65 mil motoristas foram multados por transitar nos corredores de ônibus

Corredores foram criados para reduzir letalidade no trânsito e aumentar a fluidez; mortes reduziram, mas desrespeito dos motoristas ainda deixam as vias lentas

Postado em: 04-11-2022 às 06h30
Por: Redação
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Corredores foram criados para reduzir letalidade no trânsito e aumentar a fluidez; mortes reduziram, mas desrespeito dos motoristas ainda deixam as vias lentas | Foto: reprodução

Vinícius Marques

Criados em 2012 com o objetivo de reduzir a letalidade no trânsito na Capital e garantir maior fluidez para o transporte coletivo de Goiânia, as faixas exclusivas são constantemente desrespeitadas por motoristas e motociclistas. Apenas esse ano, mais de 65 mil motoristas foram multados por transitar irregularmente nos corredores. As multas, aplicadas por meio de fiscalização eletrônica, são consideradas pelo Código Brasileiro de Trânsito (CTB) como gravíssimas. Além da penalidade de sete pontos na carteira, o valor da multa é de R$ 293,47. Em Goiânia, são quatro avenidas contempladas com os corredores; Avenida 85, Avenida T-63, Avenida T-7 e Corredor Universitário

No corredor da Avenida T-63 a fluidez foi de 14% a 26% em horários críticos. Dados da Delegacia de Crimes de Trânsito apontam que, em 2013 o número de mortes caiu para 275; em 2014 para 269; em 2015 para 221. Até o início de outubro de 2016 foram 190 mortes no trânsito.

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De acordo com o Gerente de Educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade, Horácio Ferreira, o número é preocupante, uma vez que são gerados a partir da imprudência dos condutores. “A faixa exclusiva existe para garantir, em relação a um veículo de grande porte, a segurança dos demais usuários da via pública”, pontua.

Os ônibus exigem um tempo maior de distância e parada, além de contarem com a existência de campos cegos que podem impedir a visualização de veículos menores, como as motocicletas, automóveis menores e até mesmo os ciclistas. “Conduzir outros veículos na faixa preferencial é um desrespeito à garantia e à defesa da vida”, alerta Horácio Ferreira.

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), tem buscado pautar o debate de forma educativa com a campanha Calçada Livre. Além de realizar a retirada de veículos dos locais de passeio público e corredores exclusivos, servidores têm alertado sobre os riscos de transitar no local destinado aos ônibus.

O funcionamento da faixa de ônibus em Goiânia é simples e obedece às regras estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Para acessar uma garagem, um estabelecimento comercial ou realizar conversão à direita para as ruas transversais àquelas vias com faixas exclusivas, o motorista deve notar a linha tracejada pintada no asfalto.

Velocidade média dos ônibus ainda é baixa

Se por um lado a letalidade tem diminuído a fluidez no trânsito ainda não é das melhores, uma vez que muitos veículos ainda não têm consciência do respeito às faixas exclusivas. Em 2008, a velocidade média dos coletivos era de 16,90 km/h. Quatorze anos após o estudo  do Consórcio RedeMob, a queda foi de quase 32% e os ônibus rodam hoje, a uma velocidade média de 12km/h.

A baixa cobertura de vias com corredores exclusivos e/ou prioritários para o transporte coletivo na Capital faz com que o tempo de espera dos usuários seja longo e a velocidade média dos ônibus venha reduzindo ao longo dos anos. A demora para entrega de obras, como a do BRT, que teve início em 2015, piora a fluidez do trânsito devido às intervenções. Dos 2.750 km de vias utilizadas pelos coletivos em Goiânia, apenas 122 km são exclusivos e outros 134 km são preferenciais.

Uma das principais linhas da rede de Goiânia 027, que liga o Terminal Bandeiras, no Jardim Europa, na região Suldoeste, ao terminal da Praça da Bíblia, roda a uma velocidade inferior a 10 km/h. O trecho mais complicado da via é durante a passagem pela Av. Assis Chateubriand entre o setor Oeste e o Bueno (com 1,800km de extensão). Sem um corredor prioritário, a linha sofre com constantes atrasos e lotação.

Quando a análise recai sobre os corredores preferenciais e exclusivos de ônibus na Capital, a situação fica ainda pior. A velocidade operacional dos ônibus em dois dos mais novos corredores implantados na cidade – Eixos T-63 e 85 – que entraram no levantamento do consórcio são inferiores a 10 quilômetros por hora no pico da tarde. No Eixo Universitário, onde a velocidade operacional é a mais alta no pico da tarde, chega a apenas 12,68 quilômetros por hora.

A baixa velocidade nos eixos exclusivos e preferenciais puxa a média da velocidade operacional do transporte coletivo para baixo. Os corredores foram pensados para diminuir a interferência dos veículos particulares nos trajetos realizados pelos ônibus, e promover o aumento da velocidade operacional e redução do tempo das viagens. A preferência para o tráfego de ônibus à direita não é suficiente para garantir a fluidez do tráfego e a velocidade dos ônibus só diminui com o passar do tempo.

A CMTC informa que na Av. 85 trafegam 13 (treze) linhas e a média diária das mesmas é de 2.241 passageiros, com uma extensão de aproximadamente 3,27km. (Especial para O Hoje)

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