajustada sazonalmente merecendo um parágrafo curto no início do texto principal, na sequência do texto de abertura, que procura traçar um panorama geral da economia goiana: “Na análise com ajuste sazonal, comparando o segundo trimestre de 2023 ao trimestre imediatamente anterior, o resultado do PIB foi estimado em – 1,8%”. Foi um desempenho pior do que aquele anotado pelo IBGE para o produto total gerado pelo País na saída do primeiro para o segundo trimestre deste ano, indicando elevação de 0,9% (mas também contemplando algum desaquecimento quando se recorda que o PIB dessazonalizado havia avançado 1,83% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses do ano passado).

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Mais adiante, o IMB registra a observação seguinte: “Na comparação com ajuste sazonal [ou seja, trimestre a trimestre], as estimativas do PIB mostram quedas consecutivas de -5,4%, -0,9% e -0,3% em abril, maio e junho, respectivamente”.

Números positivos

De fato, no entanto, a se dar crédito às estimativas trimestrais, os resultados “interanuais” apresentam-se bem mais positivos, com variação de 3,4% entre o segundo trimestre deste ano e igual período de 2022 – mesma taxa observada para o PIB brasileiro nas contas do IBGE. Comenta o boletim de conjuntura do IMB, de forma esclarecedora: “Esse resultado se deve ao comportamento do indicador na variação interanual sem ajuste sazonal, que ficou positiva nos três meses que compõem o período”.

Balanço

  • O crescimento esteve concentrado em boa parte no setor agropecuário, com o PIB do setor apresentando salto de 11,4% frente ao segundo trimestre do ano passado. O IMB destaca a influência, principalmente, “das estimativas de aumento de produção da soja e do milho”.
  • Nas mesmas bases de comparação, o PIB industrial avançou 1,3%, puxado pelo setor de transformação, enquanto o setor de serviços avançou 1,9%. Na análise do IMB, “os serviços continuam apresentando crescimento em diversas atividades do setor”.
  •  A pesquisa mensal da produção industrial regional do IBGE, também na comparação com idênticos períodos do ano passado, mostrou retração de 1,8% em abril, mas uma retomada de crescimento em maio e junho, quando as taxas foram positivas em 0,4% e 6,0%.
  • Tomando o segundo trimestre do ano passado como base, registra o IMB, “os setores de serviços e agropecuária exibiram resultados positivos durante os meses abril, maio e junho de 2023, comparados aos mesmos meses do ano anterior. A indústria recuou 0,5% em abril, e obteve crescimentos de 1,1% e 2,9% em maio e junho, respectivamente”.
  • “No gráfico da série trimestral, pode-se perceber que o Estado alcançou o maior nível para o segundo trimestre da série histórica (194,7). Antes disso, o primeiro trimestre do presente ano já havia sido o de maior nível da série (200,7)”, anota ainda o boletim de conjuntura do IMB.
  • O instituto registra ainda que as “estimativas trimestrais do PIB goiano [comparado ao mesmo trimestre do ano anterior] têm sido positivas desde o segundo trimestre de 2021 devido, principalmente, aos resultados do setor de serviços”.
  • No acumulado do primeiro semestre, comparado aos seis meses iniciais de 2022, o PIB goiana teria avançado em torno de 3,1%, o que se compara com o crescimento de 3,7% anotado pelo PIB total do País na mesma relação. Na visão do IMB, “verificou-se que a média da série para o primeiro semestre de 2023 apresentou o maior valor para todos os semestres da série histórica, tanto na série com ajuste como na serie sem ajuste sazonal”.
  • Ainda na primeira metade do ano, a agropecuária lidera mais uma vez o crescimento, com alta de 6,0% frente aos mesmos seis meses de 2022. Na sequência, o PIB industrial apresentou alta de 3,2%, com os serviços variando apenas 0,3%.
  • No acumulado em 12 meses até junho deste ano, o PIB goiano teria anotado melhor desempenho do que o produto total do País, com elevação de 4,5% diante de 3,2% na média de toda a economia. Pela ordem, os setores agropecuário, industrial e de serviços alcançaram incremento de 6,6%, de 4,7% e de 4,1%.