USP desenvolve equipamento que faz cegos perceberem obstáculos por meio dos sons

O aparelho detecta os objetos ao redor da pessoa e produz sons, ouvidos via um fone de ouvido, que dão ao usuário a sensação de estarem saindo dos objetos

Postado em: 28-02-2016 às 17h10
Por: Redação
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O aparelho detecta os objetos ao redor da pessoa e produz sons, ouvidos via um fone de ouvido, que dão ao usuário a sensação de estarem saindo dos objetos

O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC)
da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, está desenvolvendo um
equipamento que possibilitará a pessoas com deficiência visual enxergar
obstáculos por meio do som.

“A pessoa consegue sentir a posição de onde vem o som. O som
não está sendo emitido pelo obstáculo, é o equipamento que detecta a posição do
obstáculo e produz artificialmente um som que parece estar vindo dali”,
explicou o coordenador do projeto, professor do ICMC Francisco José Mônaco.

O sistema, batizado de SoundSee, funciona em um dispositivo
portátil, menor do que um aparelho de celular, que pode ser carregado no bolso.
Segundo o professor, o equipamento usa um mecanismo de ecolocalização, o mesmo
do qual se utilizam alguns animais, como os morcegos, que emitem sons e escutam
o eco produzido pelos obstáculos para se guiarem. Com o auxílio de um software,
que calcula a posição dos obstáculos, o aparelho gera sons tridimensionais que
auxiliam o usuário a detectar a presença dos obstáculos.

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“O usuário, o deficiente visual, no caso, tem a sensação,
por meio dos sons, como se visse um obstáculo à direita dele, uma porta à
frente. Com o passar do tempo, com um pouco de treino, o usuário começa a
enxergar ou sentir o ambiente, sem que o aparelho precise buzinar, ou falar
obstáculo à direita, à esquerda. São as sensações espaciais do som”, disse.

De acordo com o coordenador, para aprimorar o sistema, estão
sendo realizados estudos sobre o funcionamento da orientação espacial
psicoacústica, que é a capacidade do ser humano perceber a direção de onde
determinado som provem. “Por exemplo, é interessante saber como criar sons que
permitam ao usuário sentir a geometria do ambiente e verificar como é possível
propiciar uma substituição sensorial que, de certo modo, permita ao deficiente
visual enxergar por meio do som”.

O sistema começou a ser construído em 2014, e está hoje na
sua terceira versão de hardware. Os testes do aparelho com deficientes visuais
começarão a ser realizados ainda no primeiro semestre. Até o final do ano, os
pesquisadores esperam já ter um produto praticamente pronto para ser fabricado
em larga escala. “A equipe do projeto está se preparando para realizar
experimentos com deficientes visuais, o que envolve rígidos protocolos de
experimentação, pré-requisitos éticos e cuidados especiais”.

A pesquisa do projeto, que terá os resultados divulgados
gratuitamente, teve a participação das professoras Vanessa Nunes de Souza e
Tarsila Curtu Miranda, do Centro Universitário Central Paulista (UNICEP), e dos
alunos-pesquisadores Renê de Souza Pinto, Rafael Miranda Lopes e Lucas Crocomo,
além de outros colaboradores.

Os estudos são realizados no Laboratório de
Sistemas Distribuídos e Programação Concorrente (LaSDPC), do Departamento de
Sistemas de Computação (SSC) do ICMC, com apoio do Núcleo de Apoio a Pesquisa
em Software Livre (NAPSoL) da USP.

(Agência Brasil) (Imagem-reprodução) 

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