Comportamento do motorista goiano preocupa autoridades de trânsito do Estado

Aumento de acidente com vítimas fatais revela lado predador do motorista goiano que dirige em um dos trânsitos mais violentos do país

Postado em: 07-02-2022 às 08h51
Por: Redação
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Aumento de acidente com vítimas fatais revela lado predador do motorista goiano que dirige em um dos trânsitos mais violentos do país | Foto: Reprodução

Por Leonardo Calazenço

Nos últimos dez anos, o país vem aumentando o rigor com que fiscaliza e penaliza motoristas que dirigem após beber. Além da multa (que é alta), o condutor pode ter seu direito de dirigir suspenso ou, até mesmo, cassado.

Desde 2018, Goiás registra uma média de 220 acidentes de trânsito por dia. Em 2020, foram registrados mais de 78 mil acidentes acompanhados de 1,5 mil óbitos em todo estado, é o que aponta os dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO). 

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Números estes que preocupam os órgãos de trânsito, e que reforçam o mal comportamento do motorista. Diante disso, na tentativa de reduzir as mortes provocadas por acidentes, o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) assinou, em novembro do ano passado, o termo de adesão ao Plano Nacional pela Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). O objetivo é reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2028.

Para a Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia (SMM), o principal fator que está relacionado envolvendo acidente de trânsito com vítimas fatais, é o excesso de velocidade. O que leva uma pessoa a andar em uma via pública urbana a mais de 120 km/h?

Emanuel, de 15 anos, foi vítima da irresponsabilidade

Na manhã do dia 3 de outubro de 2021, o excesso de velocidade acompanhado de um alto teor alcoólico, tirou a vida do jovem Emanuel Pires Martins, de apenas 15 anos.

A mãe de Emanuel, Michelle Pires, de 37 anos, conta que o condutor de uma camionete Amarok, dirigia bêbado e em alta velocidade, acima de 100km/h, quando ele furou o sinal e colidiu com o caminhão em que seu filho estava acompanhado de outras duas pessoas. 

Michelle e a família são moradores de Anápolis, a 55km de Goiânia. Ela conta que o acidente aconteceu por volta das 7h da manhã de um sábado próximo a Gameleira de Goiás. No caminhão, estava o filho e outros dois, sendo o motorista e um ajudante, eles transportavam tijolos para uma construção na chácara da família, ali mesmo na região. 

”Era um sábado de sol, fazia sol lá fora e em meu coração fazia ainda mais”, conta.

Michelle relata que todos os finais de semana, a família se deslocava para a chácara, porque ali, eles estavam trabalhando em uma obra de construção. O jovem Emanuel sempre muito solícito, cuidava de tudo, ajudava carregar e descarregar tijolos e telhas para a construção, fazia massa de cimento e tudo que fosse preciso.

Emanuel estava no caminhão porque ele estaria mostrando o caminho ao motorista. No dia, Michelle teve que comprar mais tijolos para a construção, e por ser uma região de sítios, o pai de Emanuel o orientou a ensinar o caminho ao condutor do caminhão.  

Michelle relata ainda que, a estrada, na via de 60km, é tranquila e muito bem sinalizada.

Mas a irresponsabilidade de um condutor que estava ao volante embriagado tirou a vida e os sonhos do garoto Emanuel. 

‘’Recebi a pior notícia da minha vida. Um bêbado tinha matado meu filho’’, Michelle Pires.

Michelle conta que daquele dia, fisicamente só restou um chapeuzinho que  o filho usava para se proteger do sol. Isso porque no momento, o pai abaixou debaixo do caminhão para ver o corpo do filho ali, em meio a tantos tijolos, e ainda conseguiu pegar o chapeu. 

A mãe relata que o filho era um garoto muito amado por todos. ”Sabe aquele rapaz que todos querem ser amigo?”. No condomínio onde a família mora, em Anápolis, Michelle conta que foi feita uma homenagem ao filho na quadra de esportes com o nome de Emanuel.

”Ele amava esportes. Jogava na escola, no condomínio, tinha vários trófeus e medallhas de goleiro”, lembra a mãe. 

Emanuel estava empenhado na carreira militar. A mãe conta que o filho ia tentar passar no concurso para as Forças Armadas do Brasil (FAB).

Justiça

Hoje, Michelle luta na justiça pela morte do filho. O delegado responsável pela investigação, Manoel Vanderic, da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) de Anápolis, abriu um inquérito contra o suspeito. Logo, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) reconheceu que foi um crime doloso, quando tem a intenção ou assume o risco de matar.  

Fica entendido que há indícios suficientes de autoria e materialidade de crime doloso contra a vida. Por entender que o suspeito além de estar embriagado, estava a 104km/h, ultrapassou o sinal vermelho, sem mesmo frear sua camionete. Por fim, o suspeito se mostrou indiferente, após o acidente e as mortes ali ocorridas.

Na última quinta-feira (3) o caso chegou no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). 

O caso do jovem Emanuel, se torna o primeiro crime de trânsito em Goiás onde o suspeito vai à Júri Popular. Em julho do ano passado, ele havia sido preso por também dirigir bêbado. Na ocasião ele pagou fiança, mas foi arbitrada pelo delegado Manoel Vanderic. E atualmente, ele aguarda pelo processo que está em trâmite.

O suspeito se enquadra nos crimes: duplo homicídio doloso e lesão corporal.

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