Segundo projeção do setor, vendas no varejo de vestuário serão destaque em 2022

Para Valdirene, gerente de uma loja de tecidos, só ano passado as vendas aumentaram em 50%. “Vendemos muito além do esperado antes da pandemia”

Postado em: 04-01-2022 às 08h42
Por: Redação
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Para Valdirene, gerente de uma loja de tecidos, só ano passado as vendas aumentaram em 50%. “Vendemos muito além do esperado antes da pandemia” | Foto: Reprodução

Por Alzenar Abreu

A volta das viagens, dos eventos e da vida social, mesmo que em intensidade menor ao que era antes da pandemia, deve refletir, neste ano, na melhora das vendas de artigos do vestuário, calçados e acessórios no comércio varejista. A projeção é da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL-GO).

“Esses segmentos – que, inclusive, foram contemplados com a prorrogação da desoneração da folha de pagamento -, tendem a absorver, em 2022, uma parcela considerável das vendas no varejo tanto em Goiás como no Brasil. São setores altamente competitivos, muito em parte por oferecerem itens de valores mais acessíveis em toda sua cadeia comercial, da indústria ao consumidor final”, diz Valdir Ribeiro, presidente da FCDL-GO. 

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Mesmo sendo muito afetado durante a pandemia, números da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam projeção de crescimento em 2022, no setor, de 7,4% chegando a 2 milhões de toneladas produzidas. Com relação à receita, se espera atingir mais de R$ 57 bilhões, resultando no aumento de 9,2%.

Para Valdirene Araújo Ventura, gerente de uma loja de tecidos na Avenida 85, só ano passado as vendas aumentaram em 50%. “Vendemos muito além do esperado antes da pandemia. As pessoas estão ansiosas para gastar mais com roupas, para sair se confraternizar. Vendi muito, também, tecidos para confecção de artigos de decoração e artesanato. Gente produzindo sousplats de tecido (peças decorativas de mesa colocadas sob os pratos), cortinas, lençóis e almofadas”, diz. 

Para a gerente, o cenário é otimista em 2022. Ela espera superar as vendas em 2021 com a melhora dos índices epidemiológicos. “Quem ficou muito tempo em casa, sem poder se arrumar melhor, vai correr atrás do prejuízo, mesmo. Com mais fôlego, para dar um up na autoestima, com roupas novas. E o ato de vestir-se com uma peça nova é um ato inerente a este comportamento”, explica.

Em 2021, pós-pandemia (sem lockdown) o segmento do comércio varejista de vestuário e acessórios explodiu.  Mesmo sendo um dos setores que mais tiveram impacto durante a crise sanitária, ele acabou por ocupar o primeiro lugar dos mais promissores para negócios, em 2021.

Empresas em operação 

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram abertas mais de 56 mil empresas no ramo em 2021 e as projeções são positivas. 

Em Goiás, de acordo com o superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, no 3º trimestre de 2021, 85% das empresas estavam operando (o maior índice de funcionamento), sendo que 26% da mesma foram antes da crise. 59% atuam com mudanças, 9% interromperam, temporariamente, as atividades e 6% decidiram fechar as portas.

Ainda, segundo a pesquisa, 83% dos empregos de Goiás gerados ano passado advêm dos pequenos negócios. Nesse recorte, têm-se as empresas do ramo com destaque para facções e produções de roupas em território goiano, que segundo investidores de outros estados ouvidos pelo O Hoje, têm atraído comerciantes de todos os pontos do País, em busca do trabalho final executado em Goiânia e em Goiás.  Tanto pela beleza e qualidade das peças aqui produzidas como o preço bem atrativo.  

Mercado têxtil sustentável 

A agilidade é a principal característica para os processos em 2022. Então, tudo que facilite a produção e evite tanto o desperdício de tempo quanto de material, vai ter preferência. Isso é um efeito causado pela pandemia e a necessidade de retomada das atividades de forma rápida.

Pesquisa elaborada pela empresa têxtil Delta estudo sobre os novos caminhos do mercado têxtil em 2022, tem na, sustentabilidade, uma das principais macrotendências do setor. 

Isso porque, há a necessidade urgente de ser responsável com o meio ambiente, muito também por pressão do consumidor. Somados a isso, a crise hídrica e a necessidade de redução de insumos, por conta da alta no valor e pouca oferta, são grandes responsáveis pelo pontapé nesse movimento.

A produção mais sustentável resolve esses problemas e ainda é consciente do ponto de vista ambiental. Com o uso de algodão orgânico, bioprocessos e reutilização de resíduos. Além disso, o uso de energias renováveis também tem se tornado cada vez mais presente nas fábricas e indústrias.

Essas ideias seguem o conceito de valor agregado, outra tendência no mercado. Os consumidores querem produtos que correspondam aos seus ideais e pensamentos, por isso, comprar algo socialmente responsável passou a ser essencial.

Por fim, os procedimentos estão em constante mudança para uma modernização. Isso significa que o mercado aposta em automação e digitalização. A automação de processos, com o uso de ferramentas mais tecnológicas, agiliza as atividades da indústria e evita retrabalhos.

Para especialistas do ramo, apesar da visível melhora do mercado, a crise hídrica, a inflação e a crise política atual preocupam o setor e tornam incertas as expectativas. Sendo assim, apostar em inovações e tendências que ajudam a controlar esse contexto indefinido e a reduzir os custos dos processos são as melhores opções para 2022.

Dez setores já retomaram nível anterior à pandemia

Entre 13 dos mais importantes setores da indústria brasileira, 10 já retomaram ou superaram níveis de atividade que exibiam antes da chegada da covid-19 ao País. A produção de cimento, por exemplo, está 22% superior ao que registrava em 2019. No setor de papel, o crescimento é de 15% e no de plásticos, de 7,9%.

A expectativa é que esses setores possam seguir acelerando, ancorados, principalmente, no avanço da vacinação, que pode elevar o consumo. Mas há algumas barreiras a serem superadas para que isso aconteça.

A maior preocupação é que uma nova cepa do vírus obrigue governos a novamente adotarem medidas de isolamento, o que poderia ter efeito direto na esperada recuperação da economia.

Mas há também os desafios da pressão de custos de matérias-primas e de energia elétrica, juros mais altos, desemprego e falta de componentes para a produção em alguns setores.

Parte da indústria está com atividade aquecida mais em razão de reposição de estoques do que por crescimento da demanda. O consumo de bens duráveis, por exemplo, tende a diminuir em segmentos como o de eletroeletrônicos.

Demanda alta

Levantamento feito pelo Itaú Unibanco indica que entre os setores com desempenho acima do período pré-pandemia está o siderúrgico – com boa parte da demanda vinda da construção civil -, e o de embalagens que, por sua vez, movimenta a indústria de papel.

Na área da siderurgia, a produção de aço bruto cresceu 4% na primeira metade de 2021 ano na comparação com igual período de 2019, com um total de 18 milhões de toneladas. No ano passado, com muitos fornos desligados nos primeiros meses da crise, foram produzidas 14,6 milhões de toneladas.

Já a indústria de papel aumentou sua produção em 15% em comparação ao mesmo período de 2019, numa soma de 1,99 milhão de toneladas, de acordo com dados da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel). Parcela importante da demanda veio do crescimento de compras pelo e-commerce e do delivery de alimentos.

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