São Paulo inaugura monumento em homenagem a moradores de rua assassinados

O monumento homenageia sete moradores de rua assassinados em 2004

Postado em: 19-02-2016 às 15h19
Por: Redação
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O monumento homenageia sete moradores de rua assassinados em 2004

Um monumento em homenagem a sete moradores de rua
assassinados em 2004. em um episódio que ficou conhecido como Massacre da
Sé, foi inaugurado nesta sexta-feira (19), no centro da capital paulista. Ao
todo, 15 pessoas foram atacadas a pauladas enquanto dormiam nas escadarias da
Catedral da Sé. Os autores do crime nunca foram identificados. Dois policiais
militares e um segurança particular chegaram a ser presos como suspeitos, mas
foram liberados por falta de provas.

A placa, que fica na praça em frente à catedral onde ocorreram
as agressões, tem um desenho feito pelo morador de rua Deverson Max das Dores,
de 20 anos. Na imagem, os homens aparecem em atitudes corriqueiras – fumando um
cigarro, enrolados em um cobertor e acariciando um cachorro. “Quis representar
eles vivos, não mortos, e nos lugares onde estavam acostumados a ficar”, disse
o artista.

Também em situação de rua e ativista dos direitos dos
sem-teto, Sebastião Nicomedes de Oliveira lembrou que o crime permanece impune.
“Os assassinos podem estar aqui, no nosso meio, olhando para a gente agora,
como estavam nos sepultamentos. Eles não foram condenados, não foram sequer
reconhecidos”, ressaltou Oliveira, durante a cerimônia de inauguração do
monumento.

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Segundo Oliveira, as pessoas que vivem nas ruas continuam
sofrendo violência. “A violência contra as pessoas da rua não acabou. Ela só
piora no país inteiro. Morrem de frio, morrem queimados, morrem de tudo quanto
é jeito”, disse. O artista lembrou que  ainda ocorrem na cidade crimes
semelhantes ao Massacre da Sé. “As mortes continuam. Hoje não se fala nas
mortes, porque é uma aqui e outra ali. Naquele momento, foram muitas de uma vez
só, não tinha como esconder.”

As agressões institucionais, cometidas por agentes da Guarda
Civil Metropolitana durante ações para remoção de barracas dos espaços
públicos, foi destacada pelo padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do
Povo de Rua. “O rapa continua todo o dia tirando as coisas do povo da
rua”, disse o sacerdote, sob aplausos dos sem-teto que acompanhavam a
solenidade. “Tira documento, tira roupa, ou não tira?”, continuou Lancelotti,
recebendo respostas afirmativas.

Ao discursar ao final do evento, o secretário municipal de
Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, disse que o prefeito Fernando Haddad vai
editar uma norma para evitar abusos dos agentes municipais contra os moradores
de rua. “Nós aqui fizemos questão de dar oportunidade a todos os que quiseram
falar para expressar seus sentimentos. Que seja este momento em memória ao
movimento da população em situação de rua um marco de transformação na direção
de muito daquilo que vocês pediram”, ressaltou o secretário.

“Sempre deverá haver um diálogo de respeito com a população em situação de
rua”, garantiu Suplicy. (Agência Brasil)

Foto: reprodução

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