Pais e professores discordam sobre o remanejamento de bibliotecas

Esta semana a Secretaria Municipal de Educação (SME) comunicou que pelo menos 50 bibliotecas de escolas públicas de Goiânia devem ser remanejadas

Postado em: 11-11-2022 às 09h00
Por: Sabrina Vilela
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Esta semana a Secretaria Municipal de Educação (SME) comunicou que pelo menos 50 bibliotecas de escolas públicas de Goiânia devem ser remanejadas. | Foto: Reprodução

Esta semana a Secretaria Municipal de Educação (SME) comunicou que pelo menos 50 bibliotecas de escolas públicas de Goiânia devem ser remanejadas. A justificativa dada pela pasta foi de que as salas seriam utilizadas para a liberação de vagas para ensino infantil. 

No Brasil, entre os anos de 2015 e 2020 cerca de 800 bibliotecas públicas foram fechadas,  de acordo com dados do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). Nesse período, existiam em média 6.057 bibliotecas    públicas no Brasil e no ano da pandemia passou para 6.057.  Essa diminuição tem confronto com o Plano Nacional de Cultura (Lei 13.696/2018) que prevê a implantação e manutenção de bibliotecas em todo o país. 

Para a professora de artes Angélica Aparecida de Oliveira essa situação pode levar a um prejuízo na educação recebida pelos alunos, principalmente os mais jovens. “Lamento o prejuízo de todo o trabalho, que vem sido realizado na rede municipal de Goiânia, no qual quem perde mais perde são as crianças, adolescentes e adultos nas quais terão suas bibliotecas fechadas e mais uma vez a mão do estado fere os direitos das crianças ao acesso à leitura, ao conhecimento, ao aprendizado”, desabafa.

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Ela ressalta ainda que “os educadores também ficam com um enorme prejuízo, pois mesmo sendo esses especialistas, mestres e doutores e dedicados, numa relação entre sujeito que está aprendendo não há como fazer milagres. A precariedade das escolas em material pedagógico, em estrutura física, internet e também humano deixará o trabalho, que vem sendo realizado muito abaixo daquilo que o estudante necessita para desenvolver-se bem”. 

O fechamento das bibliotecas significa empobrecimento no estímulo à leitura, conforme destaca Angélica. Segundo é defendido pela educadora, inúmeras crianças não têm acesso a outra forma de leitura, que não seja a que é ofertada pela escola. 

O professor de educação física,  Hugo Alves Rincon pensa da mesma forma que Angélica.  Ele define esses espaços como espaços pedagógicos fundamentais para a formação de qualidade das crianças. Ele defende que a prefeitura de Goiânia está, a cada dia mais, caminhando para trás em relação a qualidade de ensino. 

“Parecem querer  transformar as escolas em meros depósitos de alunos”, reclama. 

Com relação à justificativa de aumentar a quantidade de salas de aula, Rincon acredita que não seja válida, porque para ele a prefeitura deveria ter investido na construção de novas salas e novas escolas. 

“Desperdiçaram dinheiro com aquelas salas modulares que não servem para nada e não adotaram outras medidas para atender a comunidade. Agora querem a toque de caixa sob a justificativa de atender uma demanda que existe há tempos de “transformar” salas de leitura em salas de aula sem se preocupar nem com adequações necessárias para isso e, ainda, fechando espaços importantíssimos para o ensino nas escolas”.

Ele conta que desde o anúncio tem presenciado os pais muito revoltados com a situação. “Os pais reconhecem este espaço como importante para uma educação de qualidade para seus filhos”.  Segundo ele, outro problema que tem causado revolta nos pais é a transferência dos filhos com idades entre 4 e 5 anos dos Cmeis para as escolas.  Ele conta que os professores estão abismados com o tamanho do desprezo da prefeitura em relação à educação. 

Resposta da prefeitura 

A SME respondeu sobre a reorganização da rede municipal de ensino proposta para 2023, que as bibliotecas não serão fechadas em hipótese nenhuma. De acordo com a pasta, a proposta em estudo prevê o remanejamento das salas de leitura dentro das próprias instituições de ensino. Os livros jamais deixarão de ser protagonistas nas escolas, bem como o atendimento aos estudantes, conforme a nota. 

A secretaria destaca que foi enviado, este ano, um novo acervo literário com mais de 230 mil livros para as escolas da rede. O intuito desta reorganização é garantir o acesso ao acervo literário e ampliar o número de matrículas nos CMEIs em cerca de 5 mil vagas.

Ainda de acordo com a SME , a medida visa garantir que famílias que até então aguardavam na fila de espera por uma vaga de CMEI, tenham possibilidade de atendimento já em 2023. A nota diz ainda que o déficit na Educação Infantil, em Goiânia, é de 8 mil vagas atualmente. Mas com a mudança será reduzida consideravelmente a fila de espera.  

A pasta salienta ainda que a modulação dos profissionais que atuam, hoje, nas salas de leitura será garantida na própria instituição, uma vez que os projetos de leitura e de acesso a livros literários serão continuados.

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