Setor varejista atinge maior nível da série, mas varejo amplo recua

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 14 de junho de 2024

A pesquisa mensal de vendas realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe números mistos, sugerindo caminhos diversos para os dois grandes setores do comércio. O varejo mais convencional, que reúne postos de gasolina, supermercados, lojas de vestuário, tecidos e calçados, papelarias, farmácias, lojas de materiais de escritório e informática, entre outras, fechou abril no nível mais elevado em toda a série histórica de dados do instituto, crescendo 0,9% em relação a março – bem abaixo do que esperava o mercado.

De toda forma, foi o quarto mês de resultados positivos para o setor, que passou a acumular variação de praticamente 4,3% ao longo daquele período, considerando o indicador ajustado sazonalmente, que dizer, já descontados eventos e outras efemérides que sempre ocorrem no mesmo período a cada ano e poderiam distorcer a comparação mês a mês (descontando inclusive eventuais diferenças de número de dias úteis).

O varejo ampliado, que inclui o chamado atacarejo, fechou os últimos dois meses no vermelho, com baixas de 0,2% e de 1,0% respectivamente em março e abril, na comparação com os meses imediatamente anteriores. A redução a partir de fevereiro aproximou-se de 1,2%. Neste caso, os resultados negativos parecem ter sido influenciados pelo atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, já que as concessionárias de veículos, motos e autopeças e as lojas de materiais de construção experimentaram, pela ordem, ganhos de 1,6% e de 1,9% na passagem de março para abril. O IBGE ainda não divulga o número dessazonalizado mês a mês para o atacado de alimentos e bebidas.

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Na liderança

Em Goiás, o comércio varejista tradicional chegou em abril à quinta alta mensal consecutiva, avançando 0,9% frente a março, acumulando um salto de 13,9% desde novembro do ano passado. Na comparação com abril do ano passado, as vendas do segmento avançaram 4,1%, o que representou uma desaceleração em relação ao ritmo observado em fevereiro e março, quando as vendas do setor varejista haviam subido 7,0% e 6,0% na mesma ordem. No primeiro quadrimestre deste ano, comparado aos mesmos quatro meses de 2023, o volume de vendas do varejo avançou 5,2%. No comércio amplo, o Estado registrou o melhor resultado entre todas as demais regiões acompanhadas pelo IBGE, num salto de 8,2%, mais do que repondo a queda de 2,3% observada em março. Na comparação com igual período do ano anterior, o varejo ampliado cresce há oito meses consecutivos e experimentou um salto de 22,8% em abril diante de idêntico período do ano passado. No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, o comércio em seu conceito mais amplo passou a crescer 10,1%, retomando o ritmo observado ao final de 2021 (neste caso, no entanto, a alta veio na sequência do retrocesso observado ao longo dos meses mais graves da pandemia, ao longo de 2020).

Balanço

  • Segundo registra a equipe de macroeconomia do Itaú BBA, o mercado trabalhava com a perspectiva de elevação de elevação de 0,3% para as vendas do varejo amplo em abril, o que contrasta com a queda de 1,0% de fato observada. O mesmo ocorreu no setor varejista tradicional, com previsões sugerindo avanço entre 1,7% e até 2,2% em relação a março – o resultado efetivo ficou limitado, como visto, a uma variação de 0,9%.
  • Ainda na passagem de março para abril, as lojas de equipamentos para escritórios, informática e comunicação, proporcionalmente, registraram a maior elevação, com salto de 14,2%. Na sequência, os setores de tecidos, varejo e calçados e de combustíveis e lubrificantes experimentaram variações de 2,4% e de 2,2% respectivamente. Hiper e supermercados venderam 1,5% a mais, enquanto as farmácias tiveram variação de apenas 0,6%. Papelarias e livrarias recuaram 0,4%, enquanto as lojas de artigos pessoais e de uso doméstico repetiram os números de março.
  • Já na comparação com abril do ano passado, o atacado de alimentos e bebidas encolheu 13,0%, com recuos de 1,3% e de 1,5% para hiper e supermercados e para lojas de tecidos roupas e calçados. O destaque principal foi para as vendas de veículos, motos e autopeças, com alta de 28,8%. Proporcionalmente, o setor respondeu por quase todo o crescimento do varejo ampliado nesse tipo de comparação.
  • Medicamentos, perfumes e artigos médicos e ortopédicos anotaram crescimento de 18,9%, vindo na sequência as altas de 16,3% para materiais de construção e de 16,1% para equipamentos de escritório, informática e comunicação.
  • Pouco mais da metade do crescimento de 4,7% acumulado no primeiro quadrimestre deste ano pode ser explicado pelo avanço de 14,0% nas vendas de veículos, motos e autopeças, o que mostra uma concentração importante.
  • Na avaliação do Itaú BBA, o desempenho das vendas em abril “corrobora a visão de alguma moderação na atividade econômica no segundo trimestre do ano”. Bimestre a bimestre, esse cenário parece vir se confirmando, salvo alguma mudança de tendência mais adiante. No varejo restrito e no comércio amplo, as vendas haviam crescido 6,0% e 8,2% no primeiro bimestre, em relação ao mesmo período de 2023. As taxas recuaram, na mesma ordem, para 4,0% e 1,6%.
  • No setor de serviços, igualmente acompanhado pelo IBGE, os resultados vieram mais vigorosos em abril, com alta de 5,6% na comparação com abril do ano passado, mas variação de 0,5% diante de março deste ano (saindo de 0,7% em março) em todo o País. Em Goiás, o setor anotou forte aceleração em abril, crescendo 2,2% frente a março. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o nível de atividade no setor cresceu 5,3% em abril, depois da queda de 5,6% em março.