Quase metade dos municípios decretou emergência ou calamidade de 2003 a 2016

No mesmo período, 48 milhões de pessoas foram afetadas por secas (duradoura) ou estiagens (passageiras) no Brasil

Postado em: 04-12-2017 às 08h40
Por: Victor Pimenta
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No mesmo período, 48 milhões de pessoas foram afetadas por secas (duradoura) ou estiagens (passageiras) no Brasil

Entre os anos de 2003 e 2016, praticamente metade dos 5.570
municípios do país foi obrigada a decretar, pelo menos uma vez em sete anos
diferentes, situação de emergência ou estado de calamidade pública em virtude
de secas e estiagens. De acordo com o relatório pleno de Conjuntura dos
Recursos Hídricos no Brasil 2017, divulgado hoje (4) pela Agência Nacional de
Águas (ANA), do total de cidades afetadas por longos períodos sem chuva, 1.794
são da Região Nordeste.

No mesmo período, de acordo com o relatório, 48 milhões de
pessoas foram afetadas por secas (duradoura) ou estiagens (passageiras) no
Brasil. Ao todo, foram registrados 4.824 eventos de seca com danos humanos.
Somente no ano passado, 18 milhões de habitantes do país foram afetados por
fenômenos climáticos que provocaram escassez hídrica. Desse total, 84% viviam
na Região Nordeste.

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Ainda conforme o relatório, o Nordeste registrou 83% dos
5.154 eventos de secas registrados no país entre os anos de 2003 e 2016, que
prejudicam a oferta de água para abastecimento público, geração hidrelétrica,
irrigação, produção industrial e navegação.

Em sua terceira edição, o relatório pleno de Conjuntura dos
Recursos Hídricos é composto por dados de mais de 50 instituições parceiras da
ANA e faz uma radiografia da situação das águas do país.

Conforme o levantamento, secas e cheias representaram 84% dos
quase 39 mil desastres naturais entre 1991 e 2012, afetando cerca de 127
milhões de brasileiros. No período de 1995 a 2014, as perdas decorrentes desses
problemas chegaram a R$ 182,7 bilhões. Em media, os prejuízos são de R$ 9
bilhões por ano ou aproximadamente R$ 800 milhões por mês.

Enxurradas

Se a seca causou impacto nas cidades nordestinas, o relatório
mostra que as fortes chuvas e as cheias atingiram especialmente municípios do
Sul do país. Entre 2003 e 2016, 47,5% dos municípios do país declararam
situação de emergência ou estado de calamidade pelo menos uma vez por causa de
cheias. Desses, 55% (1.435) ficam no Sudeste ou no Sul.

“Ao contabilizar eventos de cheia, o Conjuntura informa que
entre 2013 e 2016 um total de 7,7 milhões de brasileiros sofreram com os
impactos dos diferentes tipos de cheias: alagamentos, enxurradas e inundações.
Apenas em 2016, cerca de 1,3 milhão de habitantes sofreram com a água em
excesso” diz trecho do relatório.

No período, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul tiveram 44%
dos registros de eventos de cheias associados a danos para pessoas no país.

Consumo

De acordo com o relatório, em média, por ano, do total de
água retirada dos rios, córregos, lagoas, lagos e reservatórios no país, 46,2%
vão para irrigação, 23,3% para abastecimento urbano, 10,3% para termoelétricas,
9,2% para a indústria, 7,9% para abastecimento animal, 1,6% para abastecimento
rural e o mesmo percentual para mineração.

Do total de água consumida no país, 67,2% são utilizadas para
irrigação, 11,1% no abastecimento animal, 9,5% na indústria, 8,8% no
abastecimento urbano, 2,4% no abastecimento rural, 0,8% na mineração e 0,3% nas
termoelétricas.

Segundo o estudo, a demanda por uso de água no Brasil é
crescente, com aumento estimado de aproximadamente 80% no total retirado de
água nas últimas duas décadas. “Até 2030, a previsão é de que a retirada
aumente em 30%”, mostra o relatório. De acordo com a ANA, a evolução do uso da
água está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e ao processo de
urbanização do país. 

Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Cultura Mix)

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