Quinta-feira, 28 de março de 2024

Crise faz consumidor parcelar até o pagamento do combustível

O uso do cartão de crédito tem facilitado a vida dos condutores em momentos de aperto financeiro

Postado em: 27-06-2022 às 08h35
Por: Vitória Bronzati
Imagem Ilustrando a Notícia: Crise faz consumidor parcelar até o pagamento do combustível
O uso do cartão de crédito tem facilitado a vida dos condutores em momentos de aperto financeiro | Foto: Reprodução

A crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 e a alta da inflação fizeram com que o brasileiro procurasse diversas saídas para driblar a falta de dinheiro, seja para pagar uma conta, abastecer ou até mesmo comprar alimentos básicos para a casa. Diante disso, postos de gasolina adotam o parcelamento de compras e contas no cartão de crédito e, em Goiás, não seria diferente.

Diversos postos de combustíveis espalhados pelas cidades de Piracanjuba, Pires do Rio, Caldas Novas e Goiânia já adotaram o parcelamento de abastecimento com o cartão de crédito. A prática deve se expandir para os demais postos do Estado. Carlos Andrade é motorista de aplicativo e utiliza da prática para poder abastecer o carro. “Mesmo não sendo algo correto, já que terei que abastecer outras vezes, é uma forma que tenho de continuar rodando com o carro e conseguir um pouco de dinheiro para pagar as demais contas de casa”, comentou.

Outra prática que já era utilizada e tornou-se mais comum é o parcelamento em cartões de supermercado. Grandes redes de supermercados são conhecidas pela prática de oferecerem cartões de crédito próprios com benefícios para os clientes. Ana Paula Dias possui um e já é adepta ao parcelamento desde 2019. “Como não tinha dinheiro para comprar a vista, eu aproveitava que tinha o cartão e comprava parcelado para poder pagar depois e não faltar comida em casa”, disse Ana Paula.

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O parcelamento das compras é uma das formas de pagamento mais utilizadas no dia a dia, pois nos permite planejar melhor o orçamento e as obrigações que precisam ser pagas nos próximos meses.  No caso do supermercado, por exemplo, onde os preços sofrem alterações a cada mês, nunca foi tão importante ter acesso a outros tipos de cartão de crédito, débito e até mesmo por meio de boletos bancários.

Vendo todas as medidas adotadas diante dos problemas enfrentados pelos brasileiros, a Prefeitura de Goiânia também disponibilizou aos contribuintes da cidade, o parcelamento de impostos em até 12 vezes pelo cartão de crédito. A modalidade deve contemplar os seguintes impostos: o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e pode ser parcelado diretamente pelo site da Prefeitura.

Além de comprometer o crédito, o parcelamento compromete ainda mais a renda familiar, principalmente quando a dívida é de compras recorrentes como de itens de mercado quanto da gasolina. Carlos comentou com reportagem do Jornal O Hoje que mesmo parcelando, toma cuidado para que as dívidas não se torne um descontrole. “Se eu não cuidar, minhas dívidas no cartão não vire uma bola de neve e eu acabe ficando negativado”, completa.

Para evitar o endividamento, o ideal é que se faça uma poupança ao longo do ano para pagar essas obrigações anuais, além de coisas básicas como o combustível ou alimento, e não precise recorrer a diferentes tipos de parcelamento que vão criar dívidas em bola de neve.

Goiano deve em média R$ 3 mil há cerca de dois anos 

Com a inflação, juros e desemprego na casa dos dois dígitos, milhares de famílias brasileiras convivem, em média, há 2 anos com o endividamento. Em comparação com o mês de abril do ano passado, o número de goianos endividados cresceu 1,13%, num índice abaixo da média da região Centro-Oeste, que foi de 2,46%, e da média nacional que foi de 5,59%.

Os levantamentos do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostram um equilíbrio no que se refere ao gênero, sendo 50,54% homens e 49,46% mulheres. O número de endividados por faixa etária aponta que as pessoas entre 30 a 39 anos são as mais endividadas, sendo 26,23% do total, seguidos por quem tem entre 40 a 49 anos (22,35%), 50 a 64 anos (19,59%). Do total, apenas 7,68% dos inadimplentes são jovens entre 18 e 24 anos.

Em abril deste ano, cada consumidor negativado da cidade devia, em média, R$ 3.939,34 na soma de todas as dívidas. Os dados ainda mostram que 35,30% dos consumidores da cidade tinham dívidas no valor de até R$ 500, percentual que chega a 50,39% quando se fala de dívidas de até R$ 1.000. O tempo médio de atraso dos devedores negativados de Goiânia é igual a 27,6 meses, sendo que 33,41% dos devedores possuem tempo de inadimplência de 1 a 3 anos.

“Os dados mostram que a sociedade continua sofrendo os impactos econômicos causados pela pandemia. Por outro lado, nota-se uma maior tendência de procura por formas de quitar as contas atrasadas. Em campanhas de renegociação de dívidas, por exemplo, a demanda tem sido cada vez maior”, avalia o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Goiânia, Geovar Pereira.

O número de contas em atraso de moradores da capital de Goiás cresceu 4,37% no mês de abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2021. Já na passagem de março para abril de 2022, o número de dívidas cresceu 1,23%. Os bancos lideram o ranking dos setores onde há mais inadimplência em Goiânia, correspondendo a 55,85%. Na sequência estão os serviços de comunicação (13,83%); comércio (12,51%); outros (9,05%); e água e luz (8,76%).

“O consumidor deve estar atento às dívidas feitas no cartão de crédito. Pagar a fatura integralmente, reduzir o limite e ponderar a necessidade da compra são algumas formas de não cair na inadimplência junto aos bancos”, finaliza Geovar Pereira.

Linha de crédito para endividados

Pessoas físicas e microempreendedores individuais (MEIs) em Goiás poderão ter acesso a linha de crédito do Governo Federal, por meio do Programa de Simplificação do Microcrédito Digital, o SIM Digital, criado por uma medida provisória. Em Goiânia, são cerca de 275 mil famílias endividadas. De acordo com o governo, para pessoas físicas com atividades ligadas à prestação de serviços, será liberado um crédito de até R$ 1.000 que vão ser pagos em até 24 parcelas, com taxa de juros a partir de 1,95% ao mês.

Para os microempreendedores individuais (MEIs), o crédito é de até R$ 3 mil e pode ser quitado em até 24 parcelas a uma taxa de 1,99% ao mês. De acordo com o Ministério da Economia, 18 milhões de MEIs terão acesso a essa democratização do crédito por meio do SIM Digital.

O empréstimo será liberado mesmo para as pessoas que estão com restrição de crédito, os chamados negativados. A linha será ofertada pela Caixa Econômica Federal e o benefício pode chegar a 30 milhões de pessoas. É a primeira vez que o banco público faz a liberação para pessoas negativadas. Os empréstimos vão levar em conta a realidade social desses empreendedores e oferecer condições favoráveis, de acordo com a capacidade de pagamento.

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