As campeãs de imprudência no trânsito em Goiânia

Parar em local indevido e transitar na faixa de ônibus são as infrações mais cometidas por motoristas na capital

Postado em: 03-07-2017 às 09h00
Por: Sheyla Sousa
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Parar em local indevido e transitar na faixa de ônibus são as infrações mais cometidas por motoristas na capital

Marcus Vinícius Beck

O trânsito em Goiânia é travado em horários de pico e os motoristas já se acostumaram a ficar parados por minutos a fio nas principais vias da cidade. Na Avenida Fuad José Sebba, na Vila Jaraguá, na região norte da capital, o problema é frequente e os condutores nem se espantam mais.

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Neste contexto, preso todos os dias no trânsito, o economista Marco Polo, 32, perde várias horas de seu dia deslocando-se pela cidade. Ele já foi multado, neste ano, na Marginal Botafogo, por excesso de velocidade, mas reconhece a imprudência dos motoristas. 

“Os fiscais de trânsito da Agência Municipal de Trânsito (AMT), em invés de contribuir para o melhoramento do tráfego, preferem ficar parados embaixo de umas árvores. Chega a ser patético, para não dizer trágico”, desabafa ele, que foi notificado no início deste ano.

O goianiense é imprudente quando está ao volante. Basta andar pela cidade por uma hora para se constatar inúmeras infrações. Segundo dados da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT), parar em local indevido e transitar na faixa de ônibus são os atos mais cometidos por motoristas.

Especialista em trânsito, Antenor Pinheiro acredita que há uma sensação de impunidade em Goiânia. “Há um ano temos uma fiscalização deficietária na capital, e isso gerou um sentimento de que os motoristas não serão punidos se cometerem infrações”, explica. 

O Código Nacional de Trânsito (CNT), porém, assegura que parar o veículo em local impróprio gera uma multa que varia de R$ 130,16 a R$ 293,47. Já o artigo 271 diz que o “veículo será removido, para depósito fixado pelo órgão ou entidade competente, com circunscrição sobre a via”.  

Mexer no celular dobra o risco de acidente 

Uma olhada na tela do celular pode ser fatal quando se está no trânsito, aumentando em duas vezes a chance de alguém se envolver em acidentes. A distração faz as pessoas desviarem o olhar da estrada em média 23 segundos. Para um carro que está a 60 km/h, isso representa 380 metros de percurso às cegas.

O risco torna-se mais evidente, pois cerca de 68 milhões de smartphones estão nas mãos dos brasileiros, quase um para cada três pessoas, de acordo com o Ibope/Nielsen. Com a popularização dos aplicativos de conversa, não é raro de se ver carros andando em zigue-zague pelas ruas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, 61% das pessoas já enviam mensagens de texto quando estavam ao volante. Já 33% mandam e-mail, 28% navegam na internet e 12% fazem vídeos enquanto dirigem. 

Secretário-geral da Sociedade de Ortopedia e Traumatologia, André Pedrinelli diz que dois segundos de distração ao digitar uma letra é suficiente para causar um acidente. “Acidente que pode até provocar morte de alguém”, ressalta ele, acrescentando que morrem no Brasil mais de 50 mil pessoas ao ano em acidentes de trânsito.

“Como os carros estão cada vez mais seguros, o motorista pode até ter a vida poupada, mas certamente sofrerá sequelas. O que vale mais estar vulnerável a um acidente de carro ou postar uma mensagem no facebook alguns minutos depois”, questiona ele, que orienta a evitar o uso do celular ao volante.

No Brasil, o Código Nacional de Trânsito proíbe desde 1997 o uso do celular. Mas, desde 2010, dirigir falando ao telefone celular é infração gravíssima. As multas para esse tipo de contravenção varia de R$ 85 a R$ 293,47 e mais sete pontos na carteira.

Marco Polo, porém, critica os motoristas que falam ao celular, mesmo ele reconhecendo que já o usou no trânsito. “Perde completamente a atenção ao que está acontecendo, uma vez que às vezes é preciso dirigir para você e para o outro”, afirma. 

Somente neste ano, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) registrou 10.718 multas a motoristas que dirigiam falando ao celular. Já o número de motorista que manuseia o aparelho é de 6.300 em todo o Estado.

 

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