Baixo consumo interno mantêm preço da carne elevada

Especialistas associam a disparada das carnes a uma combinação de ingredientes como procura aquecida no mercado internacional, taxa de câmbio mais alta e custos de produção elevados

Postado em: 14-10-2022 às 07h30
Por: Redação
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Especialistas associam a disparada das carnes a uma combinação de ingredientes como procura aquecida no mercado internacional, taxa de câmbio mais alta e custos de produção elevados | Foto: reprodução

Vinícius Marques

O baixo consumo de carne vermelha no mercado brasileiro tem pressionado para cima o preço do item para os consumidores. Na análise do analista pecuário do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Marcelo Penha e Silva, o volume elevado de exportações, comprada na cotação do dólar, desacomoda o mercado interno que sente essa diferença, pois compra em reais. No cenário econômico, o desemprego desacelerou e a taxa de juros têm se mantido em baixa.

Paulo ainda avalia que estamos em um período entressafra sendo um momento que pode haver sim, um aumento nos preços devido os altos custos. “Esse ano tivemos um custo muito alto de confinamento, pequenos produtores preferiram não confinar, mas os grandes produtores precisam –  por contratos – realizar esse procedimento e repassar os valores ao consumidor”. Paulo ainda diz que seria essencial que os açougues e supermercados baixassem o preço para o consumidor final, uma vez que compram a carne em média de R$16 e vendem por R$30 ou até R$45,00.

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A grande exportação principalmente para países asiáticos, o crescimento populacional, que faz o consumo aumentar, segundo Paulo, também são fatores do mercado que mantém o preço alto.

Nos açougues o preço continua em alta e conforme explica Washington Luiz de Almeida, proprietário de um açougue e frigorífico existe a dificuldade de abaixar o preço nas gôndolas e ainda sim continuar com o negócio em funcionamento. “Para mim, que tenho um frigorífico, fica mais fácil trabalhar preços mais baixos, mas para os outros comerciantes, fica mais difícil manter o movimento, pois compram a carne mais cara e precisam trabalhar com preços de R$10 a R$15 mais caros do que eu pratico”, Analisa Washington.

Confinamento mais caro

Washington ainda afirma que o período entressafra pode ocasionar uma nova alta dos preços. “Como o custo do confinamento foi muito mais alto que o custo do pasto e só teremos esse gado agora, tanto o preço do arroba quanto do corte tende a subir muito, o preço da carne de primeira pode chegar a R$45. 

Enquanto os preços não caem, a dica é pesquisar e buscar encontrar o melhor preço. Washington lembra ainda que muitos açougues em goiânia possuem frigoríficos próprios e conseguem competir com preços melhores. 

Novos aumentos?

Após sucessivos aumentos desde 2020, o preço da carne pode ter novo aumento nos próximos dias. Fatores como o preço da arroba do boi, a guerra da Ucrânia e a dificuldade de importação de fertilizantes e a exportação de carne para o exterior, impactam o preço para o consumidor final no país.

Apesar de uma deflação observada nos últimos dois meses durante o processo político e baixa de combustíveis, o consumidor ainda não consegue sentir a baixa de preços nos açougues. Segundo um levantamento do Procon-SP, o preço médio do quilo da carne bovina de primeira era de R$ 22,63 em julho de 2018, em igual mês de 2022, o valor praticamente dobrou, calculado em R$ 43,89. A alta no período chegou a 93,9% -ou R$ 21,26 a mais. Os cortes de primeira pesquisados são coxão mole e patinho.

A carne de segunda teve trajetória semelhante. No mesmo período, o preço médio do quilo subiu de R$ 17,74 para R$ 34,70, uma alta de 95,6% -ou R$ 16,96 a mais. Nesse caso, os cortes pesquisados são acém e músculo.

Em outubro de 2021 o arroba do boi estava avaliado em R$270, já em outubro, os valores chegaram a R$396. São valores que impactam diretamente no preço praticado nos supermercados. (Especial para O Hoje)

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