Policial aponta 10 problemas que o Caso Lázaro representa sobre o Brasil

Lázaro foi capturado e morto em troca de tiros com a polícia hoje após 20 dias de buscas, em Águas Lindas de Goiás.

Postado em: 28-06-2021 às 16h56
Por: Alice Orth
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Lázaro foi capturado e morto em troca de tiros com a polícia hoje após 20 dias de buscas, em Águas Lindas de Goiás. | Foto: Reprodução

O policial, professor e doutorando em Direitos Humanos Fabrício Rosa listou nesta segunda-feira (18/06), em suas redes sociais, os dez problemas que acredita que o Caso Lázaro mostram sobre o momento atual do país. Lázaro foi capturado e morto em troca de tiros com a polícia hoje após 20 dias de buscas, em Águas Lindas de Goiás.

De acordo com o policial, Lázaro mostra a incapacidade do sistema prisional brasileiro. O suspeito já havia sido preso e chegou a escapar algumas vezes. Na penitenciária, não houve possibilidade de reabilitação ou de mantê-lo sob tutela do Estado.

Ele aponta também o que chama de “hipocrisia armamentista da extrema direita”. “Se as armas usadas por Lázaro durante sua fuga foram roubadas de fazendeiros e se, com elas em mãos, ele agia com extrema violência contra chacareiros e contra policiais fortemente armados, seria correto concluir que mais armas resolverão nossos problemas?”, questiona.

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Rosa lembra do “oportunismo” de Magda Mofatto, Pastor Izidoro, Sargento Fahur e outras figuras políticas que “desmerecerem o trabalho da polícia, incitam a violência e colocam a vergonha alheia no centro do palco midiático-político-policial”.

Ele menciona ainda a incapacidade do Estado de investigar mais profundamente as motivações de Lázaro, assim como garantir a punição definida pelo Estado de Direito, a atuação fora da legalidade com exibição do corpo, excesso de força e perseguição com morte de pessoas que se posicionaram a favor do acusado em mídias sociais.

O policial critica a falta de humanização e espetacularização do caso por parte da mídia, que causaram perseguição e ameaças a pessoas que não estavam envolvidas com o suspeito; o racismo e difamação religiosa, que causaram invasão de templos dedicados a crenças de matriz africana; um “disque-Lázaro” criado rapidamente, enquanto não há o mesmo meio de comunicação para outros crimes; e a falta de unidade entre as polícias, que me mesmo atuando em conjunto, tiveram dificuldade de chegar a decisões e estratégias por falta de um comando unificador.

“Vivemos uma sociedade pré-jurídica, hipócrita e preguiçosa”, escreveu. “O Estado brasileiro é apenas a concretização de tudo isso. ‘Amar ao próximo’, ‘Perdoar 70 vezes 7’, ‘Constituição Federal’, ‘Dignidade Humana’ são mitos operacionalizados seletivamente. Matar, na nossa preguiça institucional e vontade primitiva de vingança, será sempre mais fácil que responsabilizar e desenvolver políticas públicas”.

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