Falta de chuva pode gerar queda na produção de grãos pelo 6º mês seguido

Seca faz crescer os gastos com ração, o impactando no preço final para o consumidor

Postado em: 12-10-2021 às 08h41
Por: Daniell Alves
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Seca faz crescer os gastos com ração, o impactando no preço final para o consumidor | Foto: Reprodução

Com a pouca quantidade de chuva, os produtores do Estado têm se preocupado com o atraso para plantio de grãos. Isto porque regiões produtoras, como a do município de Rio Verde, deviam ter começado a semear já neste segundo semestre, porém a irregularidade pluvial adiou as plantações. O plantio da safrinha, que deve ocorrer no próximo ano, também será afetado sofrendo atraso.

De acordo com o presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, Antônio Chavaglia, torna-se necessário esperar melhores condições para que os produtores possam semear. “Não vale a pena correr riscos e plantar apenas com a expectativa de chuvas que poderão acontecer. É um risco muito grande”, avalia ele. 

Por esse motivo, o Ministério da Agricultura (MAPA) ampliou o calendário de plantio da soja. Em Goiás, o novo calendário de plantio de soja iniciou em 25 de setembro deste ano e encerra em 12 de fevereiro de 2022 – ampliando a data limite de semeadura que era 31 de dezembro.

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Segundo a Associação dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja), a normativa é complementar à Portaria nº 306, publicada em maio desse ano, que trouxe a possibilidade de que anualmente cada estado, através de suas superintendências de agricultura, apresente sugestões para os períodos de vazio sanitário e de calendário de plantio, com a possibilidade de regionalização de diferentes períodos dentro de um mesmo estado.

“A maioria das nossas tratativas foram atendidas. No entanto, tivemos essa surpresa em relação a estender o calendário de semeadura. Essa extensão aconteceu em todos os Estados. Vamos observar como essa medida vai impactar esta safra e, se for o caso, podemos gerar subsídios para que essa decisão seja revista nos próximos cultivos”, afirma o presidente da Aprosoja, Joel Ragagnin.

Cumprindo as definições dessa portaria, Aprosoja, Faeg, Agrosem (produtores de sementes), Agopa (produtores de algodão), Agrodefesa, Embrapa e Secretária Estadual de Agricultura realizaram algumas reuniões nos últimos meses para debater esse assunto. As entidades alinharam uma proposta solicitando a antecipação do vazio sanitário da soja do dia 1º de julho para o dia 27 de junho de cada ano, com término em 24 de setembro, e a manutenção da autorização de semeadura da soja a partir de 25 de setembro até 31 de dezembro.

Queda na produção

A estimativa de setembro prevê queda da safra em todo o país pelo sexto mês consecutivo, de acordo com pesquisa feita pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O gerente da pesquisa, Carlos Barradas, explica que o declínio da produção de grãos se deve, principalmente, à falta de chuvas em estados produtores, o que prejudicou o milho. “O país vive uma crise hídrica. A quantidade de chuvas está muito abaixo do que normalmente é esperado. A soja, por ter sido plantada e colhida com atraso, diminuiu a ‘janela de plantio’ da segunda safra do milho, que vem logo depois da colheita dela. Por isso ficou mais dependente de boas condições climáticas e, como as chuvas não vieram, houve redução na produção dessa safra”, diz o pesquisador.

Previsão

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, divulgou um boletim com alerta para a lentidão da semeadura da soja por falta de chuva no último mês. Mesmo assim, o pesquisador Lucílio Alves explica que as plantações ainda podem ocorrer normalmente, caso as chuvas voltem de forma frequente. “Se a chuva normalizar, não dá para dizer que teremos impacto negativo agora. Ainda há tempo de semeadura em período adequado”, afirmou o especialista.

Conforme previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuva deve começar a aumentar na região Centro-Oeste do País ainda a partir desta semana. Na cidade de Rio Verde, por exemplo, as pancadas de chuva vão começar, mas ainda não há previsão de regularidade e volume considerável. (Especial para O Hoje)

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