Incêndios no Pantanal atingem Transpantaneira, a principal via de acesso ao bioma em MT

Em 2023, o fogo já destruiu 10 bilhões de metros quadrados e a fauna e flora estão sob risco

Postado em: 16-11-2023 às 17h21
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Incêndios no Pantanal atingem Transpantaneira, a principal via de acesso ao bioma em MT
Fogo no Pantanal de Mato Grosso do Sul. — Foto: CPA-CBMMS / Mairinco de Pauda

Os incêndios no Pantanal chegaram à rodovia Transpantaneira, a principal via de acesso ao bioma em Mato Grosso. O fato gera preocupação para quem tem fazendas e também quem vive do turismo na região. Para tentar impedir o avanço do fogo, agentes estão fazendo aceiros, que são faixas de limpeza da vegetação. Ao todo, 256 pessoas trabalham no combate ao incêndio, mesmo durante a noite, porque a temperatura de mais de 40°C e os ventos fortes fazem as chamas avançar.

Atualmente, o Pantanal já é um dos menores biomas brasileiros. A Unesco considera o Pantanal como Patrimônio Natural e Reserva da Biosfera Mundial. Com os incêndios, a paisagem pantaneira está sob risco de ter sua fauna e flora devastadas. Além disso, como a economia gira em torno, principalmente, do turismo e da atividade pesqueira, muitos moradores podem enfrentar dificuldades financeiras.

Pantanal em chamas

Neste mês de novembro, o Pantanal está registrando recorde de focos de incêncio. Em 2023, o fogo já destruiu um milhão de hectares desse bioma, o triplo do que 2022 inteiro registrou. De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, da UFRJ, de janeiro até agora, o as chamas já consumiram 7% do Pantanal. Apenas nos últimos 15 dias, ocorreram 3 mil focos de incêndio, 30% a mais do que o recorde anterior para o mês inteiro.

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Aliás, os incêndios estão atingindo áreas de preservação ambiental, ameaçando toda a fauna e flora do Pantanal brasileiro. Atualmente, o fogo continua se espalhando e um cortina de fumaça cobre grandes extensões. Do alto, é possível ter uma ideia do tamanho do impacto neste bioma. “Tem um crânio de jacaré aqui, já encontramos vários outros bichos mortos, cobras, lagartos, capivaras, cotias”, conta o biólogo Gustavo Figueiroa, da ONG SOS Pantanal.

O ninho de tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, corre risco de desaparecer em meio ao fogo, assim como já aconteceu com outros animais. Além disso, o combate ao incêndio na Reserva Dorochê, que é uma das áreas protegidas do Pantanal, enfrenta dificuldades. Isso porque não existem estradas de acesso ao local que está sendo queimado. Voluntários, bombeiros e brigadistas abrem aceiros na mata para evitar que o fogo se espalhe ainda mais. Os acessos também ajudam a proteger a fauna.

Combate aos incêndios

De acordo como Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, os incêndios atingem principalmente as regiões do Parque Nacional do Pantanal, a Reserva Dorochê e o Parque Estadual Encontro das Águas. Aliás, este último é conhecido por ter a maior concentração de onças pintadas do mundo. “A gente percebe que logo depois que o aceiro é feito, animais também silvestres começam a usar como corredor e fugindo das queimadas”, diz Ilvanio Martins, presidente da Fundação Ecotrópica.

Desde o começo de 2023, um milhão de hectares do Pantanal brasileiro foram destruídos pelo fogo. Ou seja, 10 bilhões de metros quadrados desse bioma se foram. “A explicação para um número grande de quantidade de focos nesses meses é devido à condição ambiental. Então, nós temos falta de chuva e altas temperaturas”, explica Fabiano Morelli, chefe do Programa Queimadas, do INPE. Os incêndios preocupam toda a população do Brasil, que sofre direta ou indiretamente com os problemas ambientais.

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