Nutricionista que teve câncer duas vezes diz que campanhas e autoexame salvaram a sua vida

O autoexame de mama é uma técnica de observação, apalpamento e identificação de suposta presença de um nódulo na mama e pode ser realizado em frente ao espelho, em pé ou deitada, segundo os especialistas

Postado em: 03-10-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
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A nutricionista Juliana Nunes Ramos, de 39 anos, foi diagnosticada com o câncer de mama pela primeira vez em 2015 | Foto: Arquivo Pessoal

A nutricionista Juliana Nunes Ramos, de 39 anos, foi diagnosticada com o câncer de mama por duas vezes. O primeiro ocorreu em 2015, quando Juliana foi diagnosticada com dois tipos de câncer de mama: o primeiro foi luminal e o segundo triplo negativo. A nutricionista, que desde criança acompanha as campanhas de conscientização sobre a doença, afirma que elas foram fundamentais para que ela descobrisse o nódulo. “Lembro daquela campanha ‘câncer de mama no alvo da moda’”, relembra ela uma das ações de conscientização simbólica que tem mais de 26 anos de história.

Juliana enfatiza ainda que o autoexame – quando a mulher costuma apalpar os seios – salvou a sua vida. A história se torna ainda mais interessante, quando a mulher relata que descobriu o nódulo quando ainda tinha 31 anos, e a idade recomendada para começar fazer os exames de mamografia é a partir dos 40 anos. “Se fosse para eu fazer um exame para detectar, talvez demoraria muito. Inclusive, eu consultei um profissional ginecologista e mesmo assim não detectou”, relata.

Apesar do diagnóstico negativo, a nutricionista continuou realizando o autoexame, até perceber que o nódulo continuava crescendo. Ela retornou ao médico e após realizar alguns exames, o câncer foi identificado.

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Na segunda vez, Juliana estava fazendo os exames de rotina, que costuma fazer a cada seis meses, quando recebeu o diagnóstico de que mais uma vez estava com câncer de mama.

Rubens Pereira, oncologista do Cebrom Oncoclínicas, diz que as campanhas são eficazes tanto para influenciar o diagnóstico precoce, quanto para incentivar a promoção de políticas públicas de investimento. Apesar da queda no número de prevenção do câncer no período da pandemia e consequentemente o avanço dos quadros, segundo o especialista, atualmente os índices têm diminuído gradativamente.

O câncer de mama é um conjunto de mais de 100 tipos de doenças que têm em comum a multiplicação desordenada das células de determinado tecido e a disseminação dessas células, segundo o oncologista. “É uma proliferação desordenada das células que produzem leite, ou seja, das células dos ductos mamários e que depois dessa multiplicação celular tendem a se disseminar pelo corpo”, explica.

O diagnóstico é realizado por meio do autoexame, onde é possível detectar um nódulo no seio. Desse modo, na grande maioria, o nódulo é o principal sintoma. No entanto, segundo Rubens Pereira,  existem outros sintomas que podem aparecer, como uma retração da pele, ulceração da pele, nódulos na axila e secreção hemorrágica pelo mamilo.

Existem diversas formas de tratamentos da doença, dependendo do tipo de tumor, uma vez que existem vários tipos de câncer, alguns mais agressivos, outros menos agressivos, segundo o especialista. Após identificar o tipo da doença, por meio da análise da biópsia e da imunoistoquímica, e identificar o seu agravamento, o especialista direciona os tratamentos necessários.

“Nos cânceres iniciais, a gente opta por começar com cirurgia, nos tumores mais avançados e aqueles metastáticos, entramos com tratamento sistêmico, como a quimioterapia. Existe também a radioterapia, a imunoterapia, que são outros tipos de tratamento que a gente associa”, explica.

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres tanto no Brasil , quanto no mundo. A estimativa de incidência da doença no país, do Instituto Nacional De Câncer (Inca) para o triênio 2023-2025 é de até 73 mil novos casos, respectivamente. Ao todo, são esperados 704 mil casos novos de câncer para o triênio até 2025. Em relação à população mundial, na última década, houve um aumento de 20% na incidência de câncer e espera-se que, para 2030, ocorram mais de 25 milhões de casos novos.

A neoplasia maligna é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, representando 16,1% do total de óbitos por câncer, aponta o Inca. Segundo o Instituto, esse padrão é semelhante para as regiões brasileiras, com exceção da região Norte, onde os óbitos por câncer de mama ocupam o segundo lugar, com 13,7%.  Em 2022, os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama foram os do Sudeste (16,7 %) e Centro-Oeste (15,9%), seguidos pelo Nordeste (15,9%) e Sul (15,3%).

Entre as mulheres de idade mais avançada, as taxas de mortalidade por câncer de mama são mais elevadas, porém a mortalidade proporcional é maior no grupo de 50 a 69 anos, que responde por cerca de 45% do total de óbitos em decorrência da doença. Os dados revelam ainda que ao longo de 2022 houve um aumento na proporção de óbitos acima de 80 anos e diminuição na faixa etária de 40-49 anos. 

Além disso, dados do Inca mostram que  a taxa de mortalidade por esta doença, ajustada por idade pela população mundial, foi 11,71 óbitos/100.000 mulheres, em 2021, sendo que as maiores taxas estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,43 e 12,69 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente. A região Nordeste, Centro-Oeste e Norte aparecem logo em seguida.

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