Mortes no trânsito em 2021 já supera todo ano de 2020 em Goiânia

De acordo com a Dict, foram 111 mortes registrada até a última segunda-feira (19) ante 101 óbitos registrados nos 365 dias do ano passado

Postado em: 21-07-2021 às 08h05
Por: João Paulo
Imagem Ilustrando a Notícia: Mortes no trânsito em 2021 já supera todo ano de 2020 em Goiânia
De acordo com a Dict, foram 111 mortes registrada até a última segunda-feira (19) ante 101 óbitos registrados nos 365 dias do ano passado | Foto: Reprodução

A violência no trânsito de Goiânia não para de surpreender. Dados da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) mostram que os números de mortes em acidentes na Capital registrados nos seis primeiros meses de 2021 já superam todo o valor de 2020. Já são 111 mortes registradas de janeiro até a última segunda (19), enquanto 101 foram notificadas no ano passado. 

A titular da pasta, Maíra Barcellos, destaca que as principais causas de acidente são a falta de atenção, excesso de velocidade e embriaguez ao volante. Um caso recente que foi atendido foi o acidente que ocorreu no KM 6 da GO-070, no último domingo (18). Na ocasião, Cláudio Rosa da Silva, de 48 anos, morreu após um carro bater na traseira de outro, perder o controle e invadir o lote em que ele, a esposa e mais três pessoas estavam. Apesar de ter sido levado ao hospital e não poder ser submetido ao teste do bafômetro, populares relataram à Dict que o motorista estava visivelmente embriagado. 

Além disso, a delegada destaca que chama atenção o número de mortes posteriores. “Antes, as pessoas lesionadas iam para o hospital, recebiam alta e se recuperavam. Hoje, o número de pessoas que estão morrendo após o acidente é muito grande. A gente não sabe se é a violência do impacto e a gravidade das lesões ou o acúmulo de serviço nos órgãos públicos de saúde. 

Continua após a publicidade

Maira destaca que o número de motociclistas mortos é bem acentuado. “A gente acredita que isso tem a ver com o aumento do número de trabalhadores que estão utilizando as motos para ganhar o seu dia a dia e isso aumenta a quantidade de pessoas nesta situação que são vítimas da violência no trânsito.”

Excesso de velocidade 

Recentemente, a Prefeitura de Goiânia divulgou um relatório com as 10 infrações de trânsito mais cometidas em 2021. De acordo com o balanço, o excesso de velocidade lidera o número com folga: 251.805 somente no primeiro semestre. O dado é mais do que o dobro de 2020, onde foram registradas 120.835 infrações da mesma natureza. As vias onde mais foram registradas excessos de velocidade ficam no Setor Central, sendo elas a Avenida Tocantins (21.109), Avenida Araguaia (21.534) e Avenida Paranaíba (18.701). A Rua 132, no Setor Sul, ocupa o quarto lugar e em seguida vem a Marginal Botafogo, ambas com 11.465 e 11.215 infrações, respectivamente.

Além da infração por excesso de velocidade, também aparecem entre as infrações de trânsito mais cometidas na Capital avançar o sinal vermelho do semáforo, com 31.810 ocorrências e transitar em faixa exclusiva do transporte público, com 30.546 ocorrências. Na sequência, aparecem no ranking estacionar em local/horário de estacionamento e parada proibidos pela sinalização, com 10.894 registros, parar sobre a faixa de pedestre

na mudança de sinal, com 7.160 infrações e, ainda, estacionar ao lado ou sobre o canteiro central, com 6.589 multas aplicadas.

Fecham a lista das infrações de trânsito mais cometidas em Goiânia estacionar no passeio/calçada, com 5.242 ocorrências, estacionar em local/horário proibido especificamente pela sinalização, com 5.073 registros, dirigir segurando ou manuseando aparelho celular, com 4.798 registros e executar operação de conversão em local proibido, com 2.115 ocorrências.

O secretário municipal de Mobilidade, Horário Mello, afirma que todas as infrações foram cometidas em vias sinalizadas. “Essas multas são somente em vias sinalizadas. Não há autuações em ruas sem sinalização. O trânsito mata e a única vacina é a mudança de comportamento”, alerta o titular da SMM sobre os cuidados no trânsito. Horácio revela ainda que a previsão é que esse número chegue a meio milhão no final de 2021.

