Goiás foi o terceiro maior destino do investimento chinês em 2021

O estado captou 7% dos subsídios da China no Brasil, de acordo com estudo do CEBC

Postado em: 14-02-2023 às 07h30
Por: Everton Antunes
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O estado captou 7% dos subsídios da China no Brasil, de acordo com estudo do CEBC. | Foto: Reprodução

Após um período de diminuição dos aportes financeiros chineses no Brasil em 2020, observou-se um retorno dos investimentos do país asiático em território nacional no ano de 2021 – sobretudo, nos setores tecnológicos e de energia. Esse é o cenário apontado pelo relatório ‘Investimentos Chineses no Brasil: 2021, Um Ano de Retomada’, do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). 

De acordo com o informe do CEBC, os subsídios chineses cresceram 208% em 2021 – isto é, cerca de US$5,9 bilhões. Contudo, “é importante ressaltar que os aumentos de três dígitos ocorreram devido a uma base de comparação particularmente baixa, uma vez que, em 2020, a entrada de aportes chineses no Brasil foi afetada pela fase inicial da pandemia de Covid-19”.

A nível estadual, “o mercado goiano também vai surfar essa onda”, diz José Ricardo dos Santos, CEO da LIDE China. Diante das perspectivas de estreitamento dos laços de investimentos e comércio bilateral, Goiás desponta como um importante parceiro da China tanto no polo do agronegócio quanto no recebimento e implementação de tecnologias que modernizem o setor produtivo. 

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Relação Sino-Brasileira

“A relação Brasil-China tem se intensificado durante os anos, tanto que a pauta de importação [da China] só tem aumentado a cada ano”, pondera o CEO da LIDE China. Segundo ele, o Brasil iniciou as relações com a China em 1974, tornou-se parceiro estratégico do país em 1992 e, em 2012, parceiro estratégico global da China, ou seja, “poucos países têm a característica dessa relação”.

Santos também sinaliza a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) – criada em 2004 e responsável pelo vínculo entre os dois países – como potencializadora dos laços Brasil-China nos próximos anos. Para ele, a relação desses países sempre foi “pragmática” e pautas de sustentabilidade e energia limpa devem ser prioridades. 

Do ponto de vista dos investimentos chineses no país, “nos últimos 20 anos, houve uma pauta de, aproximadamente, 80 bilhões de dólares investidos pela China, em termos de Investimento Estrangeiro Direto (IED)”, declara José Ricardo. O relatório do CECB explica que o Brasil foi o maior receptor sul-americano de investimentos do país asiático – o que corresponde a 48% dos aportes, entre 2005 e 2021. 

Goiás

Tiago Mendonça, dirigente da Gerência de Inteligência de Mercado da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), comenta que o “agronegócio goiano tem extrema relevância no comércio internacional com a China”. Na pauta de exportação, 95% dos valores comercializados pelo estado com o país asiático são do setor agropecuário. 

Para Aurélio Resende, Gerente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (SEDI), “Goiás é a escolha certa para investimento estrangeiro”, pois destaca-se na “segurança jurídica, incentivos fiscais e localização geográfica”. Ele também reforça que o estado possui uma extensa malha ferroviária e o Porto Seco de Anápolis – o terceiro maior em valores movimentados do Brasil.  

Dados do CECB situam a região Centro-Oeste como a segunda maior captadora de subsídios chineses por número de projetos. A nível estadual, Goiás concentra 7% dos investimentos do país asiático – dois projetos em eletricidade –, atrás somente de São Paulo (59%), Rio de Janeiro (10%) e Minas Gerais (10%).

Balança Comercial

“Quando se fala em Comércio Exterior, no contexto da pandemia, as pessoas ‘pararam’, mas as relações comerciais continuaram, sobretudo na produção e exportação de alimentos”, estabelece o gerente da SEDI. Entre 2020 e 2021, houve aumento de cerca de 70% nas importações goianas – principalmente, de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e recursos médicos. 

Ao longo de 2022, as exportações goianas para a China corresponderam a 46,28%, ao passo que 20,02% das importações de Goiás vieram do país asiático. No acumulado de janeiro a dezembro de 2022, Goiás exportou o equivalente a US$14 bilhões, enquanto que as importações totalizaram US$5,9 bilhões – ou seja, houve superávit de mais de US$8 bilhões.  

O boletim Agro em Dados, produzido pela SEAPA e divulgado neste mês, revela que 55,6% e 65,1% das exportações de carne e do complexo soja, respectivamente, tiveram a China como principal destino em 2022. A carne congelada figurou como o principal produto exportado do gênero carne bovina (87%), enquanto que, no complexo soja, quase 77% das exportações corresponderam à soja em grãos. 

Perspectivas

Resende salienta que “Lula e Xi Jinping, que lideram seus respectivos países pela terceira vez a partir deste ano, terão o desafio de aprofundar as relações bilaterais em um contexto internacional diferente”. Para o gerente de Comércio Exterior, pautas como sustentabilidade e tecnologia devem nortear as futuras negociações internacionais.

Diante disso, o CEO da LIDE China explica que o vínculo sino-brasileiro pode incrementar os setores econômicos com a “transferência de tecnologias” e promover uma agricultura de baixo carbono. Por exemplo, “Goiás tem uma grande necessidade de máquinas e implementos agrícolas”, argumenta Resende. 

Além do setor agropecuário goiano, o gerente da SEDI salienta a importância do Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) e as indústrias de confecção do estado, bem como a Região da 44, para o setor de exportações. “A expectativa é que haja uma diversificação da pauta de exportação e ampliação das parcerias comerciais”, diz.

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