Obras do trecho 2 do BRT estão 83% concluídas

Trecho é o maior que está em andamento e vai do Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Isidória | Foto: Jota Eurípedes

Postado em: 25-05-2021 às 08h02
Por: João Paulo
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Trecho é o maior que está em andamento e vai do Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Isidória | Foto: Jota Eurípedes

As obras do trecho 2 do BRT estão 83% concluídas, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra). Esse trecho é o maior que está em andamento e abrange o Terminal Recanto do Bosque até o Terminal Isidória. A pasta destaca que, atualmente, os trabalhos se concentram na pavimentação entre a Rua 1 e a Praça Cívica, no sentido Norte-Centro. Também estão sendo realizados os trabalhos de asfaltamentos entre a Praça Cívica e a Avenida Anhanguera, no sentido Centro-Norte. Esses trechos, segundo a pasta, estão interditados.

O último trecho em questão que será finalizado é a Praça Cívica. O Hoje adiantou que as obras do BRT sofreram algumas alterações e a principal praça da região central também passou por modificação. Segundo a Seinfra, ao invés de duas faixas no anel interno para os ônibus, serão três. Desse jeito, o canteiro atual onde estão localizados os pontos de ônibus será mantido. Apesar disso, a prefeitura não deu uma previsão de quando se dará início à obra nesse trecho.

A Seinfra destaca que outras obras que compõem o trecho estão sendo executadas, como o os terminais Isidória e Perimetral e o viaduto da Avenida Perimetral Norte. Esta era outra obra que precisou passar por uma revisão. A ideia inicial era de que fosse realizado um viaduto de dois níveis, em que o BRT seguisse o nível atual, mas a Perimetral seria rebaixada. Porém, a prefeitura encontrou dificuldades para acertar as desapropriações de parte dos lotes localizados nas esquinas do trecho.

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Além disso, a Seinfra reforça que estão sendo realizadas obras de calçadas com acessibilidade e pavimentação da Avenida Goiás. A via em questão acabou se tornando de grande valia para os arqueólogos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Isso porque foram identificadas estruturas de saneamento realizadas no início da construção da Capital, em 1930. Com isso, fica evidente o conceito de modernidade idealizado por Pedro Ludovico Teixeira.

A descoberta foi feita em frente ao Grande Hotel, que é um dos principais edifícios construídos no estilo art déco. Localizado na Avenida Goiás, a descoberta foi realizada durante as obras feitas para a construção de um novo bueiro para escoamento das águas. Segundo o Iphan, a estrutura estava na antiga galeria fluvial sob uma fina camada de concreto.

Elaine Alencastro, arqueóloga responsável pela pesquisa, aponta que a galeria pluvial foi fabricada na mesma época da construção do Grande Hotel. A obra era avançada à época pois, no período, não havia coleta de esgoto na Capital.  “A preocupação dos engenheiros responsáveis pela construção do Grande Hotel demonstra que eles estavam completamente alinhados, não só com os aspectos estéticos da época, mas também com os ideais de saneamento público já consolidado na Europa”, pontuou.

Diante da descoberta, o achado foi protegido após a conclusão de um novo bueiro e encontra-se mantido sob o atual calçamento. A parte externa da estrutura foi vedada por um tecido impermeável conhecido como Bidim e revestida por camadas de areia e brita, previstas no projeto de pavimentação.

O arqueólogo Danilo Curado reforça que identificar essas estruturas antigas demonstra a importância das políticas públicas para a preservação de um Patrimônio Cultural. “Tais descobertas evidenciam a relevância do licenciamento ambiental e das pesquisas arqueológicas. Há que se pensar que por décadas aquelas estruturas ficaram soterradas enquanto o crescimento da capital de Goiás se agigantava, e hoje, este testemunho arqueológico representa a vívida memória de um projeto ousado, que consistiu na transferência da capital da antiga Vila Boa para a emergente Goiânia”, afirmou Curado.

Proteção

Em descobertas como essa, o Iphan orienta que o correto é fazer a pesquisa, levantar e analisar o máximo de dados possíveis e, logo em seguida, proteger a estrutura. Dessa forma, há o aval para que novas construções possam ser realizadas. “É importante frisar que a antiga galeria se encontra protegida, mantendo-se inalterada abaixo das novas pavimentações, permitindo que as futuras gerações tenham acesso a elas, se acaso um dia houver interesse de novas pesquisas”, expôs Curado.

O novo achado fez com o que Goiânia ganhasse uma nova peça no quebra-cabeça sobre a história da cidade. O município, inclusive, conta com um grande número de construções inseridas no Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia, reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro.

“No momento em que acabamos de finalizar a obra da Torre do Relógio da Avenida Goiás, marco indiscutível da ambiência cultural goiana, a identificação das antigas galerias pluviais credencia o mérito dos construtores da cidade, os quais buscavam pelas melhores técnicas à época, importando conceitos europeus de salubridade e infraestrutura urbana”, aponta o superintendente do Iphan, Allyson Cabral.

As pesquisas arqueológicas no licenciamento ambiental no BRT têm previsão para ocorrer até o mês de julho. Neste mês, todos os relatórios arqueológicos serão entregues e disponíveis a toda a sociedade.

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