Goiás tem 1,5 mil pacientes na fila da espera por doações de órgãos
Até o momento, foram realizados 329 transplantes de órgãos no Estado
Dados da Secretaria de Saúde do Estado (SES-GO) apontam que há 1.356 pacientes na lista de espera por doações de córnea, 242 aguardando por um rim e 5 na espera por um fígado. Outros 16 pacientes pacientes estão à espera de um transplante de medula óssea, segundo a Rede Estadual de Hemocentros (Rede Hemo) de Goiás. No Registro Nacional de Doadores Voluntários há 232 mil goianos cadastrados.
De janeiro a agosto deste ano, Goiás realizou 329 transplantes de órgãos e tecidos, conforme dados da SES. Neste Setembro Verde, mês que visa à conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, o quantitativo deve aumentar devido às campanhas promovidas pelas entidades e órgãos públicos.
No Estado, foram realizados transplantes de 55 rins, 4 de fígado, 246 de córneas, 11 de medula óssea e 13 músculo esquelético. São 39 doadores, dos quais foram captados 101 órgãos (74 rins, 19 fígados, 5 corações, 1 pâncreas e 2 pulmões), beneficiando, ainda, receptores que aguardavam na fila de transplantes em Goiás, São Paulo, Pará, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.
A gerente da Central Estadual de Transplantes (CET), Katiúscia Freitas, pontua o grande desafio para o aumento dos transplantes continua sendo a recusa familiar, já que 69% das famílias de Goiás ainda dizem não para a doação de órgãos, muito possivelmente por desconhecimento, mitos e tabus em torno desse tema. “Por esse motivo a importância de sensibilizar a população sobre o assunto, tendo em vista que quem decide pela doação é a família”, explica.
Fila de espera
O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país, aponta o Ministério da Saúde. “Apesar do grande volume de cirurgias realizadas, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande”.
Desse modo, para vencer a desproporção entre número de pacientes na lista e o número de transplantes realizados, é importante conscientizar a população sobre todas as etapas do procedimento, que começa com o diagnóstico de morte encefálica de um potencial doador e termina na recuperação do paciente que recebeu um novo órgão.
Ato que salva vidas
Conforme o Ministério da Saúde (MS), a doação de órgãos é um ato por meio do qual podem ser doados partes do corpo, sejam órgãos ou tecidos de uma pessoa (doador), para serem utilizados no tratamento de outra pessoa (receptor), com a finalidade de reestabelecer as funções de um órgão ou tecido doente. A doação é um ato muito importante, pois pode salvar vidas.
“De um doador é possível obter vários órgãos e tecidos para realização do transplante. Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador”, aponta.
Passeio para incentivar doações
No próximo domingo (25), a CET realiza o 1º Passeio Ciclístico pela Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes. O evento, que será realizado com apoio da Gociclo, faz parte do Setembro Verde e será realizado no Parque Areião, no Setor Marista. A concentração dos atletas está prevista para às 7h, com a saída às 8h15, do Parque Areião, seguindo até os parques Vaca Brava e Flamboyant, voltando ao Areião, totalizando um percurso de 12 quilômetros.
As inscrições, gratuitas, podem ser feitas por ciclistas profissionais e amadores, mas que estejam pedalando até 5 quilômetros com certa frequência. Os primeiros 300 inscritos vão receber kits com mochila, camisetas e squeeze. Os participantes deverão, obrigatoriamente, estar equipados de luvas, capacete, câmara de ar, kit remendo, bomba de ar e ferramentas compatíveis com sua bicicleta. A organização orienta ainda a fazer um check-in na bike, caso ela tenha sido revisada recentemente.
Sistema de transporte aéreo pode reduzir filas de espera
Uma empresa de táxi aeromédico em Goiânia realizou voo solidário ao Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, para o transporte de um coração e pulmão, que foram transplantados em pacientes assistidos pelo médico cirurgião cardíaco Ronaldo Honorato. A operação ocorreu na madrugada do dia 7 de setembro.
Após a notificação de morte encefálica de um homem, de 34 anos, no município de Presidente Prudente (SP), uma equipe com quatro médicos embarcou em um jato da Brasil Vida Táxi Aéreo, a partir do Aeroporto de Congonhas, às 0h40, para a captação dos órgãos a serem doados. Cada voo teve duração de cerca de uma hora.
“Foi uma operação muito especial e concluída com sucesso. Terminamos a cirurgia por volta das 6h da manhã e três horas depois o coração captado já batia no peito do paciente receptor”, explica Ronaldo Honorato. “Fruto de um esforço coletivo e uma logística aérea eficiente que salvou a vida de outras pessoas”, acrescenta o médico.
Depois de receber o novo coração, o receptor passa por protocolos, monitoramento e avaliação médica para que tenha 100% de sucesso em seu transplante. O receptor do pulmão também passará pelos mesmos protocolos durante o pós-operatório.
Tempo curto
O prazo entre a captação de um órgão e o transporte ao receptor potencial é um dos desafios para salvar a vida de quem espera por um transplante no Brasil. Segundo a empresa, foram mobilizadas previamente ambulâncias terrestres para que o deslocamento entre terminais e hospitais ocorresse com agilidade e segurança.
A Brasil Vida Táxi Aéreo, que já realizou outras operações para o transporte de órgãos, tecidos e equipes médicas, explica que um sistema nacional dedicado à logística destes procedimentos resulta em mais vidas salvas.
“Tivemos um avanço importante nos últimos anos, o Brasil é campeão em transplante público de órgãos, mas uma estrutura aérea eficiente e dedicada pode fazer com que mais brasileiros e até mesmo pacientes de outros países sejam salvos por meio da generosidade de nossa gente”, enfatiza o diretor comercial da Brasil Vida Táxi Aéreo Daniel Henrique.