Santa Casa pede socorro ao Estado e a prefeitura
Superintendência administrativa da instituição aguarda posição sobre complementação de consultas que pode diminuir filas no hospital
Por: Redação

Deivid Souza
Diante dos problemas provocados pelo “subfinanciamento” do Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo crescimento na demanda, a superintendência da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia busca alternativas de recursos junto à Prefeitura e a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Segundo o superintendente administrativo da instituição, Aderrone Vieira Mendes, R$ 5 milhões fariam grande diferença no atendimento às consultas.
A ideia é complementar o valor repassado pelo SUS por consulta, hoje em R$ 10. Ele sustenta que com o acréscimo, teria poder de barganha junto aos médicos e teria condições de reduzir as filas e os transtornos como aconteceu ontem (leia mais abaixo). “Nós trabalhamos juntos, tanto com o Município como principalmente como Estado, para verificar se existe a possibilidade de nós criarmos uma necessidade diferenciada de assistência, onde a gente não fique na dependência exclusivamente dos 10 reais do SUS”, explica.
A organização do SUS não responsabiliza o Estado pelo atendimento às consultas médicas como às da Santa Casa. No entanto, segundo Aderrone, já existe uma parceria semelhante no funcionamento dos leitos de UTI com o Estado.
Pacientes continuam atrás de atendimento
Parte dos usuários que procurou a Santa Casa ontem voltou para casa sem atendimento. Embora a unidade tenha enviado um comunicado à imprensa na sexta-feira, que O Hoje publicou, avisando que não haveria disponibilidade de consultas para as especialidades: cardiologia, urologia e risco cirúrgico. Mesmo assim, muitas pessoas se dirigiram até o local. Na porta do estabelecimento também havia cartazes informando o não atendimento. Assim que as portas foram abertas, no início da manhã, o funcionário que controla a entrada e saída teve dificuldade devido ao tamanho da fila que só acabou no meio da manhã.
O aposentado, José Moreira dos Santos, 71, esperava a hora de voltar para Aurilândia, que fica a 130 quilômetros de Goiânia, na Região Central do Estado. Com o resultado de uma biópsia da próstata para entregar, ele contou ao O Hoje que tenta retorno com o urologista desde setembro do ano passado. “A cirurgia já está até liberada, mas até agora não consegui a consulta. Falaram para eu ligar depois do Carnaval”, relatou.
Cerca de 15 mil pessoas foram prejudicadas
A dona de casa, Ana Pereira Xavier, 53, contou que chegou às 1h da madrugada para garantir a consulta com um reumatologista e deu certo. “Eu fui atendida e ficou marcado para abril”, comemorava.
A administração da Santa Casa explicou que a não oferta das consultas para as especialidades descritas acima foi motivada pelo acúmulo de demanda provocado pelas paralisações de dezembro e janeiro, quando funcionários entraram em greve por não ter recebido salários. Cerca de 15 mil pessoas foram prejudicadas. A Prefeitura de Goiânia atrasou o repasse nas duas ocasiões.
“Nós já prevemos que em março o hospital em si, não a população, terá dificuldade financeira. Por que não consegui cumprir minhas metas de janeiro, porque eu não recebi da Prefeitura. E aí em março eles vão me imputar uma multa. Então nós vamos buscar medidas legais para representar a Prefeitura porque ela está impingindo a nós um risco que não é nosso”, afirmou Mendes. Atualmente, os repasses estão em dia.