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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Calor

Goiânia está em estado de alerta devido à baixa umidade do ar

O aumento da temperatura em Goiás acende o alerta de perigo para incêndios e desidratação

Postado em 5 de setembro de 2022 por Redação

Sabrina Vilela e Daniell Alves

Informações do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo) apontam temperaturas elevadas e umidade relativa do ar com índices abaixo de 20% em Goiás nos próximos dias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), valores de umidade abaixo de 20% oferecem risco à saúde, o ideal é  umidade acima dos 30%. A umidade do ar se refere à quantidade de vapor de água presente na atmosfera – o que diz se o ar está seco ou úmido.

Dados do Cimehgo em conjunto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) alertam para a ocorrência de períodos de umidade relativa do ar abaixo de 20% nos primeiros dias de setembro.

“Nós temos uma massa de ar quente seco predominando sobre o estado de Goiás como todo o Brasil central e com isso favorecendo para que o clima fique aberto. Então, temos consequentemente temperaturas elevadas e umidade relativa do ar baixa”, esclarece o gerente do Cimehgo, André Amorim.

Ele explica ainda que devido a umidade baixa a população deve ficar alerta com relação a saúde por evitar pegar sol na parte da tarde. Mas, caso não seja possível se hidratar bastante. Nesse tempo as pessoas se desidratam muito facilmente, principalmente crianças e idosos. 

Apesar da umidade abaixo de 20, Amorim afirma que ainda não é época para ondas de calor mais intensas ainda. “Esse ano estamos tendo umas temperaturas mais amenas pela manhã”. Ainda não tem prognóstico de chuva para o Estado de Goiás, contudo o que pode acontecer é que por volta dos dias 7 a 10 tenha área de estabilidade no sul e sudoeste goiano e quantidade de chuva muito baixa. Mas, para o plantio, por exemplo, terá que esperar mais um pouco. A chuva vai voltar com uma quantidade maior no mês de outubro, conforme destaca André Amorim.

Incêndios e desidratação 

O aumento da temperatura em Goiás acende o alerta de perigo para incêndios e desidratação. Em algumas cidades, a temperatura chegou a 37°C nesta semana. Em cidades como Porangatu, Alto Horizonte, Bonópolis, Campinaçu, a mínima foi de 18°C, com máxima de 36°C e umidade entre 18% e 65%. Para a Região Sul, a mínima é de 14°C, com máxima de 33°C. Na Região Leste do estado, a variação foi de 12°C e máxima de 33°C. Para a Região Sudoeste, a mínima foi de 16°C, com máxima de 33°C. 

“Estamos com alerta para Estado de umidade baixa variando entre 20% e 12% mais ao norte do Estado e de 20% a 30% no restante. Atuação de uma massa de ar seca no centro-norte do Estado, com rápida passagem de instabilidade no sudoeste do Estado. Isto irá elevar a umidade um pouco mais”, pontua a chefe regional do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Elizabete Alves. 

As cidades turísticas do Estado também estão em alerta devido à baixa umidade, a exemplo de Caldas Novas, no sul do Estado, e Pirenópolis, a 130 quilômetros de Goiânia, que contam respectivamente as mínimas de 16% e 18%, sendo que a máxima dos dois municípios não passa de 60%. 

Ar seco

André Amorim explica de que maneira acontece o encontro de ar seco e quente com úmido e frio. No Estado, predominava anteriormente uma massa seca e temperaturas elevadas. “Essa outra que chega é úmida e fria. Esse contato gera essas áreas de instabilidade, essa nebulosidade toda”, afirma. Ele também faz alerta para a população sobre o consumo consciente da água. Isto porque os reservatórios estão com a capacidade comprometida em função do período seco. 

