Cesta Básica: Aumento pode exigir melhores escolhas dos consumidores

Goiânia registra um dos maiores aumentos do Brasil no custo dos produtos que compõem a cesta básica, o que pode demandar a maior parte do salário da população.

Postado em: 08-05-2023 às 08h30
Por: Anna Letícia Azevedo
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Goiânia registra um dos maiores aumentos do Brasil no custo dos produtos que compõem a cesta básica, o que pode demandar a maior parte do salário da população. | Foto: O Hoje

Conforme o levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) o valor dos produtos da cesta básica em Goiânia sofreu um aumento significativo. Nesse sentido, chegando a ocupar quase 55% do valor do salário mínimo e somar com outros custos mensais para as famílias que moram na capital. Assim, demonstrando que as pessoas devem está mais atentas ao realizar suas compras, para minimizar os efeitos dos altos custos em suas rendas. 

Dessa forma, o Dieese é uma entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro que desenvolve pesquisa, assessoria e educação voltadas para os dirigentes e assessores das entidades sindicais e os trabalhadores. Assim, conforme os dados apresentados por sua plataforma, o gasto total mensal do goianiense com cesta básica até o mês de Abril de 2023 é de R$ 704,94, sendo este R$ 24.02 mais caro que o mês anterior (Março), que o gasto totalizou R$ 680,92. É importante lembrar que só é considerado os alimentos que compõem a cesta básica. 

Considerando este levantamento, o valor da cesta básica em Abril e do salário mínimo no país no mesmo mês (R$ 1.302,00)  a cesta ocuparia cerca de 54,14% desta renda. Assim sendo, mais da metade, e sem considerar outros gastos que estão implícitos a manutenção mensal de uma casa, como gás, água, energia, entre outros. 

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Esta é a realidade de uma grande parcela da população, como a dona Fátima Silva, mãe de família que tem uma parcela grande do salário retido na compra de alimentos. “É metade do que eu ganho. Todo mês eu gasto 400, 500 reais só com supermercado. Eu fico triste né, porque o dinheiro tá difícil, está tudo muito caro. A gente trabalha e trabalha o mês todo, recebe pouco e gasta quase tudo com comida. E aqui em casa eu faço arroz e feijão todo dia né”, explica ela. 

Custos Agregados

Em relação a compras de alimentos é importante considerar que os produtos da cesta básica não compõem toda a alimentação familiar, há outras necessidades que estão inclusas no dia a dia das pessoas.  “Com certeza. Eu gosto muito de açaí, gosto de comprar o (pote) de litro que sai mais em conta, mas tá cada vez mais caro, às vezes não dá pra comprar. Essas coisas assim mais do dia a dia também, tipo sabonete e papel higiênico tem que ser a marca mais barata, não tem como. Qualquer coisa que a gente puder fazer pra economizar já tá ótimo né”, descreve Fátima Silva. 

Sobre os outros produtos que estão nas prateleiras, explica o economista Luiz Carlos Ongaratto, “Produtos industrializados eles tendem aumentar um pouco de preço por contas de ajustes como o salário mínimo”. Nesse sentido, ele pontua sobre como o mercado tende a se equilibrar com a economia. 

Além disso, neste mês de Maio o preço do Gás sofreu um sensível aumento, ocasionado pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aplicado pelo estado, que deve gerar um acréscimo de até 5 reais ao botijão de gás. Na casa de Fátima, as contas são divididas, mas ela relata sobre como esse aumento significa um impacto para a família. “O gás quem paga é o Matheus (filho dela), ele e o Marcivon (outro filho dela) dividem as contas. Mas é péssimo, porque só eu que compro comida, aí se o gás tá mais caro fica mais difícil dele me ajudar a comprar as comidas”.

Ademais, o economista qual a matemática social sobre o aumento do ICMS. “Toda vez que a gente tem um aumento de carga tributária é ruim pra população e num curto prazo ela não tem opções, ela acaba aumentando o seu gasto independentemente de ter um benefício maior”. 

Motivação dos Aumentos

Sobre o valor alto dos produtos da cesta básica encontrado pelos moradores de Goiânia,  Luiz Carlos Ongaratto, explica como devemos analisar os preços dos produtos. “Bom, quando a gente analisa cesta básica a gente está limitado nos efeitos da inflação numa lista de itens. Não necessariamente são os preços dos itens que são consumidos por todas as famílias. Então acaba que ela é um parâmetro de comparação para o Brasil todo. Então tira né? Algumas questões de regionalidade, hábitos de consumo. Tirando esta parte, a gente vai falar que Goiânia teve um dos maiores reajustes de básica do Brasil neste mês de abril”.  

Além disso, ele analisa o que causa esta variação de preços: “Por questões de sazonalidade, climáticas… Que afetaram aí com chuvas fora de hora afetou a produção de alguns alimentos e por aí vai.  Alguns itens da cesta básica diminuíram de preço ali nos últimos doze meses então é importante a gente olhar não somente mês a mês mas que está havendo de fato uma tendência de queda ou de alta a gente tem visto que o preço de alguns itens já tiveram bem maiores no passado e agora caíram e estão tendo este este ajuste, seja por questões climáticas seja por questões de custos, é importante a gente pontuar isso” 

Em decorrência disso, ele completa explicando o que causa a mudança de preço entre os produtos e de qual forma isso é regulado. “Toda vez que a gente tem aumento de inflação, aumento de custos, aumento de impostos, você vai pressionando cada vez mais a renda do trabalhador. Isso pode ser suavizado pela queda da inflação, quando a inflação ela talvez quer dizer que é um indicador importante que todos os gastos e das famílias eles tendem a ficar mais equalizados. Ou seja, mais organizados. Então baixa uma coisa e sobe outra”. 

Para o melhor aproveitamento das compras Luiz Carlos Ongaratto, dá dicas de como as pessoas podem continuar comprando e mantendo uma alimentação saudável mesmo com os preços altos. “É importante pro consumidor ver produtos e realizar escolhas inteligentes, o que tá na promoção, que que tá na época, principalmente de alimentos e variar ali a sua a sua alimentação, para buscar alimentos mais baratos, e também mais nutritivos. Por exemplo, o preço da banana estava muito elevado, até no mês passado, aí você pode substituir por outros tipos de banana, banana prata, por exemplo, estava alta, a banana rica mais baixa. Enfim, ou substituir por outras frutas também. Que tem aí que estão na época e podem compor melhor o orçamento do do consumidor”.

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