Preço dos combustíveis volta a subir pela terceira semana consecutiva
Já o preço do diesel S10 caiu 0,6%, para uma média de R$ 6,68, com o valor mais alto atingindo R$ 8,49 e o mais baixo, R$ 5,96 por litro
Vinícius Marques
Mesmo com a Petrobras mantendo congelado o preço do combustível há 60 dias para as refinarias, a gasolina continua subindo de preço nos postos de abastecimento, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Na semana de 23 a 29 de outubro, o combustível teve alta de 0,6%, com preço médio em todo o País de R$ 4,91 por litro, ainda se mantendo abaixo dos R$ 5.
O preço máximo de revenda encontrado pela ANP foi de R$ 7,34 por litro e o mais baixo, de R$ 3,49 por litro.
Já o preço do diesel S10 caiu 0,6%, para uma média de R$ 6,68, com o valor mais alto atingindo R$ 8,49 e o mais baixo, R$ 5,96 por litro.
O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) de 13 quilos, ou gás de cozinha, teve queda de 0,2% na revenda, para uma média de R$ 109,86. O preço mais alto encontrado pela agência no período foi de R$ 149 e o mais baixo, de R$ 83 por botijão.
tendo como uma das principais bandeiras de campanha, que acabou no último domingo (30), Jair Bolsonaro utilizou a queda no preço dos combustíveis para sinalizar à população que o governo tomou medidas para reduzir o valor do insumo.
A zeragem de impostos federais contribuiu para a queda de preços, além da redução dos impostos estaduais, mas também contribuiu para o cenário o fato de o preço do barril do petróleo ter caído nos últimos meses. Essa realidade, porém, mudou nas últimas semanas, devido à instabilidade no cenário internacional, e o preço do petróleo voltou a subir, de forma a pressionar a Petrobras, que ainda assim evitou reajustes.
Conforme o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), na terça-feira anterior à eleição a gasolina da estatal estava 12,27% (ou R$ 0,46 por litro) mais barata do que os preços internacionais, e o diesel, 14,13% (ou R$ 0,80 por litro). Mesmo sem reajustes nas refinarias, a pressão inflacionária levou a aumentos no preço dos combustíveis nos postos.
Em Goiânia, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Marcio Andrade, explica que o preço dos combustíveis são reflexos de todo o mercado, mas principalmente pelo aumento do etanol. “As três semanas de aumento consecutivo no combustível, refletem uma realidade do mercado e seus reflexos, mesmo com o aumento não sendo muito agressivo, muito dessa variação se dá pelo aumento do etanol, como a gasolina tem uma composição de 27% do etanol, tem vários fatores, como o final de Safra ou início de entressafras, além de reflexos do mercado internacional, margem de lucros dos postos e distribuidoras. Mesmo não tendo um aumento de preços nas refinarias na Petrobrás, existem oscilações de preço de outros fatores do mercado”, explica Márcio.
Sobre uma expectativa de preços futuros, o Sindiposto não se posiciona sobre previsões, pois tudo depende de questões geopolíticas e fatores alheios a sua competência.
Petrobras deve anunciar aumento em breve
Até o fim do segundo turno das eleições, a Petrobras estava segurando o aumento do preço da gasolina. Ao que parece, o objetivo era não interferir no resultado, para isso a gasolina estava sendo vendida 18% abaixo do PPI (Preço de Paridade de Importação). Agora, as expectativas são de que o produto volte a subir de valor pelo menos até o fim desta semana.
De acordo com os cálculos feitos e divulgados pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) na última sexta-feira, 28, a defasagem da gasolina vendida pela Petrobras chega a R$ 0,75 por litro. Na prática, isso significa que se estivesse seguindo a política de PPI o produto estaria R$ 0,75 mais caro por litro, mas nenhuma alteração no preço da gasolina é feita desde setembro.
No último mês houve queda de 7% no valor cobrado pelo produto nas refinarias, e surgiu como um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o valor cobrado pelo produto não fosse alterado pelo menos até o segundo turno das eleições. A disparada no preço dos combustíveis foi motivo de desgaste do presidente com seus eleitores.
Além da gasolina, a Petrobras também está segurando o valor cobrado pelo litro do óleo diesel, usado para abastecimento de caminhões. Em relação ao PPI, esse produto em questão já sofre com defasagem de pelo menos 20%. Isso significa que o diesel ficaria R$ 1,25 mais caro caso tivesse sofrido os reajustes esperados, conforme informou a Abicom.
Os custos da Petrobras são calculados com base no PPI, isso significa que considera o valor internacional do barril de petróleo. Quanto aos impostos, vale dizer que para o óleo diesel os tributos federais foram zerados, e o ICMS que é uma cobrança estadual aplicado sobre o diesel e a gasolina foi limitado a 17% ou 18% até dezembro deste ano.
É importante ter isso em mente para entender que para a cobrança de impostos nada muda até o fim de 2022. Mas a Petrobras pode sim aumentar o valor da gasolina e outros combustíveis para acompanhar a política de preços internacionais, e zerar a defasagem que foi construída para não aumentar os valores na véspera das eleições. (Especial para O Hoje)