Vendas crescem menos em julho e apontam recuo frente a março

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 16 de setembro de 2023

A reação das vendas no varejo nos últimos dois meses não chegou a ser suficiente para que o comércio recuperasse as perdas observadas em abril e maio. Os dados dessazonalizados da pesquisa mensal do varejo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o volume de vendas do comércio, seja no seu conceito mais restrito, seja no chamado comércio varejista ampliado, mantiveram-se abaixo dos níveis de março deste ano em Goiás. O comportamento das vendas no curtíssimo prazo pode mesmo sugerir uma tendência aparente de recuperação no setor, mas parece ainda uma avaliação prematura quando se considera, por exemplo, que o avanço observado em julho veio abaixo da taxa registrado em junho, sempre na comparação com o mês imediatamente anterior.

Ainda em Goiás, as vendas do varejo restrito em maio haviam caído 2,4% em relação a abril, com redução de 4,0% no varejo ampliado, que inclui, como já se sabe, concessionárias de veículos e motos, lojas de autopeças e de materiais de construção e, mais recentemente, o atacado de alimentos, bebidas e fumo. Em junho, numa reversão depois de dois meses de dados negativos, o varejo restrito e o ampliado experimentaram elevação, pela ordem, de 1,5% e 2,4%. No mês seguinte, ainda em terreno positivo, o avanço ficou em 1,3% e em 1,4% para o varejo restrito e para o setor varejista ampliado, na mesma ordem.

Claramente, houve uma desaceleração, mais intensa no varejo amplo em função, aparentemente, do fim dos incentivos às vendas de automóveis. Comparadas aos níveis de março deste ano, o varejo restrito acumula recuo de 0,8%, mas o comércio varejista ampliado caiu 4,7%. Sob condições e ritmos diversos, o comércio na média de todo o País manteve-se quase em estagnação, no caso do varejo convencional, que apresentou em julho variação de apenas 0,2% em relação a março deste ano. Na mesma comparação, o varejo ampliado sofreu baixa de 1,7%.

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Diferenças

Uma diferença está no fato de que as vendas do varejo tradicional registraram até alguma aceleração no restante do País, com a variação saindo de 0,1% para 0,7% em junho e julho, na comparação com os meses imediatamente anteriores. A tendência no varejo amplo, ao contrário, amplia os indícios de desaceleração ao mostrar recuo de 0,3% nas vendas em julho, depois de um avanço de 1,3% um mês antes. Neste caso, o móvito central parece estar no segmento de veículos, motos, suas partes e peças, que devolveram parte do salto de 8,8% em junho, caindo 6,2% no mês seguinte.

Balanço

  • Comparadas a iguais meses do ano passado, as vendas tiveram desempenho muito modesto ou sofreram baixas em julho, especialmente em Goiás. Na média de todo o País, o varejo restrito experimentou crescimento de 2,4%, num ritmo mais intenso do que a taxa de 1,4% colhida pela pesquisa do IBGE em junho.
  • No primeiro caso, a alta de 1,6% nas vendas de tecidos, roupas e calçados e o salto de 10,8% nas vendas de eletrodomésticos compensaram a queda de 2,8% nas vendas de combustíveis e lubrificantes. A destacar: as lojas e tecidos, vestuário e calçados haviam desabado 18,2% e 6,3% em maio e junho, comparado aos mesmos dois meses do ano passado; já as vendas de eletrodomésticos haviam saltado 6,8% e 8,3% naqueles mesmos dois meses.
  • O varejo amplo apresentou elevação de 6,6% em julho depois de crescer 8,3% no mês anterior, igualmente na comparação com junho e julho de 2022. Nesta área, considerando os meses de junho e julho ainda, as vendas de veículos, motos e peças cresceram, respectivamente, 17,8% e 9,8%. Nas lojas de materiais de construção, as vendas caíram 2,4% e 0,3% (e já haviam baixado 2,0% em maio).
  • O atacado de alimentos, bebidas e fumo saltaram 21,4% em junho e 19,6% em julho, depois de terem crescido 18,3% em maio, possivelmente refletindo a queda nos preços dos produtos alimentícios, especialmente no caso de carnes, aves e ovos, leite, legumes e verduras, como mostram os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
  • O varejo restrito em Goiás registrou o oitavo pior resultado entre os Estados pesquisados pelo IBGE, variando meramente 0,2% em julho, o que se compara com uma variação de 0,9% em junho. As vendas no setor foram sustentadas, na média, pelo crescimento de 1,5% nas vendas de hiper, supermercados, alimentos, bebidas e fumo, com avanços ainda de 4,4% para tecidos, vestuário e calçados e de 11,5% para artigos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e produtos médicos e ortopédicos.
  • Na outra ponta, houve perdas de 9,0% para o varejo de móveis e eletrodomésticos, com baixas de 17,6% e de 17,4% para papelarias e revistarias de um lado e para as lojas de equipamentos de informática e comunicação. Os demais artigos de uso pessoa e doméstico venderam 3,5% a menos em julho.
  • No varejo ampliado, o desempenho goiano foi o terceiro pior, com queda de 1,8% na comparação entre julho deste ano e igual mês de 2022, refletindo a retração de 2,9% nas vendas de veículos – já que materiais de construção e o atacado de alimento, bebidas e fumo venderam 1,7% e 9,7% a mais, respectivamente.