Alunos de agronomia da UFG denunciam colegas por homofobia, racismo e assédio

Estudantes tiravam fotos de alunas e compartilhavam em redes sociais com mensagens ofensivas. Instituição está averiguando os fatos

Postado em: 30-11-2017 às 20h30
Por: Victor Pimenta
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Estudantes tiravam fotos de alunas e compartilhavam em redes sociais com mensagens ofensivas. Instituição está averiguando os fatos

*Victor Lisita

Alunos
da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) protestaram na
quarta-feira (29) contra casos de homofobia, assédio e racismo por parte de
colegas do curso. O ato aconteceu em frente à direção da unidade, em Goiânia.
Os estudantes relatam que receberam mensagens com diversos tipos de ofensa,
incluindo incitação à violência contra a mulher através das redes sociais. O
objetivo dos alunos era cobrar um posicionamento da UFG sobre os casos e uma
atitude para o fim das perseguições.

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Uma estudante, que preferiu não se
identificar, relatou que cinco grupos de alunos do curso de Agronomia ameaçam e
atacam as vítimas por causa de seus gêneros, orientação sexual e raça. Alguns
professores, inclusive, compactuam com as ideias e reproduzem os pensamentos
homofóbicos e machistas durante as aulas. Outra estudante contou que suas fotos
das redes sociais foram baixadas pelos criminosos e expostas em grupos de redes
sociais com insinuações de que ela trabalhava como garota de programa. Ela
começou a receber ligações durante a noite com perguntas sobre horário, preços
e piadas sobre a situação.

Um
relato também afirma que outras meninas eram fotografadas durante as aulas
quando se agachavam e que ouviam comentários machistas sobre o tamanho de suas
roupas. O constrangimento foi tamanho que algumas delas até abandonaram o
curso. Determinadas ameaças chegaram até a colocar a vida de pessoas
homossexuais em risco, dizendo que matariam todos caso o HIV não matasse. As
intimidações podem ser tipificadas no artigo 286 do Código Penal,
correspondente a incitação de crime. A pena vai de três a seis meses de
detenção ou pagamento de multa.

O militante do Coletivo LGBT Comunista e
estudante de Letras na UFG, Edésio Júnior, de 24 anos, conta que é comum
acontecer tais tipos de opressões nas faculdades. “As pessoas costumam pensar
que a universidade é uma bolha, e por isso assustam quando essas coisas ocorrem
dentro dela. Diariamente vemos nos corredores, na fila do R.U., alunos de
diversos cursos constrangendo mulheres e LGBTs. Não é a primeira vez e não será
a última”.

 Para
Edésio, a implementação do debate sobre respeito a diversidade na educação básica
é um exemplo de política pública capaz de ajudar no combate dos preconceitos. “Mas
isso é algo para longo prazo. Até lá, medidas paliativas precisam ser adotadas
para garantir a permanência com dignidade das minorias dentro da universidade”.
O estudante de letras cita a ideia de criar uma Coordenação de Combate às
Opressões, composta por uma pessoa negra, um LGBT e uma mulher.

Seria da responsabilidade desses integrantes
ouvir e acompanhar denúncias de assédio e discriminação, além de pressionar a
reitoria para que medidas cabíveis sejam tomadas. “Existe uma resolução na
universidade que prevê punição para assédio moral, sexual e preconceito,
podendo até ser excluso da UFG, no caso de estudantes, ou demissão, em relação
aos servidores. Na prática, não vemos essas penalidades sendo aplicadas e, na
maioria das vezes, os casos passam impunes, dando espaço para novos atos de
assédio e preconceito”, ressalta o militante.

A assessoria de comunicação da UFG
afirmou que recebeu um total de 12 denúncias até a tarde de quinta-feira (30). Em
nota, a universidade garante que um pedido de abertura de Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) será encaminhado para a Reitoria, com o
objetivo de averiguar os fatos dentro da instituição. As vítimas foram
orientadas a prestar queixa do ocorrido junto a Polícia Civil (PC) de Goiás. O
texto termina com o reforço de que a UFG repudia ações de discriminação e que,
“rotineiramente”, são realizadas ações de combates a práticas como as das
denúncias. 

*Victor Lisita é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob supervisão de Naiara Gonçalves.

Com informações do G1. (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

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