Setor de serviços atinge maior nível da série histórica em Goiás

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 15 de setembro de 2023

Numa tendência que, de certa forma, vem na contramão do que tem ocorrido no restante do País, o nível de atividade no setor de serviços em Goiás atingiu, em julho, seu índice mais elevado em toda a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), crescendo 5,6% entre junho e julho, no melhor desempenho entre os Estados acompanhados pelo instituto. Na comparação com julho do ano passado, os serviços experimentaram crescimento de 9,4% no Estado, acumulando alta de 7,6% nos sete primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.

Parte desse crescimento veio ainda embalado pela colheita de uma safra igualmente histórica no Estado, com a produção de grãos atingindo 32,619 milhões de toneladas na safra 2022/23, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), crescendo 13,1% frente às 28,834 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2021/22 – uma produção adicional de quase 3,785 milhões de toneladas. Todo esse volume contribuiu para movimentar o transporte de cargas, envolvendo principalmente caminhões, e a rede de armazéns graneleiros no Estado.

O setor de transportes, armazenagem e correios, de forma agregada, experimentou elevação de 15,6% em julho, em relação a igual mês do ano passado, acumulando alta de 10,9% em sete meses. A atividade nesta área havia registrado variação de 5,5% em maio, chegando ao mês seguinte com crescimento de 14,3%, o que mostra uma tendência de aceleração possivelmente relacionada à colheita de cana, acelerada nos últimos meses, e da segunda safra de milho. Ainda na estimativa da Conab, Goiás deve ter colhido em torno de 11,082 milhões de toneladas de milho na segunda safra, volume 40% maior do que no ano passado.

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Tecnologia da informação

Os serviços de informação e comunicação, que incluem a área de tecnologia da informação e comunicação (TIC), havia registrado desaceleração importante de maio para junho, saindo de um aumento de 18,4% para um crescimento de 6,4% sempre em relação aos mesmos meses de 2022. Evidentemente, a taxa de junho ainda era expressiva e só se configuraria o desaquecimento caso o resultado de julho viesse ainda pior. Não foi o que aconteceu, já que a pesquisa mensal do IBGE apontou um crescimento de 15,0% em relação a julho de 2022, trazendo o crescimento acumulado no ano, até julho, para 11,5%.

Balanço

  • As demais categorias, incluindo atividades turísticas, vieram com dados negativos em julho, sugerindo uma tendência mais próxima daquela observada para todo o setor de serviços no País, que continuou crescendo em julho, mas num ritmo mais modesto do que nos meses anteriores.
  • Em Goiás, sempre em relação ao mesmo período do ano passado, os serviços prestados às famílias, que incluem os setores de bares, restaurantes, hotelaria e outros, despencaram 5,6% em julho, depois de baixas de 1,9% e de 2,8% em maio e junho, respectivamente. Os serviços profissionais, administrativos e complementares já haviam anotado certa desaceleração entre maio e junho, saindo de uma taxa de crescimento de 7,7% para um avanço de 2,1%. Em julho, a pesquisa anotou recuo de 1,8%. Comparado aos sete primeiros meses do ano passado, o nível de atividade dos serviços profissionais acumula recuo de 0,5%.
  • O segmento “outros serviços”, por sua vez, havia deixado para trás uma taxa positiva de 6,5% em maio para recuar 1,2% em junho e desabar 7,6% em julho. Esse comportamento influiu na perda de fôlego da taxa de variação acumulada no ano, que passou de crescimento de 11,6% até maio para altas de 9,3% e de 6,9% em junho e julho, confirmando os efeitos do desaquecimento no setor.
  • O turismo avançou 0,7% em julho, na comparação com junho, quando havia registrado queda de 4,9% frente a maio. Na comparação com os mesmos meses do ano passado, houve crescimento de 6,5% em maio, mas quedas de 1,2% e de 2,6% em junho e julho. No acumulado do ano, o crescimento, que havia sido de 6,5% em maio, murchou para 3,8% em julho, considerando a comparação entre os sete meses iniciais deste ano e o mesmo intervalo de 2022.
  • No País como um todo, os serviços chegaram a julho com a terceira marca positiva em três meses, com taxas de 1,5% em maio, de 0,2% em junho e de 0,5% em julho, tomando o mês imediatamente anterior como base para comparação, gerando um crescimento acumulado no período de 2,2%. A despeito desses resultados, a comparação com os mesmos meses de 2022 sugere que a perda de força no setor ainda predomina, como tendência. Em maio, junho e julho, as taxas foram decrescentes, com avanços respectivamente de 5,1%, de 4,0% e de 3,5%.
  • Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “o mercado de serviços tende a ser mais associado à renda corrente das famílias e empresas, favorecida pela desaceleração da inflação e pela melhoria do emprego no País. Assim, o desempenho dos serviços segue na frente dos demais setores” da economia.
  • De toda forma, ao contrário do que ocorre em Goiás, a atividade nos serviços chegou a recuar 0,9% em relação a seu melhor momento na série histórica do IBGE, registrado em dezembro do ano passado. Mais claramente, o setor passou a crescer menos nos meses seguintes, com quedas eventuais ao longo do percurso, depois de registrar um ponto máximo das atividades ao final do ano passado.