Projeto de Educação Financeira chega em escolas públicas de Goiás

A proposta, que já alcançou 312 municípios brasileiros e um total de 1 milhão de alunos beneficiários, inspira práticas ambientais e de geração de renda

Postado em: 17-07-2023 às 07h00
Por: Larissa Oliveira
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A proposta, que já alcançou 312 municípios brasileiros e um total de 1 milhão de alunos beneficiários, inspira práticas ambientais e de geração de renda. | Foto: Reprodução

Trazendo uma proposta inovadora, de despertar o interesse pela educação financeira dentro das escolas brasileiras, através de um método leve, divertido e interativo, o Projeto Vamos Jogar e Aprender, realizado pelo Instituto Brasil Solidário, já faz parte da grade curricular de Catalão (GO) e Pirenópolis (GO), com alcance em todas as escolas da rede pública de ensino municipal.

As ações, que já estão sendo fomentadas dentro das escolas, envolvem desde uma formação gratuita para os educadores até a distribuição de todo o material pedagógico dos Jogos Piquenique e Bons Negócios nas escolas atendidas. O projeto, este ano, alcançou o marco de 1 milhão de alunos beneficiários em todo o Brasil e segue com vagas abertas para adesão de novos municípios.

No município de Catalão, após passarem pela capacitação EaD de Educação Financeira, ofertada pelo projeto, os educadores tiveram a oportunidade de participarem de uma oficina prática presencial, com todo o suporte e orientação da equipe pedagógica do IBS sobre as ações que podem ser trabalhadas junto ao material dos jogos de forma criativa, dinâmica e interdisciplinar dentro do currículo escolar.

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O resultado desse encontro, já pode ser acompanhado nas práticas pedagógicas realizadas em sala de aula, com várias iniciativas inovadoras e interdisciplinares sendo fomentadas com protagonismo dos alunos.

Na Escola Municipal Patotinha, a proposta inspirou uma Feirinha aberta para comunidade unindo educação financeira, sustentabilidade e alimentação saudável. As atividades envolveram desde a confecção de cofrinhos sustentáveis e o aprendizado prático de negociação e de vivência do sistema monetário até ações solidárias por parte dos alunos, que chegaram a dividir com os colegas os produtos comprados na Feirinha.

Os educadores prepararam algumas moedas fictícias que foram distribuídas aos alunos de acordo com o comportamento e dedicação nas tarefas escolares, moeda que lhes deram a oportunidade de fazer compras na Feirinha de culminância do semestre. Segundo Caroline de Cássia, diretora da escola, o aprendizado foi muito além do esperado. “Vimos o aprendizado na prática durante a feirinha de alimentos saudáveis. Alguns foram solidários com os colegas que quase não tinham moedas, e doaram pipoca, gelatina e fruta. Outros disseram preferir as frutas para ter como dividir em família. Teve ainda os que juntaram as moedinhas com os colegas para comprar itens mais caros e compartilharem entre eles”, ressaltou. 

Já na escola rural Armindo Rosa de Mesquita, as aulas de educação financeira têm promovido várias práticas sobre o consumo consciente, o cuidado com o meio ambiente e até geração de renda, aproveitando os itens fresquinhos da horta e das atividades fomentadas no quintal produtivo da escola. 

Depois de promoverem uma feirinha interna com produtos cultivados na horta escolar, com alimentos produzidos em casa, os estudantes encontraram uma outra forma de gerar renda para si e para a escola. Aproveitando o cuidado diário com o minhocário, estão produzindo húmus para adubar as plantas e vendendo o excesso de minhocas para os pescadores locais.

