Indústria goiana mantém reação, sustentada pelo setor de alimentos

Publicado por: Lauro Veiga Filho | Postado em: 14 de setembro de 2023

A produção da indústria goiana em julho chegou a derrapar na comparação com junho, recuando 0,4% nessa comparação, mas conseguiu sustentar a reação iniciada ao final do primeiro semestre, ainda que, como mostram os dados da pesquisa mensal sobre a produção industrial regional, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com alguma desaceleração em relação ao ritmo observado no mês imediatamente anterior. Nos dados agora revisados, a produção havia crescido 2,5% na passagem de maio para junho, acima da variação de 1,8% anotada na versão divulgada no mês passado pelo IBGE, passando a recuar em julho. A indústria de alimentos, como aponta o levantamento, tem fornecido sustentação essencial para o desempenho do setor industrial como um todo no curtíssimo prazo, numa contribuição mais relevante mesmo do que a participação do setor no valor adicionado da indústria local.

Ainda em junho, agora em relação ao mesmo mês do ano passado, a produção goiana chegou a avançar 6,0% – mais uma vez superando a estimativa anterior, que havia indicado uma elevação de 4,8% naquela mesma comparação. O crescimento em julho, diante de igual período de 2022, manteve-se vigoroso, na faixa de 5,0%, ainda assim levemente inferior à intensidade observada 30 dias antes. A pesquisa do IBGE, como se sabe, traz dados desagregados por setor de atividade apenas na comparação com os mesmos períodos do ano passado, sem estatísticas dessazonalizadas que permitam aferir o comportamento mês a mês da produção entre os principais segmentos da indústria.

Considerando julho do ano passado como base, sete entre os 13 setores acompanhados no Estado pelo IBGE registraram números positivos, com perdas para meia dúzia de segmentos, com amplo destaque para os tombos de 29,3%, de 25,3% e de 20,1% sofrido, naquela mesma ordem, pelas confecções, pelas montadoras de veículos e pela indústria de produtos de metal. Na ponta oposta, os ganhos foram percentualmente mais importantes para a metalurgia, com salto de 37,3%, para produtos químicos, que registraram alta de 19,0%, e para a indústria de máquinas e equipamentos, que experimentou avanço de 17,6%.

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Com exceção da metalurgia, sustentada pelo desempenho positivo da fabricação de ligas de ferronióbio e ferroníquel e no processamento de ouro, as indústrias química e de máquinas e equipamentos vinham de resultados ruins, tanto que fecharam os sete primeiros meses do ano em queda respectivamente de 8,7% e de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O número parece explicar, ao menos parcialmente, a reação observada em julho, dado o nível mais reduzido de comparação alcançado nos meses anteriores.

Balanço

  • A produção de alimentos industrializados observou crescimento relativamente mais modestos do que os setores já mencionados, com altas de 10,1% em julho e de 5,3% no acumulado nos primeiros sete meses de 2023 frente aos mesmos sete meses do ano passado. No mês, o setor de produtos alimentícios contribuiu com nada menos do que 82,8% para o crescimento de 5,0% registrado pelo conjunto da indústria. Excluída a indústria de alimentos, o restante do setor industrial teria experimentado variação pouco abaixo de 0,9%.
  • No acumulado até julho, a exclusão da indústria de alimentos produziria uma redução de 1,24%. Obviamente, trata-se de um exercício para demonstrar a importância evidente do setor de alimentação, devido ao seu peso na formação do valor agregado industrial. No acumulado do ano, sete entre 13 setores alcançaram resultados positivos, com baixas para os seis restantes.
  • Os números do setor de fabricação de produtos alimentícios foram influenciados pelo crescimento da produção de carnes de bovinos e de aves, leite condensado e açúcar, em parte como resultado do avanço das exportações (caso das carnes e do açúcar), mas também como consequência de uma reação da demanda doméstica, em um dos reflexos da queda experimentada mais recentemente pelos preços daqueles produtos.
  • A produção de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu 2,6% em julho, mas manteve-se em queda de 1,7% no acumulado ao longo deste ano. Os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a produção combinada de biodiesel e etanol chegou a crescer 14,8% entre junho e julho deste ano, saindo de 842,86 milhões para 967,82 milhões de litros. Comparada a julho do ano passado, quando o setor havia produzido 946,18 milhões de litros, o setor registrou crescimento de 2,3%.
  • Entre janeiro e julho do ano passado, a produção de etanol e biodiesel, com destaque para o primeiro, havia alcançado 3,291 bilhões de litros, recuando 0,5% em igual período deste ano, para 3,276 bilhões de litros. A queda ficou concentrada no setor de etanol, onde a produção baixou de 2,694 bilhões para 2,632 bilhões de litros, em baixa de 2,3% sempre nos sete primeiros meses de cada ano. Já a produção de biodiesel avançou 7,8%, saindo de 596,98 milhões para 643,73 milhões de litros.