Goiânia registra 588 denúncias de violência contra idoso

Segundo o delegado Moacir Tomaz de Souza Filho, “os agressores, normalmente, são pessoas de dentro da família”

Postado em: 06-06-2023 às 07h58
Por: Larissa Oliveira
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Segundo o delegado Moacir Tomaz de Souza Filho, “os agressores, normalmente, são pessoas de dentro da família” | Foto: iStock

A Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI) de Goiânia informou que de janeiro até dia 06 de junho deste ano, foram registradas 588 denúncias de violência contra idosos. Segundo o delegado Moacir Tomaz de Souza Filho, “os agressores, normalmente, são pessoas de dentro da família, ou seja, filhos, irmãos, o próprio cônjuge e demais familiares”. Vale ressaltar que o junho violeta é o mês de referência ao combate da violência aos idosos. 

“O mês de junho é chamado de Junho Violeta porque a planta violeta significa família. E a maioria dos crimes em desfavor do idoso é praticado no seio familiar”, explica Moacir Filho. No dia 15 deste mês, inclusive, é considerado o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. A data foi reconhecida oficialmente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 2011 e representa uma manifestação de oposição aos abusos e sofrimentos infligidos a pessoas de mais de 60 anos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a violência contra o idoso pode ser definida como “um ato único, repetido ou a falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que exista uma expectativa de confiança que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa”. É uma questão social global que afeta a saúde e os direitos humanos de milhões de idosos em todo o mundo e que merece a atenção da comunidade internacional.

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Agravantes

Em muitas partes do mundo, o abuso de idosos ocorre sem que haja reconhecimento ou resposta, pois, até recentemente, esse grave problema social estava oculto à vista do público e era considerado um assunto privado. Ainda hoje, o abuso de idosos continua sendo um tabu, subestimado e ignorado pelas sociedades mundialmente. No entanto, há evidências que indicam que o abuso de idosos é um importante problema de saúde pública e social.

Segundo o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, a pandemia do Covid-19 causou medo e sofrimento incalculáveis ​​para as pessoas idosas em todo o mundo. “A pandemia colocou as pessoas mais velhas em maior risco de pobreza, discriminação e isolamento. Os idosos têm os mesmos direitos à vida e à saúde que todos os outros. As decisões difíceis em torno dos cuidados médicos que salvam vidas devem respeitar os direitos humanos e a dignidade de todos”, afirmou.

Violências

Conforme o Ministério da Saúde informa, o tipo mais comum de violência ao idoso é a negligência, quando os responsáveis deixam de oferecer cuidados básicos, como higiene, saúde, medicamentos, proteção contra frio ou calor. O abandono vem em seguida e é considerado uma forma extrema de negligência. Acontece quando há ausência ou omissão dos familiares ou responsáveis, governamentais ou institucionais, de prestarem socorro a um idoso que precisa de proteção.

Há, ainda, a violência física, quando é usada a força para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, ferindo, provocando dor, incapacidade ou até a morte. E a sexual, quando a pessoa idosa é incluída em ato ou jogo sexual homo ou heterorrelacional, com objetivo de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças. 

A psicológica ou emocional é a mais sutil das violências, pois prejudicam a autoestima ou o bem-estar do idoso. Esta inclui xingamentos, sustos, constrangimento, destruição de propriedade ou impedimento de que vejam amigos e familiares. 

Por último, há a violência financeira ou material, que é a exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou o uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais. Portanto, idosos com aspecto descuidado, que apresentem marcas no corpo ou que tenham familiares ou cuidadores indiferentes a eles, podem estar sendo vítimas de violência, conforme o MS.

Cuidados

O delegado Moacir Tomaz de Souza Filho informou, em entrevista ao jornal O Hoje, que os idosos precisam ser bem cuidados e assistidos. “Quando a família não consegue proporcionar isso, a orientação é acionar os órgãos municipais (Assistência Social e Saúde), para que haja um acompanhamento domiciliar à vítima, inclusive com possibilidade de encaminhamento a uma Instituição de Longa Permanência para idosos (Abrigos)”, afirmou. 

Segundo a biomédica Carolina de Fátima Costa da Silva, lidar com o paciente idoso é a mesma coisa que lidar com alguém de qualquer outra idade. “Só que a gente tem que ter um cuidado maior porque às vezes eles são muito frágeis. Então, um outro paciente a gente ajuda a levantar da cama. Mas um paciente idoso a gente não pode ajudar ele de uma vez. Tem que ter um cuidado melhor. Tem que ter o lugar certo pra pegar nas costas, porque dependendo do lugar que você pegar ele vai sentir dor”, explicou. 

A biomédica também ressalta que o simples ato de segurar a mão de um idoso precisa de maior atenção. “Dependendo da idade, se você pegar no lugar errado, pode quebrar um osso. Então se você pega na mão dele com muita força você pode até quebrar a mão”, argumenta. Outra atitude que ela aponta como importante é falar mais alto e pausadamente. “Alguns têm algum problema auditivo, mas você também não pode falar gritando, então você tem que falar num tom de voz mais alto só que mais carinhoso porque senão eles se assustam e acham que você está brigando com eles”, orientou.

Denúncias

O delegado Moacir Tomaz de Souza Filho destacou a importância de denunciar casos de violência, de quaisquer tipos, contra pessoas idosas. Basta entrar em contato com a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI) de Goiânia pelo telefone (62) 3201-1501 ou pelo (62) 9 8412-9767. Além disso, também é possível acionar a Polícia Civil pelo 197 ou discar 180 para o canal de atendimento do Governo Federal.

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