Suspeito inocentado no caso Amélia pode ser solto ainda nesta quarta

"Buscar justiça pelas próprias mãos cria problemas ainda mais graves", disse sobre incêndio na casa do cliente

Postado em: 06-12-2023 às 17h41
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Suspeito inocentado no caso Amélia pode ser solto ainda nesta quarta
Advogado Paulo Castro - Foto: Reprodução/Instagram

O advogado Paulo Castro informou na tarde desta quarta-feira (6) que o suspeito descartado pela Polícia Civil no caso Amélia pode ser solto ainda nesta quarta. Em entrevista exclusiva ao jornal O Hoje, o advogado disse que atualmente o homem ainda está sob custódia, ou seja, ainda está preso. Porém, a defesa afirmou que foi expedido o alvará de soltura às 14h30 desta quarta-feira. Além disso, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) já recebeu o ofício com a ordem liberatória.

“Estamos aguardando o cumprimento do alvará de soltura, então logo, logo, se Deus quiser, ele estará na rua”, disse o advogado. Ele foi o primeiro suspeito do caso Amélia Vitória, de 14 anos, que desapareceu na última quinta-feira (30) e teve o corpo encontrado no sábado (2), em Aparecida de Goiânia. O homem chegou a ser preso pela Polícia Civil (PC), que apreendeu seu carro e seu celular. Contudo, a PC descartou o primeiro suspeito.

Portanto, o homem não é o verdadeiro assassino de Amélia. No entanto, populares invadiram e atearam fogo na casa do suspeito na manhã de domingo (3), pressupondo que foi ele que cometeu o crime contra Amélia. De acordo com a Polícia Militar (PM), não havia ninguém na residência no momento do incêndio. Segundo o advogado, o suspeito não é o proprietário da residência, que ficou destruída. A casa é alugada e moram nela o homem, sua esposa e seus filhos.

Continua após a publicidade

Suspeitos

Conforme o advogado Paulo Castro disse ao O Hoje, a família perdeu tudo. “A esposa e filhos estão morando de favor em casa de amigos e parentes. Perderam todos os pertences pessoais, itens básicos para sua manutenção, eletrodomésticos, roupas. Em resumo, o incêndio, para além da casa e os bens, arruinou a vida de uma família, a vida de inocentes”, afirmou. Na segunda-feira (4), inclusive, a polícia revelou a identidade de outro suspeito de 38 anos, Janildo da Silva Magalhães.

De acordo com os policiais, Janildo possui passagem por estupro na cidade de Rio Verde no ano de 2017. Além disso, a Polícia Técnico-Científica revelou também que encontraram material genético no corpo de Amélia que tem correspondência de 99% com o novo suspeito. A prisão do verdadeiro suspeito do crime ocorreu na noite desta segunda-feira (4) após imagens do videomonitoramento flagrarem o indivíduo levando a jovem coberta com lençol por 6 quilômetros horas depois do desaparecimento.

Além da correspondência de DNA no corpo de Amélia, o assassino também confesssou o crime. De acordo com o delegado Eduardo Rodovalho, o sujeito raptou a menina com vida e a levou em um local abandonado onde estuprou Amélia. Momentos depois, a assassinou e descartou o corpo da jovem. “Os mais sinceros sentimentos à família vítima desse crime bárbaro. Não há razões no mundo que justifiquem uma tragédia como essa”, disse o advogado do primeiro suspeito.

Justiçamento

O advogado Paulo Castro também informou que, mesmo o homem não sendo mais o principal suspeito, ele ainda segue preso nesta quarta-feira (6). “A defesa já apresentou pedido de revogação da prisão preventiva e impetrou habeas corpus, por entender que se a autoria já foi atribuída a pessoa diversa, e sendo caso de indiciamento de outro autor, não há razões para a manutenção da prisão”, afirmou. Além disso, disse ainda que o cliente está machucado.

“A família indicou que ele está bastante machucado, pois no momento da prisão sofreu muitas agressões. O contato com o senhor não foi possível até o momento. A defesa sequer pode ter acesso a ele”, acrescentou o advogado. Segundo ele, a violência é resultado da exposição que sofreu. “A sociedade necessita compreender e respeitar o sistema investigativo e judiciário. Os princípios fundamentais do direito estabelecem a presunção da inocência antes de uma condenação definitiva”, disse.

Além disso, o advogado salientou que o sistema é operado por seres humanos, suscetíveis a equívocos. “Assumir a culpa de alguém em um crime grave sem uma compreensão aprofundada do caso e seus detalhes pode resultar em erro. No cenário que se desenrola diante de nós, observamos uma sociedade chocada com um crime horrendo, reação compreensível. No entanto, buscar justiça pelas próprias mãos cria problemas ainda mais graves”, argumentou.

“Atualmente, testemunhamos um homem com a vida destroçada, corpo marcado por agressões, uma família sem lar e condições básicas para subsistir devido ao incêndio criminoso em sua casa. Aqueles que buscam fazer justiça por conta própria estão, de fato, cometendo delitos tão graves quanto os acusados, mesmo que justifiquem suas ações por motivações morais”, concluiu o advogado.

Veja Também