Cresce evasão escolar no ensino fundamental

Enquanto isso, quantidade de alunos matriculados em instituições que oferecem ensino integral sobe. Medida é um dos pontos de destaque da Reforma do Ensino Médio

Postado em: 27-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Cresce evasão escolar no ensino fundamental
Enquanto isso, quantidade de alunos matriculados em instituições que oferecem ensino integral sobe. Medida é um dos pontos de destaque da Reforma do Ensino Médio

Marcus Vinícius Beck*

O número de alunos matriculados no ensino fundamental diminuiu 1,7% neste ano comparado com o mesmo período do ano passado. Em pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou-se uma queda de 2,9% também no montante de matrículas no ensino médio. Ainda que a quantidade de estudantes na última etapa da educação básica seja abaixo do esperado Ministério da Educação (MEC), o número de alunos matriculados em escolas integrais subiu no setor público. Em 2016, apenas 5,95% dos alunos do ensino médio estudavam no período estendido. Neste ano, a taxa aumentou para 7,49%.

Continua após a publicidade

Ainda segundo o IBGE, o número de matrículas nas creches subiu 6,4% entre os anos de 2016 e 2017. Na pré-escola, os números também aumentaram em 2,6%. Na contramão das outras etapas educacionais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) teve aumento de 4% nas matrículas. Anualmente, o governo precisa divulgar estes dados para conseguir que sejam executados programas voltados para a área.

A opção de pais e mães matricularem seus filhos em colégios públicos que oferecem ensino integral é um dos pontos que possui maior destaque na reforma do ensino médio. O MEC, que estimula a aprovação da Medida Provisória que altera as diretrizes curriculares da última etapa da educação básica, prevê que 60% da grade curricular vai ser composta por disciplinas obrigatórias e 40% são optativas. No entanto, segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2017, estima-se que os alunos não estão ‘fugindo’ das escolas. 

Mudanças pedidas

Atendente de telemarketing, Rodrigo Alves, 22, reprovou em várias escolas durante o período em que estudava. Segundo ele, a saída da escola se deu por conta da “chatice” de várias disciplinas que compunham a grade curricular. “Reprovei em várias, por isso resolvi desistir”, relata. Mas a escolha o espaço escolar não durou bastante tempo, já que o fato de não ter concluído o ensino médio atrapalhou a procura de Rodrigo por um trabalho. “Precisei voltar à escola para arrumar um serviço melhor”, confessa. 

Outro que acabou abandonando o ensino médio foi o segurança particular Selton Bruno, 25. Para ele, que morou em Portugal durante a infância e tinha aulas de francês e história da arte, a educação escolar é “cansativa”, e pouca coisa se aprende nas salas de aula. “Se você não simpatiza com determina disciplina pode ter toda sua carreira escolar destruída”, rechaça. 

Enquanto o Estado crê que a saída para melhor a educação está na Reforma do Ensino Médio, outras crianças estão saindo das salas de aula para tentar conseguir um emprego que lhes dê um salário mínimo no final do mês. Esse foi o drama de Selton. “Meus pais voltaram para Portugal, e eu fiquei sem dinheiro. Então, a única saída que encontrei foi ter de ir labutar”.  

*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação da editora de Cidades Waldineia Ladislau.

Veja Também