Segundo a professora Lúcia Maria Azevedo, que tem acompanhado as atividades, os alunos têm avançado cada vez mais no desempenho em sala e nas propostas de empreendedorismo, já levando lucros nas vendas realizadas na escola. “Os alunos estão entendendo bem o que é lucro e prejuízo. Temos alunos que mal sabem ler, mas sabem muito bem como comprar e como vender. Querem jogar todos os dias. Na feirinha, cada um trouxe de casa os quitutes que as mães fizeram, e com a venda, levaram o lucro para suas famílias. Estamos agora com o cuidado no minhocário, produzindo húmus para a nossa horta e para comercializar aos pescadores da região”, destacou a educadora. 

As atividades, estão sendo realizadas em Catalão, a partir da parceria do IBS com a John Deere, contando ainda com o apoio de uma aliança pela educação financeira, formada por instituições e empresas que viabilizam a expansão do projeto no Brasil e América Latina.

Sobre o projeto

Em um país no qual se aponta um dado alarmante, com recorde registrado de 79% das famílias brasileiras endividadas, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo, fomentar a educação financeira, o consumo consciente e o planejamento familiar tem sido uma vertente cada vez mais essencial dentro das propostas educacionais.

Diante dessa realidade e os desafios apresentados pelos próprios profissionais da educação, o Projeto “Vamos Jogar e Aprender”, focou numa abordagem de metodologia ativa de aprendizagem, com uso de um material lúdico, didático e alinhado à BNCC, incluindo todo o suporte, acessibilidade em libras e apoio pedagógico através das formações oferecidas de forma gratuita para os educadores da rede pública de ensino.

O treinamento prático sobre o uso dos jogos, inclui o acesso a uma plataforma exclusiva, apresentando todo o material do projeto, que reúne cerca de 320 habilidades alinhadas à Nova Base Nacional Comum Curricular. O conteúdo envolve desde modelos de sequências didáticas e dicas para a elaboração dos planos de aula, até o manual de aplicação dos jogos, apontando as várias possibilidades de agregar a temática de forma transversal e contextualizada com a realidade dos alunos.

Segundo o diretor presidente do Instituto Brasil Solidário,Luis Salvatore, a ação proporciona não somente a melhoria dos índices do ensino público no Brasil, como a transformação das vidas dos alunos participantes e seus familiares, além dos professores e orientadores do projeto. Graças às atividades realizadas por meio do projeto, crianças e adolescentes aprendem conceitos básicos de finanças pessoais, como a necessidade de poupar dinheiro.

“Falar de educação financeira é tratar também sobre a economia sustentável, a importância das energias renováveis, do cuidado com o meio ambiente. Então, estamos falando de um tema transversal que precisa ser reforçado dentro das escolas. Esse conhecimento tem mudado o comportamento dos alunos e as realidades de suas famílias”, afirma o presidente do IBS, Luis Salvatore.

Inovação e acessibilidade

A inovação esteve presente desde os primeiros passos do projeto que, ao longo de sua trajetória iniciada em 2017, sempre buscou se reinventar. O material foi desenvolvido alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), incluindo temas como alimentação saudável, conta de luz, mobilidade urbana, reciclagem, energias renováveis, nas cartinhas do jogo, ou seja, assuntos que fazem parte do cotidiano dos alunos e que estão presentes em sua rotina.

Durante o período da pandemia, o jogo Piquenique ganhou uma adaptação para uma plataforma online, em formato de “game”, disponível na versão em português e espanhol. Em 2022, fortalecendo a inclusão e acessibilidade dos estudantes, começou o projeto-piloto de Libras para o jogo, em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Especial (EMEFE) Caminhos do Aprender, de Bento Gonçalves/RS, além dos conteúdos na plataforma formativa EAD, com uso da ferramenta Handtalks.
Em 2023, o projeto segue para uma nova etapa de expansão, já abrindo para o cadastro de adesão de novos municípios. As cidades interessadas podem entrar em contato por meio do Instagram oficial do projeto @vamosjogareaprender ou pelos canais do Instituto Brasil Solidário @brasilsolidario, onde há o link para o formulário de inscrição. O projeto possui um portal na internet reunindo tudo sobre os jogos, além de vídeos, tutoriais, dicas sobre finanças e planos de aula.

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