Obesidade infantil teve aumento de 30% em dez anos

Dados do IBGE apontam que uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos, está acima do peso no país

Postado em: 13-08-2022 às 08h14
Por: Sabrina Vilela
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Crianças na faixa de 5 a 9 anos tiveram aumento de 30% - passando de 25,7% para 33,5% | Foto: Arquivo pessoal

Uma pesquisa desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta que o isolamento social contribuiu para o aumento de peso entre as crianças. A justificativa é a perda de contato que eles tiveram com colegas e professores. Isso gerou, em muitos, ansiedade e tristeza, além de passar mais tempo diante de meios eletrônicos, sem a prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre.

Já dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos, está acima do peso no país. No caso de adolescentes, cerca de 7% estão obesos. Se não houver mudanças de hábitos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em três anos, o número de crianças obesas no planeta pode chegar a 75 milhões.

A Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu o Atlas da Obesidade do Estado de Goiás com base nos anos de 2010 a 2020. Durante o período estudado houve aumento relativo de 80%, que passou de 18,2% no ano de 2010 e para 32,7% em 2020. Crianças na faixa de 5 a 9 anos tiveram aumento de 30% – passando de 25,7% para 33,5%. As crianças menores de 5 anos mantiveram o índice em 15%.

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Endócrino pediatra, Marília Barbosa explica que a obesidade é uma doença crônica na qual a OMS define como um acúmulo de gordura no corpo da criança. A causa da obesidade pode ser primária ou secundária. A especialista esclarece que a causa primária seria por erro alimentar, falta de atividade física, excesso de tempo de tela – tablets, celulares, televisão, jogos – , em que as calorias ingeridas são maiores que as perdidas. Já a causa secundária da obesidade é provocada por doenças que levam a esse excesso de gordura. 

Ajuda

Barbosa afirma que é fácil os pais perceberem se o filho está acima do peso. “Os pais notam quando comparam com outras crianças. Além disso, outra forma de avaliar se a criança está obesa é por ir ao pediatra. Nas consultas, vão aferir o peso e estatura, fazer o cálculo do índice de massa corpórea e projetar em cada gráfico específico da OMS para cada sexo e idade da criança”, detalha. 

Ainda de acordo com a especialista, a obesidade primária pode ser evitada por meio de uma alimentação balanceada, rotina de atividade física e tempo de tela limitado em no máximo duas horas por dia. Quando a criança tem a causa de obesidade secundária, ela requer uma investigação para saber a doença que está levando a causa da comorbidade.

A endocrinologista pediátrica concorda que a pandemia favoreceu casos de obesidade na infância. Ela acredita que durante esse período de isolamento as crianças tiveram mais acesso a produtos industrializados e ultraprocessados. Também desenvolveram compulsão alimentar por conta da ansiedade que lhes foi gerada e descontaram nos alimentos fáceis de serem ingeridos. 

“O conselho que eu dou para os pais que estão com os filhos acima do peso é que busquem ajuda o quanto antes. Entendam que a obesidade é uma doença. Esse acúmulo de gordura no corpo da criança é muito prejudicial. O risco de desenvolver doenças como hipertensão, obesidade, colesterol alto, alterações ósseas é muito alto”, orienta Marília Barbosa.

Benefícios 

A busca por práticas de atividades físicas, tanto de forma independente como  por profissionais de educação física tiveram aumento conforme destaca o profissional Wátylla Correia da Silva. Ele salienta que exercícios físicos contribuem para o controle dos níveis corporais (colesterol, glicemia, hormônios, entre outros). Além do gasto energético que auxilia na perda de gordura corporal e ganho de massa muscular.

Não existe uma idade adequada para as crianças iniciarem a prática de atividades físicas. “Isso depende da individualidade biológica de cada criança. É recomendado iniciar a partir do momento que a criança adquira consciência corporal e capacidade motora, seguindo protocolos voltados para a sua idade e objetivo”. Para o profissional de educação física é indicado manter a criança em modalidades esportivas que ela se sinta bem e que ela goste de praticar para não tornar essa atividade monótona ocasionando a desistência. 

A personal trainer, Raissa Apolinário apoia a ideia de que os pais devem inculcar nos filhos desde cedo a prática de atividade física. Além de trazer benefícios para as crianças, traz para os pais também. “A atividade física contribui muito na qualidade do nosso sono”. Muitos pais perguntam se crianças podem fazer musculação – atualmente tem vídeos nas redes sociais que viralizaram mostrando isso. Nesse caso, a personal explica que fisicamente não tem problema algum, contudo é importante a atividade estar associada ao lazer e ter um certo convívio com outras crianças para o estímulo da socialização.

O exercício beneficia o gás calórico, mas Raissa destaca também que é uma forma de estimular tanto o fortalecimento dos ossos como dos músculos. Isso contribui para a criança ter menos lesões. O cálculo da gordura corporal pode ser feito por personais, nutricionistas, pediatras ou endócrinos. “Podemos fazer por meio das dobras cutâneas (aparelho que belisca o músculo), ultrassom aparelho que avalia a gordura intramuscular e também a bioimpedância (exame que analisa a composição corporal, indicando a quantidade aproximada de músculo, osso e gordura)”. Ela explica que essas medidas auxiliam para traçar a melhor meta para a criança.

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