Baixa produção do milho ameaça oferta de pamonhas

Secretaria de Agricultura reconhece que houve uma queda de 30% da safra

Postado em: 11-09-2021 às 09h16
Por: Redação
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Secretaria de Agricultura reconhece que houve uma queda de 30% da safra | Foto: Jota Eurípedes

Por Yago Sales

A produção do milho tem sofrido atipicamente, o que preocupa produtores e, principalmente, revendedores de derivados. A queda de 30% na safra do grão acabou minando o milho no mercado interno para o consumidor final, e resultou em aumento dos preços e pouca oferta do produto para produção dos derivados. O que gerou uma reação em cadeia e pamonharias da Capital, por exemplo, registram um aumento no preço do produto de até 25%.

Embora a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) garanta que a situação está sob controle, o órgão reconhece que houve uma queda de 30% da safra.  “Esta queda da produção acabou tirando o produto do mercado. É bom lembrar que o milho da pamonha é diferente do milhão grão. De qualquer forma, geralmente o milho pamonha aumenta o preço com defensivos, fertilizantes e a semente, o que gera custo de produção. E, com isso, há o aumento do preço na ponta”, destaca o superintendente de Produção Rural Sustentável da Seapa, Donalvam Maia.

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Ainda segundo Maia, outro problema é a chuva que cortou mais cedo. “Normalmente, o produtor planta primeiro a soja e depois, na segunda safra, o milho. Mas, por causa da chuva, a colheita atrasou a produção do milho”, explicou.

Pamonheiro há 29 anos em feiras da Capital, Volney Cipriano de Moraes, 47 anos, não conseguiu comprar milho no fim de semana passado e deixou de montar a barraca na feira do Pedro Ludovico, no último domingo (5). E fez falta. “Estamos passando apertado. O [milho] que acha não presta, está ruim. O milho vem brocado, podre. Milho que não rende massa. Ele não é muito bom”, reclama Volney.

Acostumado a vender cerca de 600 pamonhas num domingo, Volney disse que, no início desta semana, conseguiu espigas suficientes para fazer 25 pamonhas “Liguei para mais de 20 lugares e não achei. Vou ter que aumentar, de R$7 para R$ 8 o preço da pamonha. E esse aumento de R$ 1 não faz nem cócegas para o custo da minha produção”, calcula.

No mesmo período do ano passado, Volney desembolsava R$ 25 na mão de milho (40 espigas), mas os fornecedores têm cobrado R$ 70. “E vêm umas espigas ruim demais. Minha pamonha perdeu a qualidade e as pessoas estão reclamando. Mas o goiano gosta demais de pamonha e não aguenta ficar sem. Mas pode ficar”, disse ele.

Outros derivados

Outro feirante, José Alves Silva Neto, 40 anos, reclama do valor que tem desembolsado para conseguir garantir a qualidade de um dos produtos mais vendidos em sua banca na feira da Lua: a cachapa. “Eu vendo uma média de 30 hoje. Mas já vendi mais de 100”, conta. “Olha, eu tive de aumentar o preço para R$ 20 mesmo com a reclamação do cliente”, afirma. A pamonha também tem saído muito pouco. “O público aqui é mais exigente. Paga mais, mas exige qualidade. Mas com essas espigas, a situação fica difícil. É possível que falte pamonha como nunca antes em Goiânia”, acredita.

Luana Oliveira, analista de comércio exterior na Milhão, afirma que a produção foi afetada tanto pelas condições climáticas quanto pela alta demanda do milho no mercado interno e externo. “Aqui na empresa, como nosso produto é livre de transgênicos estamos enfrentando um desafio enorme, porque devido à seca, ou seja, a falta de chuvas, a qualidade do milho tende a ficar comprometida. Estamos em época de safra onde o preço do milho continua alto justamente pela escassez do produto”, destaca.

Para ela, uma situação completamente atípica comparada a outros anos. “Há uma grande dificuldade de comercialização do produto. Não posso dizer com certeza os impactos do mercado interno, mas do externo, que é a área que trabalho, isso somado a alta dos fretes marítimos, tem dificultado o fechamento de novos negócios e diminuição de exportações”, explica. (Especial para O Hoje)

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