Falta de chuvas

A expectativa é que a seca dure até outubro. A falta de chuvas no Estado é atribuída ao fenômeno La Niña, que é responsável pela irregularidade das chuvas, afirma André. Ele explica que o fenômeno interfere na produção de frente fria. “Este ano, estamos com poucas frentes avançando no País e nós dependemos dessas frentes frias para que chova. Com menos chuvas, a temperatura tende a aumentar e a umidade do ar a se reduzir”, informa. 

Além disso, outros fatores interferem na falta de chuvas de forma regular em Goiás. É um acúmulo de acontecimentos dos últimos anos. “Tivemos uma irregularidade nos últimos cinco anos, com baixos índices pluviométricos.

Período da tarde 

O Inmet informa que o perigo maior das altas temperaturas e baixas umidades é durante a tarde. Isto porque é no período vespertino que as temperaturas estão mais altas e a umidade relativa do ar cai cada vez mais. “Para lidar com o clima quente e seco, a recomendação é beber bastante água, evitar atividades físicas e exposição ao sol nas horas mais quentes do dia. Além disso, usar hidratante para a pele é essencial”, alerta.

Especialista alerta para cuidados durante período seco 

Otorrinolaringologista e professora de medicina, Renata Dutra explica que a umidade do ar baixa interfere na saúde porque o sistema respiratório eles dependem de umidade para funcionar adequadamente. A umidade do ar ideal para a mucosa funcionar adequadamente deve ser acima de 60%, abaixo de 20% já é péssimo. 

“Os órgãos do sistema respiratório precisam de umidade para a mucosa funcionar  adequadamente. Essa mucosa respiratória que a gente tem em todo o sistema respiratório é o movimento do cílios mucosos que são estruturas de defesa que servem para expulsar a partículas e micro-organismos que possam estar nessa mucosa”, detalha.

Ela explica que outro órgão que sofre nesse período é a pele. Devido a umidade inadequada pode gerar ressecamentos de pele em vários locais do corpo, pode causar até rachadura que podem levar a ferimentos. Esses machucados, conforme destaca Dutra, se tornam porta de entrada para bactérias e infecções.

Ela explica que os mais vulneráveis são as crianças de até 4 anos de idade e idosos  acima de 70 anos porque os organismos de pessoas dessas faixas etárias estão em amadurecimento ou não funcionam mais tão bem. Nesse período é comum a sensação de falta de ar devido a baixa umidade. Mas, a especialista explica que não se trata de falta de ar, mas falta de umidade.

“Existem sensores nas células, sistema nervoso que detectam a presença do ar como um todo, seja ele com umidade ou não no nariz. Isso colabora para que os alvéolos pulmonares se abram para receber o ar antes de chegar lá. O ar sem umidade vai causar uma sensação diferente na mucosa nasal”.

Os problemas mais comuns nesse período são a desidratação da pele e pode ser hidratada em casa. Contudo, se houver rachaduras e sinais de infecções na pele, Dutra aconselha procurar um dermatologista. No sistema respiratório os sintomas mais comuns são crises de alergia como rinite alérgica, laringite alérgica, faringite alérgica e de asma. Ela também afirma que quem tem dermatite alérgica vai sofrer mais nesse tempo também. Como o olho está na lista de partes do corpo que sofrem nessa fase, pode desenvolver conjuntivite. Em caso de piora desses sintomas deve procurar o médico imediatamente. 

Renata Dutra dá dicas simples de como deixar o ambiente mais arejado. Algumas formas são usar umidificadores e para quem não tem condição de adquirir pode pendurar toalhas molhadas no ambiente. Outras alternativas são colocar bacias, baldes de água embaixo da cama, ou dentro do quarto.

“O ar seco vai puxar a umidade da toalha, bacia, dentro dos locais que não tem água. Deixar  a porta do banheiro aberta para que saia o vapor de água para outros cômodos da casa. Tomar muita água durante o dia, no mínimo de dois a dois litros e meio por dia ou líquido com bastante água. Mas, essa quantidade vai variar de acordo com o peso de cada pessoa”, conclui.

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