Homens evitam exames de rotina e se preocupam menos com saúde
Especialista alerta para importância de manter a alimentação saudável e praticar exercícios
A falta de cuidados dos homens com a própria saúde é tema recorrente de pesquisadores da área da saúde e comportamental. Apesar de um maior cuidado com a saúde nos últimos anos, os homens ainda estão muito atrás das mulheres nesse quesito. O crescimento foi de quase 50%, segundo uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia. Alguns motivos que explicam maior negligência masculina com a saúde incluem os fatores culturais, que levam à masculinidade tóxica. Com isso, o homem pode se achar mais forte, que não adoece e não pode demonstrar sinais de fraqueza.
O Dia Nacional do Homem é comemorado neste 15 de julho. A data está ligada ao incentivo à prevenção de doenças típicas dos homens. O médico oncologista Adriano de Paula explica que, mesmo com as campanhas de conscientização, os homens são mais relapsos com a saúde, além de apresentar um preconceito na hora de procurar um médico e fazer exames de rotina.
A cada ano, empresas, instituições e órgãos governamentais têm investido em campanhas para estimular o autocuidado e a promoção da saúde entre os homens. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), atualmente, o Brasil totaliza 22,6 milhões de beneficiários do sexo masculino em planos de assistência médica e 13,6 milhões em planos exclusivamente odontológicos, conforme dados disponibilizados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) referente ao mês de maio deste ano.
Já as mulheres têm uma preocupação maior com a manutenção da saúde. “Os homens deveriam fazer exame de rotina porque acaba contribuindo na identificação de problemas em estágios iniciais, a exemplo de doenças cancerígenas, cardiovasculares. Estas podem causar grande problemas na parte oncológica, onde existem tumores que são frequentes no público masculino, principalmente o câncer de próstata. Todos os homens após os 50 anos precisam fazer exames de rotina, além de uma avaliação profissional”, explica o oncologista.
Cuidados com a saúde
O professor de educação física, Breno Magalhães, conta que sempre está fazendo exames de rotina para cuidar da saúde. Ele tem o hábito de ir ao médico e não gosta de se automedicar, somente em casos de emergência. “Sempre que tenho um problema vou a um especialista para poder ouvir uma opinião. Inclusive faço check up a cada seis meses”.
Contudo, Breno vai ao médico somente quando a situação é grave. “Eu tento da forma mais natural acabar com a dor. Se é uma dor de cabeça, tenho que me hidratar melhor, dormir mais e comer bem. Costumo utilizar serviços do plano de saúde em relação à acupunturismo, terapia, e serviços odontológicos. Esse hábito eu adquiri mais velho, quando eu era jovem não tinha esse costume. Sempre que eu posso vou e não tenho preguiça”, revela.
No dia a dia, o profissional sempre tenta manter consciência alimentar. “Faço estudos sobre nutrição, tento entender o que os alimentos me proporcionam. Na hora que eu acordo, faço uma alimentação específica para manhã e me alimento de três em três horas. Além disso, busco o equilíbrio, sempre que exagero eu pondero depois. Quando vou a um rodízio, por exemplo, nos próximos dias eu mudo a alimentação. Cortei o hábito de consumir doces, refrigerantes”, pontua.
Diferente de Breno, o estudante Ivan Carlos Moreira, de 23 anos, não mantém hábitos saudáveis com frequência, começando pela alimentação. Comidas industrializadas, refrigerantes, frituras e doces fazem parte do dia a dia dele. “É uma questão de costume mesmo, na minha família sempre nos alimentamos dessa forma”, explica.
Para não ficar tão sedentário, ele faz exercícios em casa três vezes na semana. “Meu peso é ideal, não engordo com facilidade, mas tenho a intenção de mudar minha alimentação e optar por alimentos de verdade, só é difícil no começo”, acredita.
Hábitos mais saudáveis
O oncologista Adriano pontua que as pessoas precisam tomar atitudes em relação à saúde como um todo. “Praticar exercício físico, beber bastante água, controle de peso, ter uma alimentação mais saudável e rica em fibras, evitar a ingestão de gorduras e excesso de carboidratos. São dicas importantes que servem para prevenção de câncer e outras doenças graves”, alerta.
Muitas doenças podem ser evitadas, curadas ou controladas se forem prevenidas ou diagnosticadas e tratadas em tempo oportuno. Esse, inclusive, é um dos objetivos do Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos de Doenças (Promoprev), da ANS. Através dessa iniciativa, as operadoras cadastram seus diversos projetos de promoção à saúde em linhas de atenção que incluem a Saúde do Homem.
Câncer de próstata é a segunda maior causa de morte
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que o câncer de próstata é a segunda maior causa de morte entre os homens, no entanto, se diagnosticado precocemente, tem um alto índice de cura.
Com intuito de fortalecer a coordenação do cuidado, a ANS, por meio do Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde, incentiva as operadoras a desenvolverem um cuidado cada vez mais qualificado aos seus beneficiários através da implantação de redes de atenção ou linhas de cuidados certificados por entidades acreditadoras reconhecidas pela ANS.
A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. De acordo com o Inca, a próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. “Ela é um órgão pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. O órgão produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual”, informa.
Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. “O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida”, aponta o Instituto.
Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem sucedido. A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou de pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
O que aumenta o risco do câncer de próstata?
- A idade é um fator de risco importante, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.
- Pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos, podendo refletir tanto fatores genéticos (hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
- Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de próstata avançado.
- Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associadas ao câncer de próstata.
Sinais e sintomas
Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.