Uma coisa que ainda chama atenção é que o número de mortes no trânsito de Goiânia já tinha aumentado no ano passado se comparado a 2019. O levantamento realizado pelo Projeto Vida no Trânsito traz que Goiânia registrou o aumento de 7% no número de mortes. Em 2020, foram 180 pessoas que perderam a vida na Capital, ante 168 óbitos registrados em 2019. O levantamento mostrou ainda que os motociclistas são as maiores vítimas (101). Em seguida vem os pedestres (36), ciclistas (17), condutor de veículo leve (11), passageiro de veículo (10), condutor ou passageiro de veículo pesado (3) e motorista ou passageiro de ônibus (1).

O estudo ainda revela que os homens são a maioria das vítimas fatais, representando 84% dos casos. O número aumentou em relaçao a 2019, quando 73% das mortes eram do sexo masculino. O sexo feminino compôs 16% das mortes no trânsito de Goiânia. Os meses de junho e setembro do ano passado foram os mais violentos nas ruas da Capital, representando 11% do total de mortes levantadas na pesquisa em cada mês. Quase empatado vem os meses de janeiro e agosto, onde ocorreu 10% dos óbitos em cada um. 

O levantamento traz que 59% das vítimas passaram, em média, três dias nos hospitais, mas não resistiram aos ferimentos e faleceram. Os principais fatores de risco levantados pelo estudo foram o abuso da velocidade (45%), a ingestão de álcool, que esteve presente em 33% dos casos, e a falta de estrutura, que resultou em 8% das mortes. 

O secretário de Saúde, Durval Peixoto, diz que o levantamento traz os reflexos que a violência no trânsito traz aos hospitais. A violência no trânsito impacta diretamente em três áreas: crescimento da ocupação de leitos, aumento na realização de cirurgias de alto custo e sequelas. Importante destacar também que a perigosa associação de velocidade e álcool continua ceifando vidas em nossa cidade”, pontuou.

O estudo também apresentou as vias mais violentas de Goiânia.  A Avenida Perimetral Norte é o local onde ocorreu a maioria das mortes. Na sequência temos as avenidas Castelo Branco, dos Alpes, Paulo Alves da Costa e Sergipe. O levantamento também destacou os trechos urbanos de rodovias que passam pela Capital e têm mais mortes: BR-060, BR-153, GO-060, GO-070, GO-040 e GO-462. 

Mortes de ciclista quase dobram durante a pandemia em Goiânia

O levantamento ainda mostrou que as mortes de ciclistas quase dobraram em 2020 na Capital. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o ano passado registrou 17 mortes de pessoas que transitavam nesse veículo. Em 2019, o número de vítimas fatais eram nove. De acordo com a pesquisa, em todos os casos, os ciclistas não estavam em ciclovias, ciclofaixa ou ciclorrotas. 

O fato é que o trânsito não é um lugar seguro para os mais vulneráveis. Quem diz e passou por isso foi a publicitária Amanda Ferreira. Ela fez da magrela o seu meio de locomoção entre o trabalho e a residência, que é de cerca de sete quilômetros. Porém, no final da tarde de um dia no mês de setembro do ano passado, ela acabou sendo vítima dessa loucura que é o trânsito de Goiânia. Principalmente no limite com Aparecida de Goiânia

“Era por volta das 16h30 e estava na Avenida Rio Verde. Eu sempre fui acostumada a andar na faixa oposta dos veículos exatamente para ter uma visão melhor do trânsito, mas, nesse dia, eu acabei tendo que seguir pela faixa do fluxo devido ao fato da pista contrária passar por manutenção asfáltica. Segui o meu trajeto tranquilo. O acidente aconteceu próximo ao Banco Bradesco. Eu freei a minha bicicleta e o carro fez com o que ia parar pois o sinal estava amarelo. Eu fui passar, mas ele acelerou e me acertou”, conta. 

Com o impacto, Amanda bateu a cabeça, o ombro e torceu o tornozelo, que acabou trincando. A bicicleta acabou quebrando o pedal e ficou embaixo da roda do carro.Segundo ela, o homem prestou assistência durante o acidente, pois acabou a levando para a Unidade Pronto Atendimento (UPA) do Buriti Sereno, mas não arcou com remédios e o conserto da bicicleta. A publicitária utilizou uma tala e ficou 30 dias usando bota ortopédica. (Especial para O Hoje)

Veja Também