Politização pode ser motivo de alta desaprovação do STF nos últimos anos
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem sofrido severamente com um alto índice de desaprovação por parte dos brasileiros nos últimos anos. Se por um lado, a população tem se politizado, as instituições, também, têm seguido esse caminho. Temas cada vez mais sensíveis foram levados para os ambientes técnicos e de discussões mais pontuais – carregando, com isso, um alvo de retaliações das divisões já existentes na sociedade.
Os dados que corroboram a tese são do PoderData, que aponta: 41% dos brasileiros, neste momento, acham que o trabalho do STF é “ruim” ou “péssimo”, e a média desde 2021 é de cerca de 40%. Enquanto isso, a avaliação “bom” ou “ótima”, neste momento, é de apenas 16%, e a média desde 2021 é de cerca de 20%.
Apesar das muitas especulações sobre o motivo ser o crescimento do radicalismo político, na verdade, o tribunal tem abusado do ativismo judicial. O ministro André Mendonça, durante um julgamento, disse: “Ao assumir maior protagonismo em questões que deveriam ser objeto de deliberação pelo Congresso Nacional, o Poder Judiciário acaba contribuindo, ainda que não intencionalmente, para a agudização da sensação de desconfiança hoje verificada em parcela significativa da sociedade. É preciso quebrar esse ciclo vicioso”.
Nas dimensões dos Poderes Executivo e Legislativo, há ampla reverberação dos assuntos tratados e disputados em todas as instâncias sociais, com as suas respectivas consequências: revoltas, discussões e críticas. Quando esses mesmos assuntos são tratados pelo Judiciário, é difícil de imaginar um cenário diferente. Nesse sentido, a desaprovação e a agitação das “torcidas” dos políticos e partidos são naturais – uma vez que o próprio STF caminhou para isso. (Especial para O Hoje)