Condomínios investem em segurança

Com medo do alto índice de violência, moradores optam por recursos tecnológicos para se sentirem seguros. Equipamento de última geração é a solução para enfrentar medo e violência

Postado em: 13-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Com medo do alto índice de violência, moradores optam por recursos tecnológicos para se sentirem seguros. Equipamento de última geração é a solução para enfrentar medo e violência

Marcus Vinícius Beck*


Muros altos, cercas elétricas e portarias virtuais. Este aparato é a forma com que moradores de condomínios residenciais optaram para escapar da onda de assalto que acomete Goiânia. “A gente usa câmeras de segurança de última geração”, diz a presidente da Associação dos Moradores do Entorno do Parque Flamboyant, Luiza Barbosa de Oliveira. Diante disso, toda forma de segurança se mostra pouca – ou ineficiente. E, para que ninguém vire refém de criminosos, o que vem se tornando uma das maiores preocupações destes tempos, nada mais justo do que procurar alguma maneira de se sentir seguro. “Recorremos aos serviços do Bombeiros, Samu e Polícia. Além disso, porteiros possuem celulares que estão sempre na portaria”, detalha.

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Luiza, que é proprietária de um apartamento na região do Parque Flamboyant, considerada área nobre da Capital, explica que lá, ao contrário do que muita gente pensa, também enfrenta problemas com segurança. “A questão da segurança é problema praticamente em toda a cidade. Em todos os lugares é fácil de se ver pessoas reclamando da insegurança que já se tornou comum entre a população goianiense”, lamenta ela, acrescentando que nos últimos tempos houve um aumento considerável no número de pessoas que foram assaltadas ao redor do parque. “Antes, a gente tinha sossego e tranquilidade”. 

Diante dessa insegurança, administradores de condomínios explicam a importância de terem relações transparentes com os condôminos em assembleias sobre os recursos tecnológicos que podem ser usados para proporcionar maior segurança. Mas mesmo com todo esse aparato de última geração o temor ainda é grande. O economista Marco Polo, 43, argumenta que não adianta nada possuir equipamentos de última geração e, ainda assim, o medo persistir. “Vale lembrar, por exemplo, que esses equipamentos podem falhar, em uma ocasião”, lembra ele, que mora num condomínio na região norte da Capital.

É sabido que a insegurança pode modificar a rotina da população, principalmente de quem vive em condomínios que não dispõem de tantos recursos financeiros, o que torna mais difícil custear medidas protetivas. “Não há escapatória, e a tendência daqui para frente é viver numa verdadeira prisão”, pontua a geógrafa Andréia Cristina Tavares, 44, que também mora num condomínio na região norte de Goiânia. “Ou eles tomam essas medidas que mais parecem prisões contemporâneas, ou ficamos à mercê dos ladrões”, finaliza ela.

“É um saco andar na rua e saber que você não consegue ficar sossegada, pois até a polícia, muitas vezes, age como se fosse inimiga do cidadão. E, neste contexto, ficamos cada vez mais presos a cultura do muro”, critica a estudante universitária Júlia Aguiar, 21, lembrando que programas policialescos contribuem para gerar a sensação de insegurança na sociedade. “Diante disso, como se estivéssemos num enredo de alguma obra de Tom Wolfe [escritor norte-americano], as pessoas serão movidas pelo medo?”, indaga a estudante. 

Mas, ainda assim, é comum encontrar profissionais ligados à área de segurança que defendem a combinação entre recursos tecnológicos, como câmeras e monitores de última geração, e para vigilantes manterem a ordem de moradores – a justificativa deles é que, caso ocorra algum crime, será mais fácil de acionar a polícia, por exemplo. É o medo. Mais do que nunca, a sacada do momento é apostar em portarias eletrônicas, já que ali os assaltantes precisam ter alguma espécie de código para poderem entrar no local, o que quase não possuem. Para Andréia, a ideia de terem esses recursos podem ser interessantes, “mas ladrões são ladrões e eles sempre dão um jeito de burlar as máquinas”. 


Custos

Síndicos também estão implantando portarias virtuais em seus condomínios, a fim de reduzir os custos com profissionais e torná-lo mais seguro. Profissionais ligados ao mercado de administração de imóveis afirmavam em 2016 que o gasto com funcionários representava algo em torno de 40% e 50% das contas de um condomínio. Com a portaria virtual, por exemplo, além de se ter maior segurança, a redução nas contas poderia chegar a, pelo menos, 50%. 

Porém, nem todos os tipos de condomínio são ideais para implantação de portarias eletrônicas. Esse serviço funciona bem em duas espécies de conjuntos: aqueles que possuem poucos moradores, que expressam a necessidade de substituir a portaria pelo sistema, ou aqueles grandes, que contam com inúmeras portarias e optam por seguir somente com uma portaria física. 

Mas, antes de contratar a empresa, é fundamental verificar quantos condomínios o porteiro virtual consegue monitorar. O ideal é que cada um cuide de, no máximo, três, quatro. Se o empreendimento for grande, vale conversar com o síndico para que o número seja ainda mais reduzido. A empresa de segurança deve ainda ter várias bases de operação. Não adiantará nada monitorar condomínios no extremo oeste da cidade, por exemplo, sendo que se procura no extremo leste. 

Quando já estiver prestes a ‘bater o martelo’, é fundamental checar no contrato o que está incluído no serviço. É imprescindível ver se há possibilidade de pagamento via internet. Normalmente, o sistema opera com conexão da web. Se o serviço não estiver incluído, realmente o condomínio vai ter de pagar uma taxa à parte. 


Violência

O medo é um mal conselheiro, diz o famoso ditado. E está cada vez mais díficil não senti-lo em função da vida que se leva neste século XXI. A insegurança, principal característica das grandes metrópoles, caminha de mãos dadas com frases bradadas por âncoras no horário do almoço. Por isso, as pessoas estão evitando cada vez mais pôr os pés para fora de casa – ou do condomínio – depois que o sol de põe. Se antes, era comum ir ao mercado para comprar pão perto das 21h, hoje em dia virou uma atividade perigosa. “Ficamos por casa, porque temos medo”, finaliza a geógrafa, Andréia Cristina Tavares. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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