Familiares de cinegrafista goiano ainda não decidiram local de enterro

Renan Castro

A família do cinegrafista goiano Ari
Ferreira de Araújo Júnior, 48, conhecido como Ari Júnior, ainda não decidiu
onde será realizado o enterro do profissional morto em um acidente aéreo, na
madrugada de ontem (29), próximo ao aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro,
perto de Medelín, na Colômbia. Ari estava com a delegação da Associação
Chapecoense de Futebol que iria disputar hoje (30) a final da Copa Sul-Americana
contra o Atlético Nacional de Medelín.

Em entrevista a reportagem de O
Hoje, o filho do cinegrafista, Thalisson Rodrigues de Araújo, 26, afirmou que
os familiares ainda não têm detalhes de como será o traslado do corpo. “Não
temos nada oficial ainda. A Rede Globo nos disse que mandou uma equipe para lá
para cuidar de tudo”, revela. Thalisson conta ainda que a Rede Globo irá
custear o traslado do corpo do cinegrafista para no Brasil.

O jovem destaca que acordou cedo
para ir trabalhar e soube do acidente por meio dos noticiários. “Sou
cinegrafista na parte da manhã e estagiário na TV Serra Dourada. E acordei com
essa notícia”, ressalta.

Thalisson afirma que o pai era
muito atencioso mesmo com as constantes viagens de trabalho que o impediam de ficar
mais tempo com a família. “A última vez que eu o vi foi há dois meses e ele
estava muito feliz. Era sempre assim”, relembra. Como profissional, segundo
Thalisson, o cinegrafista era também muito exemplar e gostava de fazer seu
serviço bem feito.

O acidente

O avião saiu de São Paulo e
pousou em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Logo após, pegou uma conexão
para Colômbia onde caiu. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.
Antes da queda, o piloto informou a central que havia uma pane elétrica na
aeronave. Mais de setenta pessoas morreram e apenas seis sobreviveram. Jornais
do mundo inteiro repercutiram o acidente.

Cinegrafista começou
na TV Serra Dourada

O cinegrafista Ari Júnior iniciou
sua carreira TV Serra Dourada. Primeiramente, trabalhou como porteiro até
entrar para a cinegrafia. Em 1990, foi para a TV Anhanguera, filiada Rede
Globo, onde permaneceu até 1997. Ari produziu imagens muito importantes
enquanto esteve na televisão goiana, como a da Caminhada Ecológica entre Aruanã
e Goiânia, em 1996, às margens do Rio Araguaia. O talento com as câmeras
rapidamente chamou a atenção da Rede Globo em São Paulo, para onde se mudou
depois de 1997.

Após 15 anos na capital paulista,
Ari foi convidado para trabalhar na Rede Globo do Rio de Janeiro em 2012.
Quando ocorreu o terremoto no Nepal, em 2015, Ari estava lá com a equipe do
programa Planeta Extremo e registrou imagens que circularam o mundo inteiro.

Torcedor do Goiás Esporte Clube,
o cinegrafista nasceu em Goiânia e morou por muitos anos em Trindade, onde vive
parte de sua família. Ari era devoto do Divino Pai Eterno e deixa quatro
filhos.

“Ari nunca perdeu a simplicidade”, revela amiga

A jornalista Janete Ferreira
trabalhou com Ari na TV Serra Dourada. Ela conta que, na época, era estagiária
e Ari trabalhava na portaria. Sempre brincalhão Ari conquistou a simpatia dos
colegas e mesmo após o sucesso como cinegrafista nuca esqueceu as raízes em
Goiás. “Ele vivia falando em Trindade e queria manter contato sempre com os
amigos. Nunca perdeu a simplicidade. E era muito divertido” relembra.

Janete afirma que o último
encontro que teve com Ari foi no dia 9 de novembro em um vôo de Goiânia para o
Rio de Janeiro. “Por coincidência estávamos no mesmo vôo. Ele veio a Goiânia
para fazer uma reportagem e naquele dia voltava para o Rio. Conversamos muito e
ele me cobrou uma festa que eu deveria ter organizado há muito tempo com os
pioneiros da TV Serra Dourada”, revela. A jornalista conta que este ano a festa
seria realizada e Ari disse que voltaria para Goiás antes do Natal e ficaria
até o início de 2016.