Pátio vira cemitério de veículos apreendidos

Local é visitado com frequência por agentes de endemias para evitar proliferação do mosquito Aedes aegypti

Postado em: 28-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Local é visitado com frequência por agentes de endemias para evitar proliferação do mosquito Aedes aegypti

Karla Araujo

Aproximadamente quatro mil veículos automotores estão se transformando em sucata nos pátios do Complexo de Delegacias Especializadas da Polícia Civil, no Setor Cidade Jardim, em Goiânia. Carros, motos e até um caminhão estão parados porque fazem parte de algum processo que ainda está na Justiça. De acordo com a Polícia Civil, os veículos são de responsabilidade do Poder Judiciário, que não possui espaço para guardá-los. 

A polícia aponta que a falta de interesse das seguradoras em retirar carros pelos quais já foi pago seguro por roubo ao proprietário agrava ainda mais a situação. Além disso, a burocracia impede que os veículos sejam rapidamente encaminhados a leilão – um deles está no local a quase cinco anos. Entretanto, a Polícia Civil garante que todos os veículos passam por perícia no momento em que são colocados dentro do espaço.

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Diante de tanto material acumulado, a proliferação do mosquito Aedes aegypti – transmissor dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela – também é uma preocupação. Para evitar o problema, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) faz vistorias constantes no local, que é considerado ponto vulnerável e estratégico.

Como solução para o acúmulo de carros apreendidos que eram usados no tráfico de drogas, a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) passou a utilizar veículos de luxo no trabalho das equipes da especializada. Um deles é uma Land Rover, avaliada em R$ 300 mil, que era utilizada por Marcelo Gomes de Oliveira, conhecido como Marcelo “zoio verde”, considerado pela polícia como um dos maiores traficantes de Goiás. Investigações apontam que a quadrilha comandada pelo traficante possuía bens avaliados em mais de R$ 80 milhões. 

Além da Land Rover, outros dez carros, que também pertenciam ao grupo do traficante agora estão à disposição da polícia. A lei que mudou a destinação destes veículos foi reformulada em 2012, mas abrange apenas automóveis que eram utilizados pelo tráfico de drogas. Em fevereiro de 2015, o juiz federal Alberico Rocha determinou que vários veículos fossem usados pela polícia e enviou mais de 500 carros para leilão antes mesmo de que o processo judicial terminasse.

Perícia

No início do mês, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) determinou que os veículos depositados no pátio da delegacia do município de Valparaíso de Goiás, localizado a 190 quilômetros de Goiânia, passem por perícias da especializada pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica. De acordo com o MPGO, em 2013, foi instaurado inquérito civil para apurar a regularidade quanto ao controle de depósito dos bens apreendidos perante a 2ª Delegacia Distrital de Polícia (DDP) de Valparaíso.

Ainda segundo MPGO, a investigação constatou diversas irregularidades, algumas delas já sanadas pelo titular da delegacia. Entretanto, alguns veículos continuaram sem passar por perícia e, por isso, a determinação do Ministério Público. Quanto aos carros armazenados no pátio de Goiânia, a Polícia Civil garante que estão no local de forma regular. No caso de Valparaíso, os veículos já estão sendo periciados.  

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